Tratamento da doença de Lyme

O tratamento da doença de Lyme e suas complicações se baseia no uso de diferentes medicamentos com propriedades antibióticas. Felizmente, a taxa de sucesso é alta, representando a cura total da doença.
Tratamento da doença de Lyme

Última atualização: 24 agosto, 2021

A doença de Lyme é transmitida pela picada de carrapatos, muito comuns em regiões como Estados Unidos e Europa. Essa doença aparece como resultado da infecção por várias bactérias pertencentes ao gênero Borrelia. Nesse sentido, o tratamento da doença de Lyme tem como objetivo eliminar a bactéria do organismo.

Vários estudos estabelecem que o tratamento com antibióticos orais costuma ser eficaz e representa a cura total da doença nos estágios iniciais. No entanto, o aparecimento de complicações como a artrite de Lyme pode indicar a presença de bactérias mais resistentes, tornando necessárias novas medidas terapêuticas.

Medicamentos para tratar a doença de Lyme

O tratamento da doença de Lyme é variado.
Por ser uma doença infecciosa, os antimicrobianos são a primeira opção terapêutica. A escolha dos mesmos depende da extensão da doença.

A primeira opção para o tratamento da doença de Lyme será sempre o uso de antibióticos. A forma de administração desses medicamentos pode variar dependendo do estágio da doença, sendo oral nos estágios iniciais e intravenoso quando a doença já está avançada.

Por outro lado, também pode ser necessário o uso de outros medicamentos, como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Eles são usados para tratar os sintomas de certas complicações da doença, como a artrite de Lyme.

Nesse sentido, dentre as principais prescrições utilizadas para o tratamento da doença de Lyme, destacam-se as seguintes:

Antibióticos orais

Os antibióticos orais são indicados para o tratamento da doença de Lyme quando ela está nos estágios iniciais e não houveram complicações. Vários estudos mostram que o tratamento com doxiciclina 2 vezes ao dia durante 10 ou 21 dias apresenta bons resultados. Medicamentos como amoxicilina ou azitromicina também podem ser usados durante esses estágios.

O mecanismo de ação da doxiciclina e da azitromicina é muito semelhante. Eles inibem a síntese de proteínas nas bactérias, ligando-se a diferentes partes de uma organela chamada ribossomo. Por outro lado, a amoxicilina se liga a um receptor específico na membrana plasmática da bactéria, o que induz a sua apoptose (morte celular programada).

Esses medicamentos devem ser usados em doses precisas e seguindo as instruções do especialista. Isso ajudará na obtenção de melhores resultados durante o tratamento e na redução da chance de desenvolver resistência bacteriana. O uso de antibióticos geralmente não tem grandes efeitos colaterais, quando realizado sob supervisão médica.

Alguns pacientes podem apresentar uma condição conhecida como síndrome pós-tratamento da doença de Lyme após o término da terapia antimicrobiana. Ela provoca sintomas como dor, confusão e fadiga, que podem durar mais de 6 meses. Infelizmente, a causa desta síndrome não é conhecida e não existe um tratamento específico para ela.

Antibióticos intravenosos

O tratamento da doença de Lyme pode ser feito durante a hospitalização.
O tratamento intravenoso costuma ser reservado para os quadros graves, nos quais a hospitalização é necessária. Felizmente, eles representam a minoria dos casos.

O uso de antibióticos intravenosos é indicado como tratamento de primeira escolha em algumas complicações da doença de Lyme. Essas diretrizes foram estabelecidas pelo National Institute for Health and Care Excellence em Londres, e se aplicam a problemas no sistema nervoso central e doenças cardíacas com instabilidade hemodinâmica.

Nestes casos, para adultos é recomendado o uso de ceftriaxona intravenosa na dose de 2 gramas ao dia por um máximo de 21 dias. A ceftriaxona atua de forma semelhante à amoxicilina, se ligando a receptores específicos encontrados na parede celular bacteriana.

Esses medicamentos também são recomendados como segunda ou terceira escolha terapêutica para outras complicações, como a artrite de Lyme, miocardite e acrodermatite atrófica crônica. Nesse caso, o antibiótico recomendado também será a ceftriaxona em doses semelhantes por 21 ou 28 dias, dependendo da condição.

A administração intravenosa aumenta a quantidade de medicamento capaz de gerar o efeito desejado, portanto a ação será mais potente. No entanto, ela também aumenta a probabilidade de alguns efeitos colaterais como diarreia, dor abdominal, erupção cutânea, dor no peito ou fezes sanguinolentas.

Alguns efeitos colaterais podem ser indicativos de uma condição grave, portanto, o médico deve ser notificado caso eles ocorram. A ceftriaxona intravenosa só deve ser administrada em ambiente hospitalar e sob supervisão estrita de profissionais de saúde.

Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)

Além do uso de doxiciclina, amoxicilina ou ceftriaxona para eliminar as bactérias do organismo, outros medicamentos também podem ser usados para aliviar as complicações da doença. Nesse sentido, o uso de AINEs pode ser benéfico para o alívio da dor e inflamação na artrite de Lyme.

Esses medicamentos, como o ibuprofeno ou naproxeno, geralmente são vendidos sem prescrição médica e podem ser tomados durante o tratamento com antibióticos. Eles provocam poucos efeitos colaterais, embora neste caso o médico deva ser consultado sobre a segurança do consumo.

Medicina alternativa para a doença de Lyme

A combinação de alguns extratos de plantas demonstrou efeito contra a replicação de Borrelia burgdorferi e outras bactérias.

Alguns estudos in vitro demonstraram que a combinação de Samento e Banderol apresenta um efeito anti-inflamatório e antimicrobiano, por isso no futuro eles podem ser uma alternativa aos antibióticos no tratamento da doença de Lyme.

No entanto, é importante destacar que mais pesquisas são necessárias para demonstrar o efeito que essas plantas provocam no corpo humano. Nesse sentido, os antibióticos tradicionais continuam sendo a única opção terapêutica aprovada e recomendada.

Um tratamento simples com alta probabilidade de cura

O principal tratamento disponível para a doença de Lyme são os antibióticos orais, especialmente quando a doença está nos estágios iniciais. O uso de compostos intravenosos é reservado para certas complicações e quando a terapia oral não produz o efeito desejado.

Felizmente, o tratamento com antibióticos orais representa a cura total para a doença e suas complicações, na maioria dos casos. É importante observar que o diagnóstico precoce desempenha um papel fundamental, portanto, é importante consultar um médico imediatamente se caso sejam percebidos sintomas anormais após a picada de um carrapato.



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