Como as alergias são diagnosticadas?

Existem muitas formas de diagnosticar as alergias. Veremos qual é o procedimento padrão usado para os tipos principais.
Como as alergias são diagnosticadas?

Última atualização: 24 agosto, 2021

O diagnóstico das alergias pode representar um desafio para os alergistas. Embora em alguns casos o gatilho exato possa ser determinado, em outros podem levar vários meses ou até anos antes que o paciente seja encaminhado a um especialista. Muitas pessoas também têm medo de ir ao médico, mesmo quando os sintomas são agudos.

É importante procurar assistência médica para determinar a causa exata dos sintomas que você está experimentando. Quando o catalisador é detectado, o alergista pode iniciar um tratamento personalizado e recomendar alguns hábitos para reduzir as crises. Hoje revisaremos o protocolo básico que é seguido para detectar reações alérgicas.

Autotestes no diagnóstico das alergias

O diagnóstico das alergias começa com o autoexame.
O primeiro passo no tratamento do problema de alergia é simplesmente identificá-lo. Prestar atenção aos sintomas e seus possíveis gatilhos é de extrema importância.

Frequentemente o paciente suspeita que tem uma alergia quando associa o aparecimento de certos sintomas a alguns catalisadores. Por exemplo, pode-se notar que o corpo fica inchado depois de comer um grupo de alimentos ou que ocorrem congestão nasal, irritação ou que os olhos lacrimejam depois de tocar um animal.

Observar os padrões é o primeiro passo para diagnosticar alergias. Você pode manter um diário com o que comeu, tocou ou fez antes do surgimento dos sintomas, algo que será de grande ajuda para o especialista na primeira consulta médica. Se quiser, você também pode usar um teste caseiro.

Existem dezenas de testes disponíveis, cada um projetado para medir a sensibilidade a diferentes alérgenos. Os estudos apoiam o uso deles para uma detecção inicial, embora o resultado deva sempre ser corroborado em um ambiente clínico. Lembre-se de que os testes caseiros são menos precisos e podem fornecer falsos negativos com mais frequência.

Testes cutâneos para o diagnóstico das alergias

O verdadeiro processo diagnóstico da alergia começa com a visita a um alergista. Conforme indicado pelo American College of Allergy, Asthma & Immunology, tudo começa com a revisão do histórico e dos sintomas do paciente. Nesse sentido, o médico procederá com o seguinte:

  • Avaliar o histórico clínico, pessoal e antecedentes de alergias na família.
  • Verificar a presença de doenças subjacentes.
  • Analisar os sintomas, se eles forem visíveis, e descartar outras explicações possíveis.

Depois disso será feito um teste cutâneo. Eles ainda são considerados o padrão principal para a detecção de reações alérgicas. Existem muitos tipos; de acordo com a Asthma and Allergy Foundation of America, os mais usados são os seguintes.

Teste de picada ou punção

É o método mais preciso, rápido e acessível para determinar alergias em pacientes. Ele é feito colocando uma pequena amostra do alérgeno na superfície da pele. Em seguida, é feita uma picada com o auxílio de uma agulha para que parte desse alérgeno entre superficialmente.

Espera-se alguns minutos e são verificadas as possíveis reações que ocorrem na área picada. Normalmente esse período é de 15 minutos, embora ele possa ser mais longo dependendo dos critérios do especialista.

Um resultado positivo é obtido quando uma urticária se forma no local da punção. Este teste por si só não é capaz de determinar a gravidade ou todos os tipos de alergia.

Teste cutâneo intradérmico

Se houverem dúvidas em relação ao exame anterior ou os resultados forem inconclusivos, o especialista pode fazer um teste cutâneo intradérmico. Ele consiste na injeção de uma pequena quantidade do alérgeno suspeito sob a pele, de forma que ele se espalhe um pouco mais fundo do que no caso anterior.

Este teste é muito útil para diagnosticar alergia a medicamentos ou substâncias semelhantes. Pode ser de pouca utilidade, ao contrário, para alergias alimentares. Esse procedimento pode gerar uma maior quantidade de falsos positivos, por isso o resultado deve ser interpretado de acordo com o contexto.

Patch test (teste de contato)

Se nenhuma reação tiver sido encontrada a partir dos testes anteriores, mas houver suspeita de alérgenos, adesivos especiais podem ser usados. Eles contêm uma pequena amostra do desencadeante e são colocados na pele por 24 a 48 horas para avaliar o resultado através da exposição prolongada. Esse teste é útil para uma variedade de condições, especialmente para a dermatite de contato.

Exames laboratoriais para o diagnóstico das alergias

O diagnóstico das alergias inclui a realização de exames de sangue.
Embora os exames laboratoriais para alergias sejam muito importantes, eles às vezes tendem a ser inespecíficos, pois identificar o alérgeno por esses meios é difícil.

Como complemento aos testes mencionados acima, serão realizados exames laboratoriais. Os procedimentos já referidos podem detectar a reação, mas não fornecem informações completas ao especialista. Devido a isso, opta-se por fazer os seguintes exames:

  • Exames de sangue: as evidências apoiam seu uso para determinar os valores de imunoglobulina E (IgE) para alérgenos como alimentos, látex, medicamentos, inalantes e venenos. Para isso, diversos exames podem ser realizados, embora o teste ELISA e o ImmunoCAP sejam os mais utilizados.
  • Teste de exposição: em ambiente controlado, o especialista dará instruções para inalar ou ingerir uma amostra do alérgeno. Isso é feito em intervalos de tempo e com a previsão de uma possível reação anafilática, como aponta a Food Allergy Canada.

Este último teste deve ser feito apenas por um profissional. É importante evitar se expor a desencadeantes, devido ao risco de uma reação alérgica grave (anafilaxia). O teste de exposição é especialmente útil para detectar alergias a alimentos e medicamentos.

Diagnóstico diferencial das alergias

Os sintomas experimentados podem ter muitas explicações que não estão relacionadas a uma alergia. Eles variam para cada condição, de forma que listá-los aqui tornaria o assunto extenso demais. Por isso destacaremos alguns dos principais:

  • Desencadeantes infecciosos (como um vírus, por exemplo).
  • Condições sistêmicas raras (sarcoidose, fibrose cística e assim por diante).
  • Morfologia estrutural comprometida (desvio de septo, hipertrofia de adenóide e outros).
  • Colite ulcerativa, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e outras condições gastrointestinais.
  • Psoríase.

Outras explicações possíveis são quadros de intoxicação, resfriado ou intolerância, tudo depende dos sintomas apresentados. Para descartar outras explicações, é recomendável buscar um especialista e iniciar o processo diagnóstico. Através do uso de medicamentos e com algumas mudanças no estilo de vida, é possível reduzir as crises e neutralizar os sinais.



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