Dieta funcional: em que consiste e quais são os seus benefícios

Certos alimentos podem ser enriquecidos com nutrientes para que sejam alcançados efeitos benéficos em alguns aspectos da saúde.
Dieta funcional: em que consiste e quais são os seus benefícios
Saúl Sánchez

Escrito e verificado por el nutricionista Saúl Sánchez.

Última atualização: 21 maio, 2021

A dieta funcional é aquela que, conforme o próprio nome sugere, tem como base o consumo de alimentos funcionais. Estes são produtos comestíveis que apresentam propriedades benéficas para o organismo devido ao seu teor de nutrientes ou por causa da adição de determinados compostos.

Cabe destacar que muitos dos alimentos que consideramos funcionais existem graças à tecnologia industrial. Por meio de técnicas implementadas em laboratório, é possível aumentar a densidade nutricional de alguns produtos ao adicionar, por exemplo, ácidos graxos insaturados.

O que são os alimentos funcionais?

Uma dieta funcional inclui laticínios.
Os laticínios são uma parte importante desta dieta.

Conforme comentamos, os alimentos funcionais são aqueles capazes de exercer um benefício específico à saúde humana por causa da presença de nutrientes com propriedades no seu interior ou pela inclusão de alguma substância através de técnicas industriais.

Um exemplo seriam os laticínios enriquecidos com ácidos graxos ômega 3. Esses elementos demonstraram ser capazes de reduzir o risco cardiovascular e a inflamação e, por esta razão, recomenda-se a sua inclusão na dieta regular. Embora possam ser ingeridos por meio de peixes azuis ou oleaginosas, eles também podem ser encontrados em vários alimentos funcionais.

Por outro lado, neste tipo de dieta, é comum encontrar certos produtos que passaram por um processo de fermentação prévia. Graças a esse mecanismo, há a proliferação de certas bactérias benéficas para o corpo, conhecidas como probióticos.

De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Microbiology and Biotechnology, esses microrganismos são capazes de melhorar a função digestiva por meio da promoção da saúde intestinal.

Como planejar uma dieta funcional?

Ao planejar uma dieta funcional, é preciso garantir a variedade. Não só podem ser incluídos alimentos como os mencionados acima, como também é necessário introduzir outros produtos de diferentes grupos. É necessário garantir a ingestão de vegetais, peixes, carnes…

Além disso, também podem ser incluídos suplementos dietéticos para completar o aporte de nutrientes com certa regularidade, embora estes devam ser recomendados por um especialista. Também deve ser o especialista em nutrição o responsável por escolher os alimentos funcionais que farão parte da dieta de forma regular.

Dependendo das necessidades e objetivos do paciente, alguns podem ser mais benéficos que outros. Inclusive, também é preciso levar em consideração a existência de patologias prévias ou o uso de medicamentos, já que ambos os detalhes podem condicionar o padrão alimentar.

Benefícios da dieta funcional

A seguir, vamos falar sobre os benefícios da dieta funcional, juntamente com a posição da ciência sobre o assunto.

Ajuda a modular os níveis de inflamação

Muitos dos nutrientes introduzidos nos alimentos funcionais têm como objetivo ajudar a manter o equilíbrio no ambiente interno. Destacam-se, sobretudo, os ácidos graxos insaturados, já que eles são capazes de reduzir os marcadores associados à inflamação, conforme afirma uma pesquisa publicada na revista Biochemical Society Transactions .

No entanto, para garantir que esses nutrientes façam o seu trabalho, eles devem ser introduzidos no contexto de um regime alimentar balanceado. Nesse sentido, também é preciso restringir o consumo de substâncias capazes de exercer o efeito contrário.

Um exemplo seriam os açúcares adicionados ou os lipídios do tipo trans, já que ambos têm o poder de estimular os mecanismos inflamatórios.

Quanto aos lipídios, cabe notar que o seu impacto no organismo é determinado pela disposição das suas moléculas no espaço. Na natureza, a maioria dos ácidos graxos é do tipo cis. Porém, quando submetidos a processos térmicos agressivos, eles passam a ser do tipo trans, os quais são prejudiciais.

Maior biodiversidade na microbiota

A presença de produtos fermentados na dieta funcional garante um aporte quase constante de bactérias probióticas ao intestino. Estas chegam ao tubo digestivo com a capacidade de colonizar os tecidos, exercendo assim um efeito benéfico no hospedeiro. De fato, a ingestão regular desses microrganismos está associada a um menor risco de desenvolver problemas digestivos.

Porém, os probióticos não são importantes apenas para a saúde digestiva, já que também demonstraram que podem agir aumentando a eficiência do sistema imunológico. Assim foi evidenciado por um estudo publicado na revista Probiotics and Antimicrobial Proteins.

Os microrganismos cobrem as paredes do tubo digestivo, reduzindo a sua permeabilidade. Assim, torna-se menos provável que os patógenos atinjam a corrente sanguínea e se espalhem por todo o corpo.

Além de incluir produtos fermentados na dieta, também é fundamental incluir uma boa dose de fibras. Nesse grupo, destacam-se os alimentos que possuem prebióticos na sua composição, elementos capazes de servir de substrato para as bactérias intestinais, estimulando assim a sua reprodução.

De acordo com uma pesquisa publicada no The Journal of Nutritional Biochemistry, a aveia é um produto que contém substâncias desse tipo, chamadas de beta glucanos.

Menor risco de doenças

Muitas das patologias complexas que se desenvolvem atualmente estão relacionadas a algum grau de deficiência de vitamina D. Embora esta não possa ser estabelecida como a causa exata do problema, está claro que ela piora o manejo e prognóstico destas patologias. Por isso, aposta-se em um aumento no consumo deste nutriente para evitar tais situações.

Cabe destacar que a vitamina D é um elemento que o corpo pode produzir por conta própria através da exposição à luz solar. Em muitos países, dependendo das condições climáticas, não há acesso contínuo a esse recurso durante todos os meses do ano. A partir de então, o risco de deficiências aumenta.

É por isso que o consumo desse nutriente através da dieta se torna fundamental, embora ele só possa ser encontrado em poucos alimentos (e em pequenas quantidades). No entanto, a dieta funcional propõe uma solução para esse problema por meio da inclusão de alimentos enriquecidos com vitamina D na dieta.

Um exemplo seriam os laticínios, que também incluem uma dose significativa de cálcio na sua composição. O consumo simultâneo de ambos os nutrientes é capaz de proteger a saúde óssea, ao mesmo tempo em que se reduz a incidência de outras patologias complexas. Assim foi demonstrado por um estudo publicado na revista European Cells & Materials.

Aporte eficiente de antioxidantes

Uma dieta funcional é alcançada com alimentos vegetais.
Os vegetais servem para complementar muitos pratos e geralmente são muito nutritivos.

Os antioxidantes são uma série de compostos capazes de neutralizar a formação de radicais livres por meio da transferência de um elétron para as espécies reativas de oxigênio. Isso reduz o risco de doenças, já que o acúmulo desses elementos nos tecidos aumenta a inflamação sistêmica e o risco de mutação na replicação do DNA.

Muitos dos alimentos incluídos na dieta funcional possuem uma grande quantidade de antioxidantes na sua composição, o que é muito benéfico. Geralmente, eles estão presentes em produtos de origem vegetal, mas também podem ser introduzidos artificialmente por meio de certos alimentos industrializados.

Cabe considerar que, em muitos casos, eles atuam como pigmentos e, por essa razão, eles são capazes de melhorar as características organolépticas do próprio alimento em si.

O consumo regular de alimentos funcionais enriquecidos com antioxidantes pode, portanto, diminuir a incidência de muitas doenças complexas. Neste grupo, encontramos as doenças metabólicas e cardiovasculares.

Inclusão de suplementos na dieta funcional

A dieta funcional também valoriza a inclusão de suplementos a fim de melhorar o bem-estar. Nesse sentido, destaca-se o uso da melatonina, já que este é um hormônio capaz de impactar na arquitetura do sono de forma positiva, facilitando o descanso.

Ainda podemos destacar outras substâncias que têm efeitos semelhantes, tais como magnésio, triptofano, 5-HTP… Também podem ser incluídos outros compostos que melhoram a atividade antioxidante do corpo, ou que até mesmo ajudam a manter uma boa aparência da pele.

De qualquer forma, a inclusão de suplementos na dieta deve ser supervisionada por um profissional. Há muitos compostos que são comercializados, mas poucos mostraram efeitos benéficos em estudos rigorosos.

A maioria dos produtos anunciados são inócuos, mas alguns podem ter interações com medicamentos, gerando situações que colocam a saúde em risco.

Complementar a dieta funcional com exercícios

Além de cuidar da alimentação, quando se tem como objetivo melhorar a saúde, também é necessário melhorar o estilo de vida. Nesse sentido, é aconselhável realizar exercícios físicos com frequência. Mais especificamente, é o trabalho de força que mais tem mostrado benefícios para o organismo.

Essa prática é capaz de complementar os efeitos da dieta funcional por meio da promoção de um estado de homeostase no meio interno. Manter-se ativo reduz o risco de que surja a inflamação, que gera processos que podem alterar a fisiologia do corpo humano.

A dieta funcional, um suporte para uma boa saúde

Conforme você pode ver, a dieta funcional tem como principal objetivo melhorar a saúde. Para isso, é incluída uma grande variedade de produtos na dieta, bem como alimentos funcionais enriquecidos ou com propriedades especiais e benéficas.

No entanto, também é importante garantir o equilíbrio energético nesse tipo de alimentação. Caso contrário, pode ser gerado um desequilíbrio no balanço calórico que levaria a um ganho de peso gordo. Quando se trata de manter um estado de saúde adequado, é necessário garantir um bom estado de composição corporal.

Lembre-se também de que é necessário combinar a alimentação com bons hábitos de vida para evitar ineficiências no funcionamento dos sistemas. Além de fazer exercícios, o ideal é dormir durante pelo menos 7 horas diariamente, melhorando assim os processos de descanso e recuperação.



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