Vícios

Como nos vícios químicos, as pessoas viciadas em certo comportamento experimentam, quando não conseguem realizá-lo, uma síndrome de abstinência. Isso é caracterizado pela presença de sofrimento emocional profundo.
Vícios
Paula Villasante

Escrito e verificado por la psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 18 dezembro, 2022

Segundo o dicionário, o vício é definido como dependência do consumo de alguma substância ou prática de uma atividade.

No entanto, descobriu-se que o elemento essencial de todos os transtornos de dependência é a falta de controle. Desse modo, pode-se dizer que a base de todos os vícios é a falta de controle que a pessoa tem sobre determinado comportamento.

No início, esse comportamento pode ser agradável. Mas, com o tempo, a pessoa que sofre de dependência pode ver como isso assume o controle de sua vida.

Atualmente, os vícios não se limitam a comportamentos gerados pelo uso incontrolável de substâncias. Alguns exemplos dessas substâncias são álcool, tabaco, cannabis ou anfetaminas.

Hoje em dia, também existem hábitos de comportamento aparentemente inofensivos que, em certas circunstâncias, podem se tornar viciantes e interferir seriamente no dia a dia das pessoas afetadas.

Vício clássico: abuso de substâncias

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O vício em drogas ou substâncias é um distúrbio prototípico do sistema de recompensa neural. As drogas têm sido sugeridas para ‘sequestrar’ este sistema e induzir formas potentes de aprendizagem de reforço, resultando em sequências aberrantes, aumento da procura de drogas e comportamento associado às drogas.

Assim, as transições hipotéticas de comportamentos de ação-resultado (isto é, direcionados a um objetivo) para a resposta habitual no vício têm sido relacionadas aos circuitos em cascata dos gânglios de base.

Uma perspectiva alternativa, mas possivelmente relacionada, é a hipótese do processo oposto , talvez mais relevante para o vício de opiáceos e álcool. Essa hipótese também invoca fenômenos físicos e subjetivos, como desejo, tolerância e retraimento. A análise crescente do jogo compulsivo está segue o mesmo curso.

Vícios comportamentais

Como nos vícios químicos, as pessoas viciadas em certos comportamentos experimentam, quando não podem realizá-los, uma síndrome de abstinência. Isso é caracterizado pela presença de sofrimento emocional profundo.

Quando o vício comportamental progride, os comportamentos tornam-se automáticos, ativados por emoções e impulsos, com pouco controle cognitivo e autocrítica sobre eles. Assim, o aspecto central do vício comportamental não é o tipo de comportamento envolvido, mas a forma de relacionamento que o sujeito estabelece com ele.

Porém, nas palavras do pesquisador Echeburúa, qualquer atividade normal que seja agradável para um indivíduo pode se tornar um comportamento viciante. A essência do transtorno é que a pessoa perde o controle sobre a atividade escolhida e continua com ela, apesar de suas consequências adversas.

Em resumo, se uma pessoa perde o controle sobre um comportamento agradável, que se destaca do resto de suas atividades de vida, então ela desenvolveu um vício comportamental. Os principais sintomas de um vício comportamental são::

  • Desejo intenso, avidez ou necessidade incontrolável de realizar a atividade agradável.
  • Perda progressiva de controle.
  • Negligência de atividades habituais anteriores.
  • Negação da presença de um problema.
  • Direcionamento progressivo de relacionamentos, atividades e interesses em torno do vício.
  • Irritabilidade e desconforto pela impossibilidade de especificar o padrão ou sequência viciante ( abstinência).
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Assim, pesquisas indicam que o consumo de certas substâncias ou drogas produz um aumento da dopamina no sistema nervoso, o que leva a uma sensação de euforia. O aumento da dopamina pode ser gerado por outros tipos de comportamento, como problemas com o jogo, sexo descontrolado ou compras compulsivas.

Os vícios comportamentais mais comuns são:

  • Transtorno do jogo compulsivo.
  • Dependência da Internet e novas tecnologias virtuais.
  • Compras compulsivas (oniomania).
  • Compulsão sexual.
  • Vício no trabalho.

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Semelhanças entre vícios de substâncias e vícios comportamentais

Assim, a evidência sugere que existem semelhanças claras entre dependências comportamentais e dependências de substâncias. Estas são:

  • Clínica e fenomenologia.
  • Comorbidade.
  • Tolerância e retirada.
  • Histórico natural.
  • Aspectos genéticos sobrepostos.
  • Circuitos neurológicos envolvidos.
  • Respostas ao tratamento.

Caracterização dos vícios no DSM-5

Na publicação do último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) em 2013, uma nova categoria sobre vícios é proposta. Ela é chamada de ‘Transtornos Relacionados à Dependência e Substâncias’. Este novo capítulo inclui:

Para concluir, parece que devemos começar a levar mais em conta os vícios comportamentais. Eles não são menos importantes do que o vício de substâncias e podem ter consequências graves para aqueles que sofrem deles. Dar a eles a importância que eles merecem permitirá que técnicas e recursos continuem a ser desenvolvidos tanto para seus tratamentos quanto para seus diagnósticos.



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