Tipos de doença celíaca e seus sintomas

A doença celíaca pode se desenvolver de diferentes formas, que são diferenciadas por seus sintomas e onde eles ocorrem. Vamos conhecer quatro dos tipos mais frequentes e ver algumas considerações a respeito deles.
Tipos de doença celíaca e seus sintomas

Última atualização: 01 julho, 2021

A doença celíaca é um transtorno autoimune que possui diferentes tipos. Em geral, cada tipo é caracterizado por sintomas específicos, que requerem um processo diagnóstico com menor ou maior complicação. Hoje te mostraremos quais os tipos de doença celíaca e como você pode distingui-los.

Antes de prosseguir é importante que você saiba que a divisão que faremos não corresponde a graus. A doença celíaca não se manifesta em níveis (ou seja, não é um processo que aumenta gradualmente).

O que geralmente é dividido em graus é a classificação de Marsh, um método para determinar o nível de lesão no intestino das pessoas afetadas. Com isso esclarecido, vejamos os tipos de transtorno.

Quantos tipos de doença celíaca existem?

Não existe uma divisão padrão para catalogar os tipos de doença celíaca. A Federación de Asociaciones de Celíacos de España (FACE) propõe o seguinte: sintomático, subclínico, latente (A e B) e potencial.

Nos baseamos nas referências mencionadas acima para apresentar as informações neste texto, mas adaptamos os nomes para que você possa entender melhor. Sendo assim, os tipos de doença celíaca que um paciente pode manifestar são os seguintes:

Doença celíaca típica

Os tipos de doença celíaca são variados.
Como os sintomas da doença celíaca são evidentes, os pacientes com doença celíaca típica têm maior probabilidade de receber um diagnóstico precoce.

Também conhecida como doença celíaca clássica, é aquela que se manifesta por sinais no sistema gastrointestinal. Muitas vezes é diagnosticada durante a infância ou adolescência, uma vez que o transtorno se manifesta em uma intensidade particular durante os primeiros anos de vida. Embora sejam muito variados, os sintomas clássicos são detalhados a seguir:

  • Diarréia.
  • Dor abdominal.
  • Prisão de ventre.
  • Flatulências.
  • Náuseas.
  • Acidez estomacal.
  • Vômitos.

Problemas no processo de absorção também podem levar à perda de peso e retardo no crescimento. O transtorno é diagnosticado por meio de sorologia, exames genéticos e endoscopia com biópsia. O tratamento geralmente consiste na eliminação completa do glúten na dieta. Ao fazer isso, os sintomas desaparecem e as vilosidades do intestino podem se regenerar.

Doença celíaca atípica

Na doença celíaca atípica, os pacientes não desenvolvem sintomas na região intestinal ou, se desenvolvem, estes são muito leves e intermitentes. Além disso, os sinais se manifestam em outras partes do corpo, o que sugere que o problema pode estar relacionado a outra doença. Esses sintomas podem ocorrer em adultos e crianças.

  • Dores de cabeça.
  • Confusão.
  • Mudanças de humor.
  • Fadiga crônica.
  • Dor nas articulações.
  • Dormência nos membros.
  • Dor nos ossos.
  • Depressão.
  • Úlceras na boca.

As evidências sugerem que episódios de ataxia e dermatite herpetiforme também podem ocorrer. No caso das crianças, alguns estudos indicam que as manifestações psiquiátricas não são incomuns; podem ocorrer, por exemplo, transtornos do espectro do autismo (ASD) e transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Doença celíaca silenciosa

É um dos tipos mais perigosos de doença celíaca que existem, uma vez que não apresenta nenhum sintoma óbvio. Pacientes com doença celíaca silenciosa mantêm uma dieta com glúten sem que ele desencadeie sinais no trato gastrointestinal ou em outras partes do corpo. No entanto, a ausência de sintomas não significa que a condição seja inofensiva.

O principal efeito colateral é a anemia. Estudos têm atestado que a deficiência de ferro é muito comum em pessoas com essa variante, tanto que testes sorológicos para o diagnostico devem ser feitos como protocolo contra a anemia. Outras pesquisas também apontam para a infertilidade, especialmente em mulheres.

Essas são apenas duas das complicações relacionadas, mas o catálogo de problemas gerados pela doença celíaca subclínica ou silenciosa é maior. Se você tem outro distúrbio autoimune (psoríase, diabetes, artrite reumatóide) ou tem histórico de doença celíaca na família, é recomendável fazer um teste para descartar essa possibilidade.

Doença celíaca refratária

Os tipos de doença celíaca incluem a doença celíaca refratária.
Os sintomas dessa condição persistem apesar da abstinência no consumo de glúten. Além disso, o processo diagnóstico é longo, pois essa é considerada uma condição “excludente”.

Por último, encontramos a doença celíaca refratária. Ela é caracterizada por sintomas crônicos, geralmente desenvolvidos tanto em nível intestinal quanto extraintestinal. A peculiaridade desse tipo de doença celíaca é que os sintomas aparecem mesmo quando os pacientes não consomem glúten na dieta.

No quadro da doença celíaca refratária, as vilosidades do intestino não se regeneraram como esperado, o que leva a uma má absorção de nutrientes e outras complicações relacionadas. Os pesquisadores a dividem em normal (tipo I) e anormal (tipo II), com prognóstico, sintomas e tratamento particularmente desfavoráveis neste último caso.

Comparado aos demais tipos, a doença celíaca refratária é muito rara, tanto que se estima que ela ocorra em apenas 1% dos casos. O processo de diagnóstico é bastante complexo, já que dezenas de doenças e até mesmo uma possível contaminação inadvertida por glúten devem ser descartadas. De fato, muitas vezes os quadros clínicos da doença celíaca refratária são devidos apenas a esta última.

O que devo fazer se suspeitar que tenho um tipo de doença celíaca?

Se você estiver em grupos de risco ou desenvolver algum dos sintomas, o ideal é procurar assistência médica para descartar ou diagnosticar a doença. Não é recomendável iniciar um tratamento antes (ou seja, eliminar o glúten), pois isso pode condicionar o resultado do exame e gerar falsos negativos.

Hoje em dia as dietas sem glúten se tornaram muito populares. Celebridades e campanhas publicitárias garantem que este é um método saudável, fácil e rápido de perder peso, evitar algumas doenças e ter mais vitalidade. Apesar de todo o eco que isso pode gerar, sabemos que pessoas não celíacas não devem manter uma dieta sem glúten.

Isso se você não quiser desenvolver uma deficiência (de fibra, por exemplo) ou se arriscar fazendo combinações que não atendem à quantidade de nutrientes necessária de acordo com a sua demanda energética. É por esse motivo que você não deve implementar uma dieta deste tipo se não tiver certeza de que tem o distúrbio genético.

Em qualquer caso, a mediação de um nutricionista é sempre recomendada ao fazer mudanças bruscas na dieta.

Lembre-se de que a sensibilidade ao glúten não tem nada a ver com os tipos de doença celíaca (por isso não as incluímos). Por isso a importância de consultar um médico. Não hesite em buscar ajuda se os sintomas persistirem.



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