6 medicamentos que podem aumentar a pressão arterial

Não é segredo que medicamentos geram sequelas após a ingestão prolongada. Hoje nos concentramos nos grupos que podem aumentar a sua pressão arterial.
6 medicamentos que podem aumentar a pressão arterial

Última atualização: 09 julho, 2021

Etiologicamente, existem dois tipos de hipertensão: idiopática e secundária. A primeira afeta 90% dos pacientes sem causa aparente de desenvolvimento. A segunda corresponde a 10% dos casos e tem sua origem em algum tipo de catalisador. Entre eles foram identificados alguns medicamentos que aumentam a pressão arterial.

Independentemente da ingestão ser ou não regulada por um especialista, certos medicamentos causam aumento na pressão arterial como efeito colateral. Saber quais são esses medicamentos é muito importante para reconhecer possíveis desequilíbrios de pressão, especialmente se a pessoa faz parte de grupos de risco. Hoje vamos mostrar alguns deles que estão sendo estudados pela ciência.

Medicamentos que aumentam a pressão arterial

Os medicamentos podem aumentar a pressão arterial de muitas maneiras. Embora isso dependa do grupo a que eles pertencem, as evidências indicam que retenção de líquidos, alterações no sistema simpático e vasoconstrição direta são algumas das formas que derivam em hipertensão.

Sabe-se também que a maioria desses aumentos na pressão são transitórios e geralmente não colocam em risco a vida do paciente. Se combinados com outros catalisadores ou um estilo de vida desleixado, eles podem desencadear problemas renais, encefalopatias e acidentes cardiovasculares.

O problema é que muitos deles são vendidos sem receita. Milhões de pessoas os ingerem a cada ano para aliviar resfriados, dores ou neutralizar sintomas de alergia. Mesmo quando o tratamento anti-hipertensivo é mantido, eles podem reverter os efeitos vasodilatadores. Entre esses medicamentos, destacamos os seguintes:

1. Analgésicos

Os medicamentos que aumentam a pressão arterial incluem os analgésicos
Os analgésicos estão entre os medicamentos mais usados em todo o mundo. No entanto, eles não são isentos de efeitos adversos.

Analgésicos como paracetamol, piroxicam, ibuprofeno, naproxeno, aspirina e indometacina são geralmente usados para aliviar os sintomas das dores de cabeça, musculares, inflamações e febres. Estudos e pesquisas têm associado o consumo regular desses medicamentos ao aumento da pressão arterial, independentemente do paciente apresentar outro fator de risco.

O desenvolvimento dessa sequela pode ocorrer mesmo em pessoas que não sofrem de hipertensão. Os analgésicos estão disponíveis sem receita e são usados sem supervisão médica em grande parte do mundo. O mecanismo gerador não é conhecido, embora a hipótese se concentre na retenção de sódio.

2. Antidepressivos

Os antidepressivos são um grupo de drogas que atuam alterando a resposta do corpo a algumas substâncias químicas, por exemplo serotonina e dopamina. Embora o debate ainda esteja aberto, sua ingestão tem sido associada a um risco aumentado de desenvolver hipertensão.

A possível relação entre eles e a gravidez também foi investigada. Um artigo publicado na BMC Pregnancy and Childbirth em 2019 determinou que mulheres grávidas têm até três vezes mais risco de desenvolver pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional quando expostas a antidepressivos.

Entre os medicamentos citados estão os tricíclicos, inibidores da monoamina oxidase, venlafaxina e fluoxetina. Como o tratamento costuma ser prolongado, os pacientes devem monitorar a pressão regularmente.

3. Anticoncepcionais orais

evidências de que tomar anticoncepcionais orais aumenta as chances de desenvolver doenças cardíacas. Se você tem hipertensão e faz tratamento contraceptivo, é possível que o anticoncepcional neutralize as qualidades anti-hipertensivas da terapia, de acordo com alguns estudos.

A relação entre os anticoncepcionais e a pressão alta não é clara, mas acredita-se que as mudanças hormonais que eles geram desencadeiam uma série de distúrbios fisiológicos internos.

Quanto maior a dose hormonal, maiores são as complicações. No entanto, algumas pesquisas indicam que os efeitos cardiovasculares podem ser desencadeados com apenas 30 microgramas de estrogênio.

4. Imunossupressores

Os imunossupressores são muito usados por pessoas que fizeram transplante de órgãos. Nestes casos, eles são usados para prevenir a rejeição, mas esses remédios também podem ser receitados para tratar doenças autoimunes. Assim, as pessoas que sofrem de lúpus ou artrite reumatoide mantêm um tratamento baseado neles.

Acredita-se que essas drogas afetam os rins, reduzindo a excreção de água, potássio e sódio, conforme apontado pelas evidências. Os medicamentos citados neste caso são o tacrolimus e a ciclosporina. Esta última pode gerar desequilíbrio na pressão arterial em até 50% dos casos, segundo estudos.

5. Suplementos à base de ervas

Entre os medicamentos que aumentam a pressão arterial, destacam-se os derivados de ervas naturais.
Algumas dessas substâncias também são consumidas em infusões. O risco de efeitos adversos é maior quando combinado com outros medicamentos.

Muitas pessoas escolhem remédios naturais como alternativa às drogas, por acreditar que eles são mais seguros. Mas o fato de um suplemento conter apenas ingredientes naturais não o impede de ter efeitos colaterais. Por exemplo, pesquisas sugerem que os seguintes suplementos podem causar hipertensão:

  • Gingsen.
  • Laranja amarga.
  • Guaraná.
  • Arnica.
  • Mirtilo.
  • Erva-de-são-joão.
  • Alcaçuz.
  • Óleo de poejo.
  • Efedra.
  • Dong Quai.

Se você começar a ingerir qualquer um destes suplementos deve informar ao seu médico, especialmente se já fizer terapia medicamentosa. A interação deles com algumas drogas pode causar hipertensão, por isso a ingestão deve ser monitorada e nunca deve substituir o tratamento recomendado por um especialista.

6. Medicamentos para resfriado

A maioria dos medicamentos indicados para tratar o resfriado comum está disponível sem receita. Todos os anos, milhões de pessoas se automedicam com eles, às vezes depois do período recomendado.

Está comprovado que o uso abusivo de descongestionantes nasais pode causar crises hipertensivas e danos renais irreversíveis. O uso de medicamentos contendo fenilefrina também foi associado à hipertensão em crianças. Outros descongestionantes, como a pseudoefedrina, foram identificados por algumas pesquisas como causadores de aumento na pressão arterial.

Os efeitos colaterais de todos esses grupos variam de acordo com a dose, peso, idade do paciente e tempo de exposição. Eles também podem piorar se ele estiver em grupos de risco de hipertensão, que são os seguintes:

  • Estar acima do peso ou ser obeso.
  • Não fazer atividade física de forma recorrente.
  • Ter uma dieta descontrolada com alto percentual de alimentos processados e sódio.
  • Histórico de hipertensão na família.
  • Sofrer de doenças cardiovasculares, diabetes e doenças hepáticas ou renais.
  • Ter mais de 40 anos.
  • Desenvolver frequentemente episódios de estresse ou ansiedade.

Se você estiver incluído em alguns desses fatores de risco e abusar da dosagem sugerida na bula do medicamento, a balança pesará contra você. Os medicamentos que aumentam a pressão arterial devem usados apenas com prescrição médica, se possível de um especialista. A automedicação não é recomendada, especialmente na presença de doenças prévias.

Muitas vezes, a hipertensão não causa sintomas, detalhe que pode evitar que quem usa esses medicamentos de forma irregular seja alertado para a alteração nos vasos sanguíneos, por isso o monitoramento mensal dos valores de pressão arterial é recomendado como método preventivo. Se você detectar um desequilíbrio, procure assistência médica para encontrar um medicamento substituto.



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