Viver com a doença de Lyme

Lidar com a doença de Lyme pode ser difícil para muitas pessoas, especialmente quando existe dor articular e fadiga. Infelizmente, as mudanças de humor são comuns, de forma que o apoio dos entes queridos é fundamental.
Viver com a doença de Lyme

Última atualização: 06 setembro, 2021

A doença de Lyme é uma patologia transmitida por carrapatos que pode causar múltiplas dores a curto e longo prazo. O tratamento dela pode demorar várias semanas para fazer efeito, de modo que as dores não desaparecem imediatamente. Nesse sentido, os pacientes devem aprender a viver com a doença de Lyme por um certo período.

Por outro lado, estudos mostram que até 5% dos pacientes podem desenvolver a síndrome pós-tratamento da doença de Lyme, que é definida como “a persistência de sintomas como fadiga e dores nas articulações após o fim do tratamento com antibióticos”. Esses sintomas podem levar meses para desaparecer, portanto o paciente deve adaptar seu estilo de vida a eles.

Cuidados fisicos

A patologia em questão pode provocar o aparecimento de complicações que diminuem a qualidade de vida das pessoas, principalmente quando a doença não é diagnosticada a tempo. Uma das complicações mais comuns é um tipo específico de artrite conhecido como artrite de Lyme, mas também podem ser causados problemas neurológicos e cardíacos.

Nesse sentido, uma série de mudanças no estilo de vida associadas aos cuidados físicos relacionados podem contribuir para um melhor enfrentamento da doença. Entre as alterações que podem ser feitas, destacam-se as seguintes:

Controle da dor

É possível viver com a doença de Lyme.
Analgésicos e anti-inflamatórios são muito úteis para o controle da dor. Além disso, medidas físicas como o uso de compressas frias também costumam ser úteis.

A dor articular é talvez um dos sintomas que provocam mais sofrimento aos pacientes com doença de Lyme e síndrome pós-tratamento. Recomenda-se que as pessoas afetadas busquem técnicas que ajudem a reduzir a dor para níveis toleráveis.

Para isso existem vários métodos que podem ser úteis, dentre os quais se destacam:

  • Aplicar compressas quentes ou frias nos músculos e articulações inflamadas.
  • Utilizar sais de Epsom.
  • Empregar técnicas de acupuntura ou quiropraxia.
  • Receber massagens suaves nas articulações doloridas.

É importante ressaltar que essas técnicas podem não funcionar para todos, portanto os resultados são altamente variáveis. O uso de anti-inflamatórios não esteróides, como o naproxeno, também pode ajudar os pacientes a viver com a doença de Lyme. No entanto, é sempre aconselhável consultar um especialista antes de tomar qualquer medicamento.

Praticar exercícios

A atividade física é uma das melhores maneiras de prevenir doenças e se manter saudável. Ela oferece grandes benefícios ao melhorar o sistema cardiovascular e regular vários processos do organismo.

Um dos sintomas mais comuns da doença de Lyme é a dor articular, portanto praticar exercícios pode parecer uma má ideia. No entanto, estudos têm demonstrado que a prática de atividade física de resistência 3 vezes por semana pode melhorar a saúde das pessoas com essa patologia.

O estudo em questão avaliou 8 pacientes com doença de Lyme crônica que cumpriram com uma série de exercícios controlados por várias semanas. No final da pesquisa, as pessoas relataram que se sentiam mais saudáveis e com mais energia, apesar da doença. Ressaltamos que é sempre aconselhável consultar um especialista antes de iniciar qualquer atividade física.

Manter uma dieta saudável

Infelizmente não existem muitos estudos demonstrando que as mudanças na dieta podem reduzir os sintomas, ajudando os pacientes a viver com a doença de Lyme. Porém, o mais aconselhável é seguir uma alimentação saudável e balanceada, garantindo o fornecimento de nutrientes necessários à renovação das células.

É importante lembrar que o agente causador da patologia é um organismo intracelular, portanto a renovação das células favorece a eliminação do mesmo. A adoção de uma dieta anti-inflamatória também pode ser benéfica ao reduzir a inflamação das articulações, portanto, as seguintes dicas podem ser seguidas:

  • Priorizar o uso de azeite de oliva ao cozinhar.
  • Reduzir o consumo de carne vermelha.
  • Ingerir pelo menos 2 xícaras e meia de frutas e vegetais por dia.

Por outro lado, as pessoas com doença de Lyme costumam seguir um tratamento rigoroso com antibióticos, o que pode afetar a microbiota intestinal. Esse fato pode favorecer o aparecimento de várias patologias gastrointestinais que complicam o quadro clínico. Nesse sentido, é aconselhável cuidar da microbiota aumentando o consumo de fibras e alimentos fermentados, como o iogurte.

Controle emocional

O diagnóstico de certas doenças pode causar choque e alterações no humor das pessoas que sofrem com elas, principalmente se a patologia envolver dor ou alguma limitação funcional. Nesse sentido, a doença de Lyme e a síndrome pós-tratamento podem provocar alterações psiquiátricas nas pessoas, levando-as a sofrer até mesmo de depressão ou ansiedade.

Essa patologia também pode afetar o sistema nervoso central, provocando o aparecimento de alguns sintomas que pioram o humor dos pacientes. Vários estudos mostram que as pessoas afetadas pela síndrome pós-tratamento da doença de Lyme apresentam lentidão motora.

As pessoas também podem desenvolver problemas variáveis de memória e alterações na fluência da linguagem. Todas essas condições influenciam no desenvolvimento de transtornos psiquiátricos e alterações de humor. Nesse sentido, é de vital importância que o entorno familiar apoie e compreenda a pessoa doente, pelo menos até o momento da sua cura.

Em caso de depressão grave ou mudanças repentinas de humor, é importante consultar um médico especialista. Ele pode oferecer opções de tratamento que ajudem a melhorar a situação. Também existem grupos de apoio online, com pessoas que superaram a doença, cuja experiência pode ser útil para aqueles que estão sofrendo com ela.

Convivência social

O apoio social e familiar é importante para viver com a doença de Lyme.
O apoio dos entes queridos, especialmente em momentos de ansiedade ou dor intensa, é muito importante para lidar com a doença de Lyme.

Todos os transtornos psiquiátricos e emocionais desenvolvidos também podem afetar o âmbito social das pessoas. Nesse sentido, viver com a doença de Lyme pode ter repercussões de longo prazo, mesmo quando a doença já desapareceu completamente.

As pessoas doentes podem querer se isolar e cortar qualquer conexão com o mundo exterior. Nesse sentido, é importante que os amigos e familiares estejam cientes do diagnóstico da doença.

Além disso, os entes queridos devem saber como a doença afetou o paciente, o que lhes permitirá encontrar a melhor forma de abordá-lo, evitando danos maiores no relacionamento interpessoal.

A convivência social das pessoas com doença de Lyme deve ser feita com o maior cuidado possível, uma vez que elas podem desenvolver muitos sentimentos negativos. Felizmente, essa sensação geralmente desaparece por conta própria no final da doença, de modo que é apenas uma questão de tempo até que a pessoa afetada recupere seu humor habitual.

Um desafio transitório

Viver com a doença de Lyme pode ser um verdadeiro desafio para muitas pessoas, especialmente quando os sintomas persistem devido à síndrome pós-tratamento. Felizmente, a doença geralmente desaparece completamente após o tratamento com antibióticos, portanto este não é um desafio permanente.

Uma das consequências mais frequentes dessa patologia é o aparecimento de transtornos psiquiátricos como depressão e oscilações de humor. Nesse sentido, os amigos, familiares e grupos de apoio são elementos fundamentais, ajudando os pacientes a superar de forma exitosa a doença e seus efeitos.



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