Tratamento das alergias

Existem muitas terapias para neutralizar as reações alérgicas. Conheça algumas das mais utilizadas pelos especialistas.
Tratamento das alergias

Última atualização: 25 agosto, 2021

A alergia concentra um grupo de condições caracterizadas por uma reação anormal do sistema imunológico a substâncias externas. Esses desencadeantes são, por exemplo, certos alimentos, animais, materiais e plantas. O tratamento das alergias difere de caso para caso.

Apesar disso, muitos tipos de alergia compartilham tratamentos em comum. O que varia é a frequência ou a dose administrada. A seguir apresentamos um resumo geral dos tratamentos mais usados.

Estilo de vida como tratamento para alergias

A alergia é produzida pela interação do organismo com os desencadeantes. Quanto maior a exposição aos catalisadores, mais crises o indivíduo experimenta.

É por isso que o estilo de vida é parte central do tratamento das alergias. Há muitas coisas que podem ser feitas a respeito. A Australasian Society of Clinical Inmunology and Allergy (ASCIA) recomenda o seguinte:

  • Lave edredons, fronhas, lençóis e cobertores semanalmente para reduzir o contato com ácaros e poeira.
  • Considere comprar fronhas anti-ácaros para sua cama.
  • Remova do quarto os brinquedos preenchidos com algodão.
  • Elimine tapetes felpudos.
  • Mantenha sua casa limpa para evitar o acúmulo de poeira.
  • Planeje com um nutricionista uma dieta alimentar balanceada e sem desencadeantes.
  • Reduza o acúmulo de umidade em locais propensos ao crescimento de mofo.
  • Na primavera, mantenha as janelas fechadas para manter o pólen longe de casa.
  • Tire os animais de estimação do quarto e dê banhos frequentes neles.
  • Lave as mãos regularmente.
  • Use óculos escuros na rua e mantenha o ar condicionado ligado em casa durante a primavera, quando há muito pólen.

Estas são as dicas básicas que você deve incluir no seu dia a dia. Por outro lado, como parte do tratamento de alergia, a Asthma and Allergy Foundation of America também sugere manter um registro de possíveis desencadeantes de sintomas, para evitá-los no futuro.

Mulher com alergia a pólen.
A primavera é uma época difícil para alguns alérgicos, devido à alta circulação de pólen.

Tratamento farmacológico das alergias

O estilo de vida é uma parte insubstituível do tratamento da alergia. No entanto, ele não é suficiente por si só para manter as crises sob controle. Uma grande variedade de medicamentos é usada para isso.

Corticosteroides nasais

Também conhecidos como corticosteroides em aerossol, são usados para reduzir a inflamação do revestimento do nariz. É um tratamento rápido e eficaz para casos moderados ou graves.

Estudos a esse respeito indicam que não existem grandes diferenças entre as marcas e que os efeitos colaterais são mínimos. No entanto, dependendo da dose o paciente pode sentir irritação e disfonia.

Esses tipos de produtos devem ser usados de forma adequada para que os efeitos sejam aproveitados. Para aqueles que desenvolvem apenas crises leves, pode resultar em dose excessiva.

Anti-histamínicos

Como o nome indica, os anti-histamínicos são usados para bloquear os efeitos da histamina. Este é um hormônio que o corpo secreta durante reações alérgicas.

A ingestão desses medicamentos é feita para tratar ou prevenir os sintomas, independente da intensidade com que eles se desenvolvem. A maioria deles pode ser comprada sem receita.

Medicamentos desse tipo devem ser usados com cautela, pois eles estão associados a um certo efeito sedativo. Isso ocorre com os chamados anti-histamínicos de primeira geração, como a prometazina.

Atualmente, é sugerido o uso de anti-histamínicos de segunda geração, pois esse efeito colateral é mínimo. Entre eles destacamos a loratadina e a cetirizina.

Esses medicamentos possuem uma grande variedade de formas: comprimidos, cápsulas, sprays, gotas nasais, injeções e colírios. Consulte um especialista caso o principal efeito colateral interrompa alguma das suas atividades diárias (dirigir, por exemplo).

Estabilizadores de mastócitos

Os estabilizadores de mastócitos também interrompem a produção de histamina, mas por um mecanismo diferente. As apresentações mais utilizadas são na forma de colírios e sprays nasais.

Eles podem aliviar com eficácia o inchaço, a congestão nasal e os olhos lacrimejantes. As evidências indicam que eles são seguros para o tratamento das alergias, embora sejam mais caros e exijam administração frequente.

O medicamento mais usado nesse grupo é o cromoglicato dissódico. A Agencia Española de Medicamentos y Productos Sanitarios indica que os possíveis efeitos colaterais após a ingestão são espirros acompanhados de irritação, náusea e dor de cabeça.

Descongestionantes

Os descongestionantes são usados como tratamento temporário, geralmente em aplicações que não excedem 3-5 dias. A Food and Drug Administration (FDA) alerta que o abuso desses medicamentos, especificamente a propilexedrina, está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardíacas, transtornos mentais e até mesmo a morte.

Portanto, este tratamento deve ser usado apenas para descongestionar temporariamente o nariz, sendo recomendado em casos leves para pacientes que apresentam crises ocasionais.

Cremes e pomadas

Caso a reação alérgica se manifeste através de uma crise ou reação cutânea, cremes e pomadas podem ser usados para combatê-la. A maioria usa corticosteroides como princípio ativo, embora outras substâncias também possam ser incluídas.

Se você usar os cremes por vários dias e não perceber melhora, suspenda o uso e consulte um especialista em busca de um tratamento personalizado. Quando é feito uma abuso da prescrição, podem surgir adelgaçamento da pele e estrias.

Creme antialérgico para a pele.
Os cremes para alergias de pele geralmente contêm corticosteroides.

Outros tratamentos das alergias

Além das opções apresentadas, existem outras que se aplicam apenas para alguns pacientes. Tratam-se das injeções de epinefrina e terapia imunológica.

Epinefrina

A epinefrina é um medicamento autoinjetável usado para casos de anafilaxia. Este é apenas um dos seus usos, pois ela também foi aprovada para tratar choques sépticos que causam hipotensão e para manutenção da midríase em cirurgias intraoculares.

A aplicação desse medicamento pode prevenir complicações fatais de reações alérgicas graves. Ao contrário da crença popular, nem todos as pessoas que são alérgicas precisam ter esta substância disponível.

Ela deve ser administrada com cautela, por isso é necessário consultar um especialista para avaliar a possibilidade de levar sempre uma dose na bolsa. Os pesquisadores relatam os seguintes efeitos colaterais:

  • Ansiedade.
  • Náusea e tontura.
  • Tremores e fraqueza.
  • Dor de cabeça.
  • Dispneia.
  • Hiperglicemia e hipocalemia.
  • Dor torácica.
  • Hipertensão.

Além disso, essa substância pode reagir negativamente na presença de outros medicamentos, por exemplo, bloqueadores alfa adrenérgicos, vários anti-hipertensivos, vasodilatadores, diuréticos e inibidores da monoamina oxidase. A adrenalina pode salvar vidas, mas é importante consultar um alergista antes de usá-la como método preventivo.

Terapia imunológica

A imunoterapia tem como objetivo dessensibilizar o corpo aos desencadeantes. Duas opções são usadas para isso: vacinas contra alergia e imunoterapia sublingual. Esta é uma abordagem de longo prazo que pode levar anos para ser concluída.

Além disso, ela não é útil para todos os tipos de alergias. Por exemplo, os resultados são menos encorajadores em pacientes com alergias alimentares ou urticária. Ao contrário, ela parece mais útil contra alergias ao pólen, animais de estimação, asma e picadas de abelha.

Apesar dessa ser uma terapia segura e com alto percentual de eficácia para os casos analisados, os pesquisadores destacam que ela só é utilizada em 10% dos pacientes. Consulte seu especialista sobre a viabilidade de iniciar um tratamento desse tipo e os possíveis resultados.

O tratamento da alergia é personalizado

Não existe um tratamento único para as alergias porque não existe apenas um tipo de alergia. Cada paciente precisa ser avaliado em seu contexto e de acordo com os alérgenos que desencadeiam os sintomas.

As apresentações tópicas e comprimidos orais nem sempre são úteis. A escolha do método depende do especialista e do que ele considera adequado, de acordo com a gravidade do caso.



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