Autismo: características, diagnóstico e tratamento

O autismo é um transtorno neurocognitivo caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação e comportamento.
Autismo: características, diagnóstico e tratamento
Bernardo Peña

Escrito e verificado por el psicólogo Bernardo Peña.

Última atualização: 26 julho, 2021

O autismo é um dos transtornos do espectro do autismo (TEA). Esses transtornos são uma categoria de alterações neurobiológicas que afetam o desenvolvimento da pessoa, produzindo alterações cognitivas, comportamentais e comunicacionais, ou seja, modificando o modo delas de ser e de se relacionar com o meio social.

As características comuns dessas patologias são alterações nas seguintes áreas:

  • Comunicação.
  • Interação social.
  • Comportamentos autoestimulantes.

Por último cabe destacar que, quando falamos sobre autismo, não há dois casos iguais, já que cada pessoa estará em uma determinada posição no espectro. Veremos as principais diferenças mais adiante.

Características das pessoas com autismo

Como já dissemos, cada autista terá características diferentes em termos de habilidades e grau de impacto do transtorno. As dificuldades encontradas por pessoas com autismo podem ser divididas em:

  • Interação.
  • Comunicação.
  • Comportamento.

Da mesma forma, elas podem ter uma série de habilidades extraordinárias. Vamos examiná-las com mais detalhe.

Autismo: dificuldades em interagir com outras pessoas

No autismo encontramos uma série de problemas de interação com outras pessoas. Dentre todos eles, destacam-se os seguintes:

  • Falta de interesse em compartilhar.
  • Atenção diminuída.
  • Falta de compreensão das sutilezas da linguagem (ironia, duplo sentido ou piadas).
  • Dificuldade em entender as normas sociais.
  • Incapacidade de identificar as próprias emoções ou as dos outros.
  • Falta de capacidade de se antecipar às situações.
  • Diminuição de comportamentos motivados e proativos.
  • Dificuldade de organizar e compreender as informações em um contexto.
Criança hiperativa com TDAH.

Autismo: dificuldades na comunicação

Nestes casos, encontramos várias alterações notáveis na comunicação, por exemplo as seguintes:

  • Dificuldade em entender os outros.
  • Dificuldade em se expressar adequadamente.
  • Falta de intenção comunicativa.
  • Repetição de frases ou palavras sem sentido (ecolalia).
  • Dificuldade de uso funcional da linguagem.

Autismo: dificuldades comportamentais

Em relação ao comportamento dessas pessoas, observaremos o seguinte:

  • Elas têm interesses muito restritos.
  • Comportamentos repetitivos e autoestimulantes.
  • Presença de rituais comportamentais.
  • É possível observar certos comportamentos obsessivos.
  • Há uma tendência destacada para a rotina.
  • Elas resistem às mudanças.
  • Elas apresentam uma má resposta a estímulos externos ou, ao contrário, hiper-reatividade a estímulos internos, conforme o caso.

Também pode te interessar: Transtornos psicológicos

Habilidades das pessoas com autismo

Muito se fala sobre as limitações desse tipo de pessoas, mas e quanto às suas habilidades? Entre elas estão:

  • Observar e analisar pequenos detalhes.
  • Motivação com interesses muito específicos.
  • Competência para memorizar muitos dados e informações diversas.
  • Elas se destacam por suas boas intenções.
  • Sinceridade.
  • Lealdade.
  • Elas não julgam os outros.
Sujeira, transtorno obsessivo-compulsivo, TOC.

Mitos do autismo

Às vezes, existem crenças infundadas sobre pessoas com TEA. Elas não são verdadeiras, portanto, vale a pena remover alguns mitos sobre o autismo e entender que:

  • Pessoas com autismo gostam de estar com outras pessoas.
  • Elas são capazes de expressar seus sentimentos.
  • Elas têm necessidade de estabelecer relações de afeto.
  • Elas não vivem “em seu mundo”, seus problemas se limitam à interação e comunicação com os outros.
  • Elas podem se comunicar e interagir com outras pessoas.
  • Nem todas as pessoas com TEA são gênios incompreendidos ou sábios.
  • Elas não são pessoas violentas.
  • A origem do autismo não tem nada a ver com falta de afeto, nem é culpa dos pais.
  • A origem deste distúrbio não está nas vacinas.
  • Esse distúrbio não tem cura, mas pode melhorar com intervenção psicológica.
  • Não se limita à infância, pode ocorrer na idade adulta.

Diagnóstico precoce e primeiros sinais

O autismo não é um distúrbio que se desenvolve ao longo da vida do indivíduo. Pelo contrário, se nasce com ele. De fato, as manifestações começam a ser perceptíveis a partir do primeiro ano de vida.

Portanto, o diagnóstico precoce é essencial para iniciar a terapia psicológica o quanto antes. Graças a este tipo de terapias cognitivo-comportamentais, o paciente poderá melhorar, entre outras coisas:

  • Linguagem.
  • Relações sociais.
  • Flexibilidade cognitiva.
  • Comunicação.
  • Empatia.
  • Imaginação.
  • Habilidades.
  • Expressão emocional.

A seguir, compartilhamos os primeiros sinais que podem nos fazer suspeitar que estamos na presença de um TEA:

  • Com um ano, dificuldades em responder às expressões faciais ou sentimentos de outras pessoas. Em muitos casos, há ausência de resposta social e pouco contato visual.
  • Alterações na linguagem: mutismo, atraso na aquisição da linguagem. A criança não pronuncia palavras aos 12 meses e nem sentenças aos 24 meses.
  • Aos 12 meses, elas não respondem ao seu nome, mas sim a outros estímulos sonoros (surdez paradoxal).
  • Apresentam comportamentos estranhos e repetitivos e não apontam para objetos.
  • Aos 18 meses, elas podem perder as habilidades que desenvolveram até 1 ano de idade.
  • Aos dois anos, apresentam comportamentos obsessivos e se irritam com mudanças. Inflexibilidade mental.

É preciso dizer que esses sinais não supõem um diagnóstico profissional do transtorno, embora possam fornecer indícios que dão os primeiros sinais de alerta.

TOC.

Tratamento do autismo

O tratamento do autismo costuma ser longo e complexo, mas é importante ressaltar que existem opções cada vez melhores. Além do cuidado médico que pode ser feito em alguns casos, o tratamento de referência é cognitivo-comportamental e psicoeducacional.

Intervenção psicoeducacional

É realizada no contexto natural do paciente. A escola será, portanto, o local que oferece mais oportunidades de desenvolvimento, aprendizagem e socialização com o grupo. Ela consiste em preparar o paciente para o desenvolvimento nesse ambiente.

Para isso, técnicas específicas são desenvolvidas para facilitar a resposta do paciente. Obviamente, isso exigirá a colaboração de professores, orientadores e, às vezes, dos próprios colegas.

Intervenção cognitivo-comportamental

Funciona implementando:

  • O desenvolvimento e implementação da teoria da mente.
  • A expressão e reconhecimento das emoções.
  • Padrões de interação social.
  • Empatia.
  • Autonomia do paciente.
  • Flexibilidade mental e abertura para mudanças.
  • Comunicação e incentivo das habilidades comunicativas.

Comentários finais

Os transtornos do espectro do autismo são transtornos no neurodesenvolvimento que envolvem um declínio significativo nas áreas de interação social, comunicação e comportamento do indivíduo, principalmente.

A detecção precoce de sinais indicativos do transtorno é essencial. O melhor é, sem dúvida, um diagnóstico profissional feito por um psicólogo. Dessa forma, a terapia pode ser iniciada o mais rápido possível, tentando minimizar os danos e garantir que a criança tenha uma vida o mais autônoma possível.

Por outro lado é importante destacar que, embora o transtorno não tenha cura, graças às terapias atuais o paciente consegue melhorar a sua qualidade de vida e adaptação social com um sucesso considerável. Obviamente, existem graus que marcam a gravidade do transtorno, por isso ele é definido como um espectro.



  • Domínguez, L. G. (2017). Palomo, R.(2017). Autismo. Teorías explicativas actuales. Madrid: Alianza Editorial. ISBN: 978-84-9104-581-6, 397 pp. Siglo Cero. Revista Española sobre Discapacidad Intelectual48(1), 95-96.
  • Seldas, R. P. (2017). Autismo. Alianza Editorial.
  • Villanueva-Bonilla, C., Bonilla-Santos, J., Ríos-Gallardo, Á. M., & Solovieva, Y. (2018). Desarrollando habilidades emocionales, neurocognitivas y sociales en niños con autismo. Evaluación e intervención en juego de roles sociales. Revista Mexicana de Neurociencia19(3), 43-59.

Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.