Apendicite: sintomas, causas e tratamento

A apendicite tem uma apresentação clínica e um tratamento muito específicos, embora possa haver alguns casos especiais que são raros. Neste artigo, explicaremos tudo sobre essa doença.
Apendicite: sintomas, causas e tratamento
Diego Pereira

Escrito e verificado por el médico Diego Pereira.

Última atualização: 23 junho, 2023

A apendicite é uma das patologias cirúrgicas mais frequentes em todo o mundo. Consiste na inflamação do apêndice vermicular, uma pequena estrutura do sistema gastrointestinal.

É bem conhecida pela sintomatologia muito específica que apresenta, embora em algumas ocasiões o processo diagnóstico possa ser dificultado por variações anatômicas ou alguns diagnósticos diferenciais. Se você quer saber um pouco mais sobre essa doença continue lendo o seguinte artigo.

Quais são os principais sintomas?

A apendicite tem um padrão típico de apresentação que está intimamente relacionado com a localização anatômica do apêndice. É um órgão pequeno em relação ao ceco, a primeira porção do cólon. Está localizado perto da junção ileocecal, o local onde o intestino delgado se conecta ao intestino grosso.

Na grande maioria dos casos, essa área fica no quadrante inferior direito do abdome e é chamada de fossa ilíaca direita. No entanto, nem sempre a dor começa aí. Às vezes, uma sensação de desconforto começa no epigástrio antes de irradiar para a fossa ilíaca direita.

O epigástrio é o quadrante médio e superior do abdome, ou seja, aquele que fica acima do umbigo. É por isso que, a princípio, muitas pessoas podem confundir a dor com um quadro de gastrite ou úlcera péptica.

Manifestações adicionais

Além da dor (que costuma ser aguda e intensa), existem outros sintomas associados como os descritos a seguir:

  • Febre: pode ser muito alta, precedida ou não de calafrios.
  • Perda de apetite, também chamada de hiporexia.
  • Náuseas e vômitos.
Apêndice anatomia.
O apêndice é uma estrutura anatômica localizada na junção do intestino delgado e grosso.

Por que ocorre a apendicite?

O apêndice é um órgão oco, o que significa que possui uma cavidade em seu interior. Isso é comum em todo o trato digestivo. Sendo tão pequeno, é mais ou menos fácil ficar obstruído por coisas dentro ou fora do do trato gastrointestinal.

Boa parte dos casos de apendicite está associada à presença de fecalitos, que são pequenas partículas de fezes muito duras. Ocorrem em pacientes com constipação crônica, nos quais é normal produzir essa textura.

Claro que também existem fatores dietéticos associados, como o consumo de sementes e pequenos objetos. Parasitas intestinais e crescimento de tecido linfóide ao redor do apêndice também podem causar obstrução.

Como o apêndice fica inflamado?

Uma vez que ocorre a obstrução, o aumento da pressão dentro do apêndice leva à interrupção do fluxo sanguíneo ao redor do órgão. Isso resulta na morte progressiva das células encontradas em sua parede com um fenômeno inflamatório associado.

Mais tarde, algumas bactérias presentes no lúmen do intestino podem penetrar nas paredes do apêndice e causar infecções locais. A perfuração de órgãos e o processo inflamatório levam a quadros clínicos de difícil manejo, como abscessos abdominais e peritonite.

Quão comum é a apendicite?

Na maior parte do mundo é a patologia cirúrgica de emergência mais comum. Isso pode ser explicado pelas características muito particulares de sua anatomia, mencionadas na seção anterior.

De fato, é interessante destacar que durante alguns procedimentos abdominais (por qualquer outro motivo) a retirada do apêndice (apendicectomia) seja realizada preventivamente, devido ao alto risco de desenvolver a doença em quase todas as faixas etárias.

Tende a ser um pouco mais comum naqueles países com alta prevalência de constipação ou prisão de ventre. Isso acontece devido a dietas com pouco teor de fibras, água e vegetais.

Como é o processo de diagnóstico da apendicite?

Mesmo quando os sintomas se apresentam caracteristicamente, em alguns pacientes pode existir um dilema diagnóstico. Isso acontece, sobretudo, nas mulheres.

Além do exame físico e da história clínica, podem ser solicitados os seguintes exames complementares para um diagnóstico mais preciso:

  • Hemograma completo ou hematologia completa (HC): permite avaliar a contagem de glóbulos brancos e os valores de hemoglobina.
  • Reagentes de fase aguda: são medidos no sangue e os mais utilizados são o VHS e o PCR, que permitem determinar se há um processo inflamatório ativo.
  • Ultrassonografia abdominal: permite a visualização de sinais inflamatórios ao redor do apêndice, embora nem sempre sejam visíveis.
  • Radiografia simples de abdome: raramente solicitada para tentar observar a causa da obstrução.

Em mulheres

Como mencionamos anteriormente, o processo de diagnóstico em mulheres pode ser mais complicado do que em homens. Isso se deve à abundância de elementos anatômicos presentes na região pélvica das mulheres, que também são suscetíveis a inflamações e necessitam de cirurgia.

Esses órgãos incluem o útero, as trompas de falópio e os ovários. Por várias razões, qualquer um deles pode ser infectado e causar dor intensa, febre e vômitos.

Algumas das condições que mais confundem os médicos são doença inflamatória pélvica, salpingite, abscessos ovarianos e gravidez ectópica. Por este último motivo, um teste de gravidez pode ser solicitado antes de qualquer  intervenção.

Estudos complementares geralmente são usados para determinar a origem da dor. Por exemplo, uma ultrassonografia transvaginal pode fornecer informações valiosas para o diagnóstico de infecções ginecológicas que simulam apendicite.

Em homens

Devido à ausência dos referidos órgãos, a apresentação dos sintomas clássicos de apendicite no homem não costuma levar a dúvidas diagnósticas. No entanto, nem sempre é tão fácil.

Em algumas ocasiões, o apêndice pode estar localizado em diferentes áreas da cavidade abdominal. Isso pode estar no lado oposto (ou seja, no quadrante inferior esquerdo) ou abaixo do fígado.

Conforme apresentado em revisão de caso publicada em 2015, a apendicite do lado esquerdo é rara, mas pode acontecer. Em tais circunstâncias, apenas alguns estudos de imagem, como a tomografia computadorizada, podem fornecer informações suficientes.

Apendicectomia para apendicite.
A intervenção cirúrgica é a solução final para a doença.

Qual o tratamento para apendicite?

Apesar de ser um processo inflamatório e infeccioso que pode ser amenizado com a administração de antibióticos intravenosos, um caso de apendicite não será resolvido dessa forma. Um procedimento cirúrgico conhecido como apendicectomia é necessário.

É um procedimento de emergência, o que não significa que deva ser feito imediatamente. Se os sintomas tiverem um tempo de evolução muito curto, os médicos indicam os estudos mencionados para obter clareza diagnóstica.

Apendicectomia laparoscópica: a opção preferida

É a técnica preferida atualmente e consiste na realização de uma pequena incisão abdominal por onde são inseridos dispositivos com lente ótica, conforme descrito em estudos científicos. Isso permite a visualização da cavidade de forma bastante aceitável.

A laparoscopia tem menos complicações e permite vários procedimentos, como colecistectomias, esterilizações e pancreatectomias. Apesar disso, requer ter uma boa técnica por parte do cirurgião.

Além disso, também pode ser realizada para fins exploratórios e diagnósticos. Isso porque, devido à pequena incisão, é uma intervenção minimamente invasiva.

Quando ir ao médico?

O principal sintoma da apendicite é a dor abdominal na fossa ilíaca direita. Se chegar a apresentar esse problema, o diagnóstico é bastante provável. Com o passar das horas é possível que se acrescentem os restantes signos mencionados.

Nestes casos é necessário ir a um serviço de emergência o mais rápido possível. Dependendo do hospital, o primeiro contato pode ser com um médico de família ou especialista em emergência. Porém, então será o especialista em cirurgia geral e aparelho digestivo quem estará no comando.



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