Artrite idiopática juvenil: tudo o que você precisa saber

A artrite idiopática juvenil é uma das doenças reumáticas mais comuns durante os primeiros anos de vida. Descubra tudo o que se sabe sobre ela.
Artrite idiopática juvenil: tudo o que você precisa saber

Última atualização: 10 agosto, 2021

A artrite idiopática juvenil é uma manifestação reumática crônica que afeta crianças e jovens. Não se trata de uma doença em si, mas de um conjunto de várias condições com diferentes características, sintomas, evoluções e tratamentos.

De acordo com a International League of Associations for Rheumatology, esta condição é definida como ‘um tipo de artrite que começa antes dos 16 anos e persiste por pelo menos 6 semanas contínuas’.

Sua prevalência é muito desigual, embora a Pediatric Orthopaedic Society of North America (POSNA) estime que entre 2 e 20 casos são notificados por cada 100.000 habitantes. Vejamos o que se sabe sobre ela.

Causas da artrite idiopática juvenil

A artrite idiopática juvenil é uma doença autoimune.
A inflamação causada por reações autoimunes parece ser a explicação para a artrite idiopática juvenil. No entanto, o gatilho exato ainda é desconhecido.

Como o nome sugere, não foi encontrada uma etiologia exata para a artrite idiopática juvenil. No entanto, sabe-se que essa é uma doença autoimune. Por razões ainda desconhecidas, o próprio corpo ataca o revestimento das articulações (membrana sinovial). Isso causa inflamação e gera outras complicações, caso não seja tratada corretamente.

Acredita-se que a predisposição genética pode aumentar as chances de desenvolver a doença, bem como a exposição a determinados fatores ambientais. Apesar disso, e como aponta a Arthritis Foundation, até agora os pesquisadores não encontraram toxinas, alimentos, sintomas de alergia ou comportamentos dietéticos relacionados a ela.

Por isso essa é uma doença que não pode ser prevenida. No início, ela era conhecida como artrite juvenil crônica ou artrite reumatoide juvenil. Hoje o uso desses nomes é evitado, pois divisões mais exatas foram estabelecidas de acordo com os sintomas e evolução da doença. Aprenderemos a seguir os avanços que houveram nesse sentido.

Tipos de artrite idiopática juvenil

Existem muitos tipos de Artrite Idiopática Juvenil (designada adiante como AIJ). À medida em que melhora a compreensão dos processos que levam ao seu desenvolvimento, os pesquisadores refinam a classificação utilizada para catalogar as manifestações clínicas. Com base na Johns Hopkins Medicine, e deixando algumas nuances de lado, podemos encontrar os seguintes tipos:

AIJ sistêmica

Também conhecida como doença de Still. É a forma mais grave da doença, mas felizmente a menos frequente, como indica o Stanford Health Care. Ela pode afetar mais de uma articulação, além de gerar complicações em alguns órgãos do corpo. Os mais afetados são o coração, fígado e gânglios linfáticos.

AIJ oligoarticular

De acordo com a Sociedad Española de Reumatología Pediátrica (SERPE), a forma oligoarticular é a mais comum em crianças e jovens. Ela se divide em persistente e estendida. No primeiro caso, o dano ocorre em quatro ou menos articulações, enquanto no segundo o número ultrapassa esse valor. É mais comum nos membros inferiores, principalmente no joelho.

AIJ poliarticular

A variante poliarticular é diagnosticada quando o dano se concentra em 5 ou mais articulações. Os pesquisadores descobriram que ela é mais comum entre o primeiro e o terceiro anos de idade. Depois disso, ela entra em um “estado latente” e se manifesta novamente entre as idades de 9 e 14 anos. É mais comum em meninas do que em meninos.

Artrite psoriásica

Embora haja controvérsia quanto à sua classificação, estudos indicam que esse tipo se caracteriza por artrite acompanhada de erupções de psoríase. Essa variante também é diagnosticada quando o paciente atende a dois dos seguintes critérios:

  • Onicólise (separação de uma unha do leito ungueal).
  • Dactilite (inflamação nos dedos).
  • Ter um parente de primeiro grau com psoríase.

Os sintomas cutâneos são mais comuns ao redor das articulações, embora também possam aparecer no couro cabeludo, umbigo e períneo.

AIJ relacionada a entesite

Nesse tipo o paciente desenvolve artrite e entesite num mesmo episódio. É mais comum no sexo masculino, a partir dos 6 anos de idade e, de acordo com as evidências, também pode ocorrer na companhia de uveíte anterior aguda (inflamação de uma das camadas do globo ocular). Geralmente ocorre nas extremidades inferiores, como joelhos e tornozelo.

Artrite indiferenciada

As outras manifestações que não se enquadram nos tipos mencionados acima são chamadas de artrite indiferenciada. Este termo também é usado para descrever episódios que compartilham dois ou mais sintomas de diferentes categorias.

Essa é uma variante difícil de tratar, por isso alguns pesquisadores apoiam tratamentos iniciais para descobrir qual regime atinge melhores resultados.

Sintomas da artrite idiopática juvenil

A artrite idiopática juvenil e seus sintomas.
A dor é o principal sintoma da artrite idiopática juvenil, sendo geralmente um fator comum entre os diferentes tipos da doença.

Os sintomas da artrite idiopática juvenil dependem da variante a que eles pertencem. Mesmo entre elas, os pacientes apresentam sintomas diversos, que podem ser crônicos ou leves. É muito comum que eles se manifestem em surtos, após os quais um período de remissão temporária pode ocorrer.

De qualquer forma, podemos citar os seguintes sintomas como os mais comuns da doença:

  • Inchaço nas articulações.
  • Dor e rigidez na área afetada.
  • Limitações para mover a articulação em diferentes ângulos.
  • Aumento de temperatura na área afetada.
  • Fadiga.
  • Crescimento lento.
  • Perda de apetite.
  • Perda de peso.
  • Inflamação nos gânglios linfáticos.
  • Erupções cutâneas.
  • Febre.

Apenas em casos crônicos, que são raros, os pacientes sofrem danos nos órgãos. Para evitar isso, é muito importante estar atento aos sintomas para procurar atendimento médico e proceder com o diagnóstico.

Diagnóstico da artrite idiopática juvenil

Como nos lembra o American College of Rheumatology, o diagnóstico da AIJ é complexo. Em primeiro lugar, porque a inflamação costuma ser muito leve, tanto que os afetados não a relatam aos pais. Por sua vez, não existe um exame específico para detectar as variantes da doença. A soma de ambos fatores dificulta o diagnóstico de artrite juvenil.

Em qualquer caso, os critérios mencionados no início deste artigo serão sempre considerados: o processo deve começar antes dos 16 anos de idade e se manifestar ao longo de 6 semanas contínuas (no mínimo).

Com isso em mente, além de considerar e avaliar os sintomas, o reumatologista pode suspeitar que o paciente apresente algum tipo de AIJ. Para confirmar essa suspeita ele indicará os seguintes exames laboratoriais:

  • Anticorpos antinucleares.
  • Hemograma completo.
  • Teste de complemento.
  • Taxa de sedimentação de eritrócitos.
  • Proteína C-reativa.
  • Hematócrito.
  • Creatinina.
  • Fator reumatoide.
  • Contagem de glóbulos brancos.

Também podem ser feitos exames de imagem como tomografia computadorizada, raios-X, ressonância magnética e ultrassom. Se o especialista considerar adequado, um exame de urina e uma aspiração articular também podem ser feitos.

A maioria desses exames é usado para descartar outras explicações para os sintomas. Por exemplo, a doença de Lyme, o lúpus e algumas doenças ósseas podem compartilhar alguns dos sintomas. Uma vez que essas e outras condições sejam descartadas, o especialista poderá confirmar a presença de uma variante e, assim, iniciar o tratamento.

Tratamento para a artrite idiopática juvenil

O tratamento recomendado pelo especialista para controlar os sintomas e melhorar o prognóstico da doença depende de vários fatores: idade do paciente, variante desenvolvida, gravidade dos sintomas e possíveis riscos de complicações são os critérios que servem de base para o tratamento.

Os pesquisadores concordam que os medicamentos antirreumáticos modificadores da doença são a primeira opção disponível. Eles têm se mostrado seguros para essa faixa etária e permitem que a progressão da condição seja interrompida em algumas semanas. O medicamento mais amplamente usado é o metotrexato, embora a sulfassalazina e a leflunomida também possam ser úteis.

Outras alternativas que podem ser utilizadas são as seguintes:

  • Anti-inflamatórios não esteroides.
  • Corticosteroides.
  • Drogas biológicas.

O uso de massagem local, fisioterapia, aconselhamento nutricional, exercícios regulares, manutenção ou perda de peso, uso de compressas quentes ou frias e repouso também melhoram os sintomas. A escolha da opção depende da variante, por isso é recomendável procurar atendimento médico assim que os primeiros sintomas surgirem.



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