Depressão por amor: o que é e como superá-la

A depressão devida ao amor provém de uma situação de desamor, tal como uma ruptura ou infidelidade. Neste artigo contamos a você exatamente o que é, que tipo de sintomas envolve e como tratá-los.
Depressão por amor: o que é e como superá-la
Laura Ruiz Mitjana

Escrito e verificado por la psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 11 abril, 2023

Todos nós, em algum momento de nossas vidas, tivemos que enfrentar uma perda. Especificamente, uma perda de amor após uma separação. São situações vitais que, uma vez vividas e percorridas, nos permitem conhecer-nos melhor e desenvolver a resiliência. Porém, quando não temos os recursos adequados para enfrentá-la, podemos desenvolver uma depressão por amor.

Chamamos de depressão por amor um transtorno depressivo que surge como consequência de um rompimento, de uma decepção amorosa e de uma situação de desamor. O que nos faz sofrer não é a separação em si, mas todas aquelas expectativas e planos para o futuro que havíamos depositado no relacionamento.

Muitas vezes, a frustração acaba levando a sintomas depressivos que devem ser identificados e tratados. Como superá-la, então? Quais são os seus sintomas? Por que aparece? Contamos-lhe tudo.

“A tristeza não fica para sempre quando caminhamos na direção do que sempre queremos.”

-Paulo Coelho-

Por que a depressão por o amor aparece?

Poderíamos definir a depressão por amor como aquela que deriva de uma situação de desamor. Assim, é um transtorno depressivo como tal, que geralmente aparece devido a um rompimento recente.

Entre os sintomas mais frequentes encontramos falta de energia, aumento ou diminuição da fome, anedonia, falta de motivação, sentimentos de vazio e tristeza, pensamentos negativos e, em casos extremos, ideias autolíticas ou suicidas.

A principal causa de depressão por amor é, mais que amor, o desamor. Estamos falando de separações, decepções, decepções derivadas de alguém que nos enganou nessa área (por exemplo, por infidelidade).

Segundo algumas teorias explicativas da depressão, esta aparece devido à diminuição ou desaparecimento de reforços positivos ou, o que é o mesmo, devido a perdas significativas. Assim, ao diminuir o reforço positivo que recebemos (neste caso, do nosso parceiro), surgem os sintomas depressivos.

Por outro lado, quando estamos em um relacionamento (se o relacionamento não for tóxico e  é saudável), temos suporte emocional e estabilidade nessa área que, quando perdida, se quebra. As pessoas com depressão amorosa muitas vezes sentem que seu mundo afetivo quebrou.

Separação de um casal.
As rupturas amorosas determinam o início de uma nova etapa de solidão que deve ser enfrentada.

Relacionamentos tóxicos

Por outro lado, a depressão por amor também surge quando casais tóxicos se separam. É comum que, se estivermos em um relacionamento tóxico, tendemos a investir todas as nossas energias nessa outra pessoa. Quando o relacionamento termina, mesmo que tenha sido prejudicial, sentimos um vazio que não sabemos como preencher e devemos enfrentar a tarefa de cuidar da nossa própria vida.

O que acontece quando o relacionamento termina? Que não temos escolha a não ser começar com nossa existência. Isso muitas vezes leva a sentimentos depressivos, porque não sabemos como começar. Terminar um relacionamento nos coloca frente a frente com nós mesmos e a solidão.

Sintomas de depressão por amor

Vimos no início alguns dos sintomas mais frequentes da depressão por amor, mas existem muitos outros. Na verdade, pode carregar qualquer sintoma de transtorno depressivo, classificado como transtorno do humor no “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” ( DSM-5 ).

De acordo com o DSM-5, juntamente com o “Manual de Psicopatologia” de Belloch et al. (2010), o transtorno depressivo é caracterizado pelos seguintes grupos de sintomas.

Sintomas de humor

Na depressão por amor são muito comuns. Eles incluem sentimentos de tristeza, desânimo, infelicidade, ansiedade, sensação de vazio e anestesia emocional. Eles podem variar em cada pessoa. Por outro lado, esses sintomas aparecem principalmente no início, nos primeiros momentos após a separação.

Sintomas motivacionais e comportamentais

Entre eles encontramos uma forte inibição (a pessoa apresenta dificuldades na hora de agir, principalmente nas interações com os outros). Por outro lado, aparecem apatia (falta de entusiasmo pela vida em geral), anedonia (dificuldade em sentir prazer), falta de motivação, retardo psicomotor (movimentos mais lentos que o habitual) e estupor (mutismo e paralisia).

Sintomas cognitivos

Isso geralmente inclui desempenho prejudicado e déficits formais de atenção, memória, velocidade mental, esforço e controle executivo e automático. Por outro lado, surge um pensamento circular e ruminativo; a pessoa geralmente sofre por causa desses pensamentos em loop sobre a outra pessoa, fazendo perguntas para as quais não tem resposta e revendo momentos vividos com o outro.

Por fim, há também uma alteração no conteúdo do próprio pensamento e na chamada tríade negativa proposta por Beck. Consiste em ter pensamentos negativos em relação a si mesmo, ao mundo e ao futuro. Também pode haver ódio de si mesmo, culpa, desesperança e pensamentos suicidas.

Sintomas físicos

Na depressão amorosa aparecem sintomas físicos, sendo os principais os seguintes:

  • Problemas de sono: insônia, pesadelos ou sonhos relacionados ao rompimento.
  • Fadiga.
  • Aumento ou diminuição do apetite e do peso: às vezes a pessoa tende a comer com base na ansiedade ou no humor e não tanto pela fome.
  • Diminuição do desejo sexual.
  • Desconforto corporal difuso: náusea, instabilidade, tontura.

Sintomas interpessoais

As relações sociais, quando alguém sofre de depressão amorosa, também podem ser afetadas. De que maneira? Para começar, a pessoa pode se isolar.

Por outro lado, ela pode agir de forma irritável, indiferente ou agressiva com seus amigos, como resultado do desconforto que sente devido à decepção amorosa. Assim, pode ocorrer uma deterioração das relações sociais e diminuição do interesse pelas pessoas, com rejeição dos outros.

Desagregação emocional de um casal.
As separações criam uma nova situação que devemos enfrentar e superar para seguir em frente.

Como superar a depressão por amor?

No caso de sofrermos de uma depressão diagnosticada, estamos falando de um distúrbio muito sério. Nestes casos será fundamental pedir ajuda profissional e fazer terapia (incluindo uma consulta com o psiquiatra). Além disso, deixamos algumas ideias que o podem ajudar a sair desta situação:

  • Cuide-se: é hora de comer e dormir bem, pois manter uma boa dose de energia nos ajudará a combater a apatia.
  • Expresse como você se sente: seja com um psicólogo ou com amigos e familiares, expressar como você se sente ajudará você a esclarecer as emoções e começar a administrar a perda. Você também pode tentar escrever ou desenhar.
  • Ocupe a sua mente: não se trata de evitar o sofrimento, mas de combinar os momentos de luto com momentos gratificantes para si, através de esportes ou outras atividades.
  • Permita-se sentir: não é hora de se julgar, mas de se deixar levar pelo que sente. Quando sentir que precisa chorar, faça, permita-se passar pela dor, mas ela sempre volta, agarre-se às coisas que estão indo bem.

Essas são apenas algumas ideias para começarmos a enfrentar essa nova situação de dor em nossas vidas. Como sempre, procurar um profissional para nos ajudar a passar pelo luto e aliviar os sintomas da depressão será o primeiro passo para trabalhar nosso bem-estar e felicidade.



  • American Psychiatric Association -APA- (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Madrid. Panamericana.
  • Belloch, A., Sandín, B. y Ramos, F. (2010). Manual de Psicopatología. Volumen II. Madrid: McGraw-Hill.
  • Bowlby, J. (1986) Vínculos afectivos: Formación, desarrollo y pérdida. Ediciones Morata. Madrid.
  • Jülicher, J. (2004). Todo volverá a ir bien, pero nunca será como antes. El acompañamiento en el duelo.
    Ed. Sal Terrae.
  • Pérez, M., Fernández, J.R., Fernández, C. y Amigo, I. (2010). Guía de tratamientos psicológicos eficaces I y II. Madrid: Pirámide.
  • Worden, W. (2013). El tratamiento del duelo. Paidós Ibérica.

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