Estágios do melanoma

Conhecer o melanoma e seus estágios pode ajudar a prevenir e diagnosticar precocemente esse câncer de pele. A seguir te contaremos mais detalhes sobre esse assunto.
Estágios do melanoma
Sandra Golfetto Miskiewicz

Escrito e verificado por la médico Sandra Golfetto Miskiewicz.

Última atualização: 17 agosto, 2021

Antes de falarmos sobre os estágios do melanoma, é preciso saber que normalmente encontramos vários tipos de células na pele. Entre elas estão as células basais, as células escamosas e os melanócitos.

Os melanócitos são células que produzem melanina, um pigmento que protege contra os raios ultravioleta (UV) e dá cor à pele, ao cabelo e aos olhos. Quanto maior o número de melanócitos mais escura é a pele, e é por isso que pessoas de pele branca têm maior probabilidade de desenvolver esse tipo de tumor.

Quando tumores benignos se desenvolvem a partir dos melanócitos, eles são chamados de nevos ou pintas. Em contraste, o tumor maligno que surge dos melanócitos é denominado melanoma.

Os carcinomas de pele originados de células basais e escamosas (carcinoma basocelular e espinocelular, respectivamente) são mais comuns que o melanoma. Nesse caso, embora a frequência dos mesmos seja de 4% de todas as lesões cancerígenas na pele, ele também apresenta uma alta mortalidade. Por isso é essencial adotar medidas de diagnóstico precoce para receber o tratamento em tempo hábil.

Outros termos importantes que devemos saber

Existem termos que o médico pode mencionar durante a consulta; conhecê-los facilita o entendimento dos estágios do melanoma. Eles são os seguintes:

  • Epiderme: é a camada mais superficial de células da pele.
  • Nevos: também conhecidos como pintas, são tumores benignos da pele. Geralmente eles estão presentes desde o nascimento, mas alguns podem aparecer durante a idade adulta.
  • Biópsia: consiste em colher uma amostra de algum tecido (neste caso da pele) para permitir que o especialista examine as características no microscópio e determine se se trata de uma lesão benigna ou maligna.
  • In situ: trata-se de um câncer que não se espalhou além de uma pequena área da pele.
  • Linfonodo sentinela: é aquele que cumpre a função de drenagem principal do tumor.
  • Metástases microssatélites: metástases microscópicas cutâneas ou subcutâneas, que podem estar adjacentes ou distantes do melanoma primário.
  • Metástases satélites: são aquelas dentro do sistema linfático que estão localizadas a menos de 2 centímetros do melanoma.

Como detectar um melanoma precocemente

Os estágios do melanoma podem produzir alterações perceptíveis na pele.
O autoexame das lesões cutâneas atípicas possibilita uma avaliação médica mais imediata. Às vezes, esse pequeno costume pode salvar vidas.

O mais importante é procurar quaisquer alterações novas ou incomuns na pele, com ela estando ou não exposta ao sol. Os melanomas geralmente aparecem nas pernas (nas mulheres) e no tronco (nos homens). Em pessoas com um tom de pele mais escuro esse tumor geralmente é diagnosticado tardiamente, tem um pior prognóstico e está mais frequentemente localizado nas palmas das mãos, plantas dos pés e boca. Geralmente é mais comum em pessoas acima de 80 anos.

Diagnosticar um melanoma não é fácil. Apenas 30% deles se desenvolvem em uma mancha anterior, e 70% podem se desenvolver na pele normal. Felizmente, existem algumas características muito particulares desses tumores que facilitam o diagnóstico precoce. Vamos falar sobre elas a seguir.

Nevo ou melanoma?

Por meio da dermatoscopia, o dermatologista buscará sinais que ajudem a diferenciar uma lesão benigna de outra possivelmente maligna, e poderá definir o estágio do melanoma. Esses características incluem as seguintes:

  • A – Assimetria: ao contrário das pintas, os melanomas costumam ser assimétricos, ou seja, se traçarmos uma linha imaginária no meio deles, as duas metades são diferentes.
  • B – Borda: são irregulares, estendidas ou onduladas.
  • C – Cor: os melanomas costumam ter diferentes cores ou diferentes tonalidades da mesma cor (vermelho, preto, marrom, branco, azul). Raramente, alguns melanomas conhecidos como amelanocíticos são observados com uma cor mais clara que a da pele.
  • D – Diâmetro: o tamanho é importante. Uma lesão maior que 6 milímetros geralmente é suspeita.
  • E – Evolução: as lesões cutâneas não devem mudar constantemente. Uma pinta que cresce ou muda de forma, cor, elevação ou começa a coçar ou sangrar deve ser avaliada por um médico.

Embora o especialista avalie o paciente e dê o diagnóstico final, cada pessoa deve estar atenta a essas mudanças para buscar ajuda médica precocemente.

Estadiamento ou estágios do melanoma

Os estágios (ou estadiamento) do melanoma permitem ao médico decidir o plano de tratamento e estimar o prognóstico. Dessa forma, pode-se discutir o curso de ação com o paciente.

Sistema TNM

Antes de falar do estadiamento, devemos saber o que é o sistema TNM. O American Joint Committee on Cancer (AJCC) classifica os diferentes tipos de câncer (incluindo o melanoma) de acordo com um sistema comumente usado, o sistema TNM, que é baseado nas 3 características apresentadas a seguir:

T – Espessura (thickness em inglês)

Consiste na profundidade que a lesão cutânea atingiu. Ela é medida por meio do índice de Breslow. Esta é uma medida em milímetros desde a camada granulosa da pele até a profundidade máxima atingida pelo melanoma em ângulo reto com a epiderme.

Embora muitos fatores estejam envolvidos na sobrevida de pacientes diagnosticados com melanoma, a espessura da lesão é um dos mais importantes. Quanto mais espesso, pior é o prognóstico e vice-versa.

A ulceração do melanoma também faz parte desta categoria. Úlceras são escavações que ocorrem na pele, neste caso no melanoma. Sua presença representa um risco aumentado de propagação do câncer.

N – Linfonodos

Os gânglios linfáticos são estruturas que fazem parte do sistema imunológico e do sistema que transporta a linfa por todo o organismo. Por estarem distribuídos por todo o corpo, eles costumam ser o primeiro local de propagação de tumores.

A presença ou ausência de linfonodos afetados ao redor do melanoma determinará esta denominação. Existe uma subcategoria chamada “em trânsito”, que consiste no comprometimento de linfonodos locais, mas sem a propagação para os linfonodos sistêmicos.

M – Metástase

Trata-se da metástase ou disseminação do câncer para outros gânglios linfáticos, pele ou órgãos adjacentes. Os locais de propagação mais frequentes são os seguintes:

  • Pele e tecido subcutâneo.
  • Pulmões.
  • Sistema nervoso central.
  • Fígado.
  • Ossos.

Na nova classificação de estágios do melanoma de 2018, o AJCC introduziu o uso de níveis de lactato desidrogenase (LDH) para essa categoria. O LDH é uma enzima que participa na redução-oxidação (um tipo de reação química) e é liberado quando existem danos às células do corpo, como câncer.

Estágios e prognóstico do melanoma

Foram estabelecidos 5 estágios para o melanoma: 0, I, II, III, IV e V. Conforme o número aumenta, significa que o tumor se espalhou mais pelo organismo e que o paciente tem um pior prognóstico. De acordo com essa classificação, eles são agrupados em três grandes grupos:

  • Estágio inicial: corresponde aos estágios 0 e I.
    • Estágio 0: também denominado como melanoma in situ, limita-se à camada superficial da pele (epiderme).
    • Estágio I: o melanoma está localizado mas é invasivo, ou seja, se espalhou para a próxima camada da pele (derme) e mede <1 milímetro, de acordo com Breslow.
  • Risco intermediário a alto (locoregional): o tumor invadiu os gânglios linfáticos ou a pele próxima ao tumor. Corresponde ao estágio II.
    • Estágio II: O melanoma atinge uma profundidade> 1 milímetro e pode ou não estar ulcerado. Seu risco de propagação para os gânglios regionais é alto, então o médico pode solicitar uma biópsia do linfonodo sentinela.
  • Estágio avançado (metastático): o câncer se espalhou para longe do local onde o melanoma começou a se desenvolver. Corresponde aos estágios III e IV.
    • Estágio III: neste caso, a espessura não é mais o fator determinante, mas sim a propagação. O tumor se espalhou por mais de 2 centímetros do local de origem ou atingiu linfonodos locais (microssatélites ou metástases de satélite). No exame físico, esses nódulos podem ou não ser palpáveis.
    • Estágio IV: Neste estágio final, ocorre o comprometimento de múltiplos linfonodos ou outros órgãos (pulmão, fígado, SNC, ossos ou sistema gastrointestinal).

Classificação final do melanoma

Os estágios do melanoma são um pouco complexos.
Para determinar adequadamente o estágio do melanoma, o especialista recomendará vários exames complementares, como a radiografia de tórax por exemplo, para avaliar a presença de possíveis metástases pulmonares.

Desta forma, um número é atribuído a cada característica (T, N, M) e uma letra (a, b, c, d) se houver uma subcategoria. Dessa forma, os estágios do melanoma teriam a seguinte denominação de acordo com as descobertas feitas para cada paciente.

T – Espessura

  • TX: espessura não avaliável (por exemplo, amostra de curetagem).
  • T0: sem evidência de tumor primário (que é indeterminado ou uma regressão completa do primário)
  • Tis: melanoma in situ.
  • T1a: <0,8 milímetros de espessura sem ulceração.
  • T1b: <0,8 milímetros de espessura com ulceração ou 0,8-1,0 mm de espessura com ou sem ulceração.
  • T2a: > 1,0 – 2,0 milímetros de espessura sem ulceração.
  • T2b: > 1,0 – 2,0 milímetros de espessura com ulceração.
  • T3a: > 2,0 – 4,0 milímetros de espessura sem ulceração.
  • T3b: > 2,0 – 4,0 milímetros de espessura com ulceração.
  • T4a: > 4,0 milímetros de espessura sem ulceração.
  • T4b: > 4,0 milímetros de espessura com ulceração.

N – Linfonodos

  • NX: não avaliável (procedimento de estadiamento não realizado ou nódulo removido anteriormente).
  • N0: sem metástase regional.
  • N1a: 1 metástase nodal clinicamente oculta (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N1b: 1 metástase nodal detectada clinicamente (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N1c: negativo para metástases nodais, clinicamente oculto (positivo para metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N2a: 2 a 3 metástases nodais clinicamente ocultas (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N2b: 2 a 3 metástases nodais detectadas clinicamente (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N2c: 1 metástase nodal clinicamente oculta ou detectada (positiva para metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N3a: 4 ou mais metástases nodais clinicamente ocultas (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N3b: 4 ou mais metástases nodais detectadas clinicamente (sem metástases em trânsito/satélite/microssatélites).
  • N3c: 4 ou mais metástases nodais (positivo para metástases em trânsito/satélite/ microssatélites).

M – Metástase

  • M0: nenhuma evidência de metástase à distância
  • M1a (0): metástases à distância na pele, tecidos moles (incluindo músculos) ou linfonodo não regional + LDH não elevado.
  • M1a (1): metástases à distância na pele, tecidos moles (incluindo músculos) ou nódulo linfático não regional + LDH elevado.
  • M1b (0): metástase pulmonar + LDH não elevado.
  • M1b (1): metástase pulmonar + LDH elevado.
  • M1c (0): metástase para um órgão diferente do SNC + LDH não elevado.
  • M1c (1): metástase para um órgão diferente do SNC + LDH elevado.
  • M1d (0): metástase para o SNC + LDH não elevado.
  • M1d (1): metástase para o SNC + LDH elevado.

O cuidado e prevenção são a chave

Apresentar queimaduras de sol por 5 ou mais vezes entre as idades de 15-20 aumenta o risco de melanoma em 80% e de câncer de pele não melanoma em 70%. Diminuir a exposição ao sol na praia e usar protetor solar de forma consistente pode ajudar a diminuir o risco de desenvolver câncer de pele.

Qualquer nevo ou mancha recente, alterações como (dor, crescimento, coceira, inflamação) ou alguma mudança incomum em uma lesão, deve ser motivo para uma visita ao dermatologista o mais rápido possível. Se você já teve melanoma, faça check-ups regularmente com o seu dermatologista para um diagnóstico precoce de recorrência do melanoma.



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