Deficiência de iodo: tudo o que você precisa saber

A deficiência de iodo está relacionada a problemas na glândula tireoide. Vamos conhecer os valores recomendados a serem ingeridos e qual a opção de tratamento indicado.
Deficiência de iodo: tudo o que você precisa saber

Última atualização: 07 julho, 2021

A deficiência de iodo é uma das causas mais comuns de distúrbios na tireoide. A prevalência desse problema no mundo é muito alta, em parte devido à distribuição desigual desse elemento no planeta. Em geral, ela não causa sintomas óbvios, pelo menos não até que hajam complicações no organismo.

Quando os níveis de iodo no corpo são mais baixos do que as necessidades diárias, as pessoas podem desenvolver distúrbios de deficiência de iodo. Um grupo de doenças é conhecido com esse nome, e elas podem condicionar a qualidade de vida das pessoas, principalmente na infância e na gravidez. Vamos ver tudo o que se sabe sobre essa deficiência de iodo e qual o tratamento recomendado.

O que é iodo?

A deficiência de iodo causa problemas na tireoide.
Uma dieta balanceada geralmente cobre todas as necessidades de iodo, pelo menos em condições normais.

O iodo é um elemento químico natural, assim como o oxigênio ou o ferro. Em geral, é mais encontrado no solo e no mar, embora sua distribuição não seja igual em todo o planeta. O corpo humano não o produz, mas precisa dele para realizar algumas das suas funções.

As quantidades de iodo que você recebe diariamente dependem, entre outras coisas, das condições geográficas de onde você mora. A princípio, seu corpo absorve esse elemento a partir da água, vegetais, frutas e carnes que você come. Esse é um componente essencial dos hormônios triiodotironina e tiroxina, secretados pela glândula tireóide.

Se a sua dieta não fornece a quantidade de iodo que a glândula necessita para a produção desses dois hormônios, é gerado um desequilíbrio que resulta em vários distúrbios. Apesar disso e da sua prevalência no mundo (como veremos adiante), poucas pessoas têm consciência da importância dessa substância para o bom funcionamento do organismo.

Quais são as necessidades diárias de iodo?

De acordo com a American Thyroid Association , 30% da população mundial tem deficiência de iodo. De acordo com os pesquisadores, em uma pessoa saudável as quantidades estão entre 15 e 20 miligramas. Destes, aproximadamente 80% estão localizados na tireoide.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu os seguintes valores diários para esses três grupos populacionais:

  • Crianças em idade escolar: os níveis no corpo devem variar de 100 a 199 μg/l. Níveis abaixo de 99 μg/l estão associados a várias complicações de saúde.
  • Gestantes: os valores adequados devem estar entre 15o e 249 μg/L. Valores menores que 150 μg/L podem comprometer o desenvolvimento do feto.
  • Mulheres em lactação e crianças menores de 2 anos: sugere-se uma média de 100 μg/L.

A recomendação para adultos é de 150 μg/L, com pequenas oscilações conforme apropriado. É importante observar que o consumo excessivo desse composto também pode causar as mesmas complicações que sua deficiência. Geralmente, concentrações acima de 300 μg/L não são consideradas boas para a saúde.

Sintomas da deficiência de iodo

Em condições normais, não há como detectar que os níveis de iodo estão baixos no organismo. Isso porque não são produzidos sintomas visíveis, o que impede as pessoas de perceberem a deficiência.

A Australian Thyroid Foundation (ATF) aponta que o sinal mais comum é uma glândula tireoide aumentada, também conhecida como bócio.

Normalmente esse aumento pode ser visto em um espelho ou sentindo a parte inferior do meio do pescoço. Dependendo do tamanho pode causar tosse, falta de ar ou até dificuldade para engolir alimentos. Também podem aparecer sintomas que alertam para o mau funcionamento da glândula, que são os seguintes:

  • Aumento de peso.
  • Fraqueza muscular.
  • Fadiga.
  • Depressão.
  • Queda de cabelo.
  • Batimento cardíaco lento.
  • Prisão de ventre.
  • Pele seca.
  • Dificuladade de concentração.

Infelizmente, todos os itens acima se desenvolvem quando a deficiência de iodo atinge níveis críticos. Na gravidez, por exemplo, pode representar um sério risco para a saúde do feto. Vamos agora conhecer esta e outras desvantagens relacionadas aos baixos níveis desse elemento no corpo.

Complicações da deficiência de iodo

A deficiência de iodo requer atenção médica.
A maioria dos problemas relacionados à ingestão de iodo estão associados à glândula tireoide. É importante consultar um médico em caso de qualquer suspeita.

Como apontamos no início, todas as complicações geradas pela quantidade desse elemento químico são classificadas como distúrbios por deficiência de iodo. De acordo com as evidências, as mais importantes são as seguintes:

  • Adultos: função mental prejudicada, hipotireoidismo, hipertireoidismo, bócio.
  • Crianças e adolescentes: atraso no desenvolvimento físico, comprometimento da capacidade cognitiva, hipotireoidismo, bócio.
  • Recém-nascidos: hipotireoidismo neonatal, comprometimento neurocognitivo endêmico, bócio.
  • Fetos: aborto espontâneo, anomalias congênitas, natimorto, aumento do risco de morte perinatal, cretinismo.

Estudos e pesquisas não param de alertar para o perigo que a deficiência de iodo representa na gravidez e na infância. Esses são de longe os grupos mais afetados, com complicações em muitos casos irreversíveis. O controle dos níveis desse elemento, portanto, deve ser uma prioridade para evitar a manifestação de efeitos seundários.

Diagnóstico e tratamento da deficiência de iodo

A deficiência de iodo é diagnosticada por meio de um teste de urina. Com base nos valores de referência que fornecemos anteriormente, o especialista pode determinar se o paciente tem ou não deficiência do elemento. Este é geralmente o procedimento padrão; é seguro, rápido e não requer testes invasivos.

Como complemento, entretanto, outros tipos de exames podem ser realizados. Em suma, eles objetivam determinar as possíveis complicações que a deficiência causou. Por exemplo, exames de imagem para avaliar o estado da glândula, caso o paciente tenha desenvolvido bócio.

Exames de sangue também podem alertar se o paciente sofre de um distúrbio da tireoide.

Geralmente, o tratamento consiste em corrigir a deficiência por meio de uma dieta com alta prevalência de iodo. Frutos do mar (peixes, algas, crustáceos, camarões), pão, frutas, vegetais e laticínios são normalmente boas fontes desse elemento. Porém, tudo depende da presença deles na região do paciente.

Caso seja necessário, o especialista pode sugerir a ingestão de suplementos. Os problemas causados, como o bócio, serão tratados de forma personalizada; neste caso, com levotiroxina. A cirurgia também pode ser uma opção quando o aumento da glândula impede a respiração ou a deglutição com suavidade.

Os pesquisadores concordam que a deficiência de iodo é a principal causa evitável de retardo mental e danos cerebrais no mundo. Crianças e mulheres grávidas ou que estão amamentando devem ter um cuidado especial com essa questão. O monitoramento é recomendado para garantir que os valores estejam próximos aos recomendados pela OMS.



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