Tipos de câncer de mama

Um dos tipos mais comuns de câncer de mama é o carcinoma ductal invasivo. No entanto, existe uma grande variedade de manifestações diferentes, que podem ser mais agressivas.
Tipos de câncer de mama

Última atualização: 17 agosto, 2021

O câncer de mama é um dos tumores mais comuns em mulheres, e representa uma das principais causas de morte. Essa patologia tem múltiplas formas de apresentação, dependendo da região onde está localizada e das células afetadas. Nesse sentido, diferentes tipos de câncer de mama têm sido descritos, cada um com comportamento e prognóstico distintos.

As células mais frequentemente afetadas na glândula mamária são aquelas pertencentes ao tecido epitelial que reveste o órgão. Dessa forma, a maioria dos tumores adquire o nome de carcinoma ou adenocarcinoma, por se tratarem de um epitélio glandular. No entanto, as alterações também podem aparecer em outras células glandulares, nesse caso adquirindo um nome diferente.

Carcinoma in situ

Entre os tipos de câncer de mama está o carcinoma in situ.
Os carcinomas in situ nem sempre causam sintomas óbvios. Se eles não forem detectados e tratados a tempo, podem evoluir para formas mais graves da doença.

Este é o estágio inicial de todos os tipos de câncer de mama, em que o tumor está localizado e não invadiu os tecidos circundantes. Todas as células epiteliais descansam em uma estrutura chamada lâmina basal, abaixo da qual se encontram o tecido conjuntivo, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos.

Em termos gerais, trata-se de um carcinoma in situ quando a lâmina basal da área afetada está intacta, o que indica que o tumor não afetou o tecido conjuntivo. Qualquer carcinoma in situ tem probabilidade de evoluir para um carcinoma invasivo, embora o tempo em que isso ocorre possa variar.

Carcinoma ductal in situ

O carcinoma ductal in situ é uma das 2 formas existentes de carcinoma in situ, na qual a alteração é encontrada no epitélio dos dutos de leite. Estudos mostram que essa é a forma mais comum de câncer in situ, representando até 90% dos casos.

Essa é uma condição localizada, na qual a lâmina basal não é afetada e não ocorre a formação de novos vasos sanguíneos. Esse tumor apresenta uma alta probabilidade de progredir para um carcinoma invasivo mais agressivo se não for tratado a tempo. Uma das possíveis causas desse tipo de câncer de mama é o acúmulo de alterações genéticas por muito tempo.

Carcinoma lobular in situ

Esta é uma forma menos comum de câncer de mama in situ, na qual os lóulos da glândula mamária e os ductos terminais são afetados. Os sintomas do câncer de mama não são tão evidentes neste caso, pois geralmente não é gerada uma massa palpável, o que pode levar a um erro no diagnóstico.

Felizmente, a progressão desse tumor é muito lenta, e é improvável que um carcinoma invasivo se desenvolva a partir dele. Ele não costuma ser considerado uma doença propriamente dita por alguns especialistas, mas sim um fator de risco que aumenta a probabilidade de desenvolver outros tipos de câncer de mama.

Carcinoma ductal infiltrante (CDI)

O carcinoma ductal infiltrante é aquele que afeta os dutos de leite e penetra na membrana basal do epitélio, invadindo o tecido conjuntivo próximo. Várias investigações estabelecem que este é o tipo mais comum de câncer de mama, representando entre 50 e 90% de todos os carcinomas de mama diagnosticados.

Esse carcinoma pode afetar mulheres de qualquer idade, sendo mais comum após os 55 anos. O prognóstico dessa condição dependerá das características do tumor e da extensão da doença. Em termos gerais, esse prognóstico é bom quando a invasão é mínima e não ocorre metástase para órgãos distantes.

O diagnóstico precoce é essencial para determinar o prognóstico da doença. O diagnóstico e o tratamento imediatos diminuirão a probabilidade do tumor se espalhar para outros tecidos através do sistema linfático ou da corrente sanguínea.

Carcinoma lobular invasivo (CLI)

O carcinoma lobular invasivo é aquele que aparece nos lóbulos da glândula mamária e invade o tecido circundante. Ele também tem a capacidade de criar metástase e invadir órgãos distantes, como o CDI. De acordo com a American Cancer Society, a incidência dele é baixa, ocorrendo em apenas 1 em cada 10 mulheres com câncer de mama invasivo.

Esse tipo de câncer tende a ser mais difícil de detectar por meio do exame físico e da mamografia, pois os sinais e sintomas apresentados são menos evidentes. Felizmente o prognóstico das mulheres afetadas é melhor do que o das com diagnóstico de CDI; de fato, estima-se elas que vivam até 3 anos a mais.

As causas e fatores de risco não são diferentes para esta forma particular de apresentação, portanto as alterações genéticas e a exposição a estrogênios são decisivas. Outros fatores como tabagismo, consumo de álcool e obesidade também aumentam a probabilidade de desenvolver a doença.

Outros carcinomas invasivos

Tanto o CDI quanto o CLI são as formas invasivas mais comuns dessa condição. No entanto, existem outros tipos de câncer de mama invasivo menos comuns, que se diferenciam pelo padrão histológico apresentado. Essas formas de apresentação não ultrapassam 5% do total de casos de carcinoma de mama; dentre elas se destacam:

  • Adenóide cística.
  • Adenoescamoso de baixo grau.
  • Medular.
  • Papilar.
  • Micropapilar.
  • Misto.

Muitos deles têm um prognóstico melhor que o CDI; porém, o carcinoma micropapilar e o misto são muito mais agressivos. Nesse sentido, é de vital importância a realização de biópsias para determinar o tipo histológico exato.

Câncer de mama triplo negativo

Os diferentes tipos de câncer de mama são diagnosticados através de métodos moleculares.
Para o diagnóstico de muitos subtipos de câncer de mama, o uso de técnicas laboratoriais especializadas é absolutamente necessário.

Esta é uma forma muito particular de apresentação do câncer de mama, que deve seu nome ao resultado negativo de três exames diferentes. Nesse sentido, ele carece de receptores para estrógenos e progesterona, além de apresentar ausência de superprodução do hormônio HER2.

Em termos gerais, o câncer de mama triplo negativo é raro; estima-se que ele ocorra em no máximo 15% de todos os casos de câncer de mama. Ele é mais comum em mulheres com menos de 40 anos, afro-americanas e com mutação no gene BRCA 1, porém pode afetar qualquer mulher.

Infelizmente, este é um dos tipos mais agressivos de câncer, pois ele cresce e se espalha muito rapidamente. O tratamento é muito limitado, pois muitos tratamentos disponíveis, como a terapia direcionada e o tratamento hormonal, não exercem nenhum efeito sobre a doença, de modo que o prognóstico é ruim.

Câncer de mama inflamatório

O câncer de mama inflamatório é um carcinoma ductal infiltrante (CDI), que apresenta sinais e sintomas bem diferentes dos habituais. Isso ocorre porque as células cancerosas bloqueiam a drenagem linfática da glândula mamária, fazendo com que a mama mostre sinais de inflamação como vermelhidão e aumento de volume.

Um dos sintomas mais indicativos é o aparecimento de pequenas covinhas na pele semelhantes às da casca da laranja, indicando um edema linfático. O diagnóstico dessa forma de apresentação é um desafio, pois ela não gera os sintomas típicos e simula a presença de uma infecção, como mastite.

Esse é um dos tipos mais raros de câncer de mama; aliás, a American Cancer Society estima que ele represente apenas 1 e 5% de todos os casos de carcinoma de mama. Infelizmente, a maioria das mulheres é diagnosticada em estágios avançados da doença, quando as células da pele já foram afetadas. Por isso o prognóstico é pior que o do CDI.

Doença de Paget da mama

A doença de Paget é outro tipo raro de câncer, no qual células malignas específicas chamadas células de Paget afetam a pele do mamilo, causando o aparecimento de sintomas anormais na área. Os mais frequentemente apresentados são vermelhidão e ulceração mamilar, de acordo com as pesquisas.

A incidência dele é muito baixa em comparação com outros tipos de câncer, podendo chegar a 0,85% em algumas populações, de acordo com o estudo citado. Essa doença geralmente é diagnosticada com algum tipo de carcinoma ductal, in situ ou invasivo. Felizmente, o prognóstico das pacientes diagnosticadas é muito bom, principalmente quando a doença não se espalhou.

O diagnóstico de câncer, neste caso, é feito com base nos sintomas clínicos apresentados e na observação de células de Paget na lesão. Alguns exames de imagem como a mamografia e a ultrassonografia da mama também podem ser úteis na detecção da presença de outro tumor adjacente.

Angiossarcoma de mama

O angiossarcoma de mama é um tipo de câncer que começa nas células que revestem os vasos sanguíneos, denominadas endotélio vascular. Elas podem se multiplicar de forma anormal e gerar um tumor muito agressivo; de fato, alguns especialistas o consideram como o tumor maligno mais letal da mama.

Felizmente, a incidência é desse tipo é baixa, estima-se que ele represente apenas 0,04% de todos os tumores malignos de mama. Os sintomas apresentados são caracterizados pelo aparecimento de um nódulo roxo na pele, além de um nódulo em uma ou nas duas mamas.

O angiossarcoma de mama é uma complicação comum do tratamento quimioterápico para outros tipos de câncer de mama. Nesse sentido, é possível classificá-lo como primário ou secundário. O primário ocorre quando ele aparece em mulheres que nunca tiveram a doença, enquanto o secundário quando o tumor se apresenta em mulheres com um histórico de câncer de mama.

Tumores filoides

São tumores que aparecem no tecido conjuntivo da mama, podendo comprimir o sangue e os vasos linfáticos. Eles têm uma incidência baixa e representam menos de 1% de todos os tumores malignos da mama, de acordo com os estudos. Os tumores filodes geralmente são benignos, embora 1 em cada 4 se transforme em câncer.

Esse tumor tem um crescimento rápido, mas felizmente ele costuma se limitar à mama, por isso metástases para órgãos distantes são muito raras. O tumor é mais comum em mulheres entre 41 e 49 anos de idade, especialmente naquelas com síndrome de Li-Fraumeni.

O tratamento precoce é importante em todos os tipos de câncer

Todos os tipos de câncer de mama existentes têm características únicas que permitem diferenciá-los uns dos outros. As formas de apresentação mais frequentes são o carcinoma ductal e lobular, invasivo ou in situ. No entanto, a presença de outros tipos raros de câncer deve ser sempre considerada para um diagnóstico adequado.

Algo que todos esses tumores têm em comum é que a expectativa de vida melhora consideravelmente se eles forem diagnosticados e tratados nos estágios iniciais. Nesse sentido, é de vital importância realizar o autoexame da mamas periodicamente e buscar um especialista na presença de algum sintoma estranho.



  • Gallego-Noreña GA, Velásquez-Vega J. Carcinoma in situ de la mama: actualización. Medicina & Laboratorio. 2013; 19:127-160.
  • Fuentes Cristales A, García Calderón M, Rincón Camargo M, Jaimes Ramírez O et al. Lesiones bilaterales de mama. Carcinoma ductal
    infiltrante patrón no específico. Reporte de un caso. Rev Mex Mastol. 2016; 6 (1): 18-22.
  • Dossus L, Benusiglio P. Lobular breast cancer: incidence and genetic and non-genetic risk factors. Breast Cancer Res. 2015; 17:37.
  • Olaya Guzmán E. Cáncer de mama triple negativo, estado actual. Revista de Especialidades Médico-Quirúrgicas. 2010; 15(4): 228-236.
  • Dávila-Zablah Y, Garza-Montemayor M. Enfermedad de Paget, una forma especial de cáncer mamario: hallazgos clínicos, de imagen y patológicos. Revisión de seis casos. Anales de Radiología México. 2018;17:216-25.
  • Fernández L, Gracia A, Rojo A, Collado M et al. Angiosarcoma de mama. Progresos de Obstetricia y Ginecología. 2005; 48(4): 192-197.

Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.