Como a psoríase é diagnosticada

A psoríase é uma doença cujos sintomas geralmente são visíveis a olho nu. Apesar disso, requer a avaliação de um especialista para corroborar possíveis diagnósticos diferenciais de outras doenças da pele.
Como a psoríase é diagnosticada

Última atualização: 05 junho, 2021

A psoríase é uma doença autoimune que se manifesta através de erupções na superfície da pele. É considerada uma doença crônica que pode passar por períodos de remissão ao longo dos anos. Só um profissional pode fazer o diagnóstico de psoríase, já que ela pode ser confundida com outras doenças cutâneas ou infecciosas.

Apesar dos avanços nas pesquisas em torno dessa condição, não existe um diagnóstico unificado para a psoríase. Por isso, o especialista deve recorrer ao reconhecimento de uma série de padrões, à revisão do histórico clínico do paciente e à consideração dos grupos de risco da doença.

Embora os sintomas da psoríase possam ser muito evidentes a olho nu, na verdade é um distúrbio muito difícil de diagnosticar para quem não é especialista. Por este motivo, é necessário recorrer a um especialista se tiver uma suspeita e assim evitar a todo o custo uma automedicação prematura.

Diagnóstico de psoríase por exame físico

Como a psoríase é diagnosticada
O exame físico fornece mais informações para o dermatologista.

Ao contrário de outras doenças autoimunes, a psoríase não pode ser diagnosticada por meio de exames de sangue ou estudos de imagem 100% eficazes. Seu diagnóstico varia de acordo com o tipo ou variante da doença, dentre os quais se destacam a vulgar, a ungueal, a gutata e a pustulosa como as mais frequentes.

O método mais utilizado pelos dermatologistas para diagnosticar a psoríase é o exame físico. É muito comum que o especialista utilize o dermatoscópio, instrumento que tem se mostrado muito útil para essa tarefa. Considerando que entre 80% e 90% da doença ocorre pela variante vulgar, será constatado o seguinte:

  • Placas elevadas e delimitadas com escamas prateadas.
  • Superfície da pele avermelhada ou perolada.
  • Inflamação e queimação na área afetada.
  • Descamação em áreas periféricas ou centrais.
  • Escoriação na epiderme.

O dermatologista revisará cuidadosamente esses sintomas na área indicada pelo paciente, bem como em outras como o couro cabeludo, as dobras, atrás das orelhas, nas articulações e extremidades. Ele também avaliará a espessura, a cor e o crescimento das unhas, um claro sintoma de psoríase ungueal.

Junto com esse exame físico, o histórico familiar do paciente será considerado. A psoríase é conhecida por ter uma alta predisposição genética, portanto, um antecedente nos pais ou avós pode ajudar a confirmá-la. Uma revisão do histórico médico em busca de lesões de pele, infecções ou distúrbios imunológicos também pode ser usada para apoiar o diagnóstico.

Finalmente, o médico especialista irá considerar os fatores de risco da psoríase e suas comorbidades. Por exemplo, sedentarismo, tabagismo excessivo, alcoolismo, obesidade e doenças cardíacas, diabetes ou síndrome metabólica aumentam as chances de desenvolvê-la.

Diagnóstico de psoríase por exames laboratoriais

Na maioria dos casos o diagnóstico da psoríase é feito através de uma avaliação física, mas em certos contextos é necessário realizar uma biópsia da superfície da pele. Esse procedimento é raro e utilizado apenas quando há dúvidas sobre um possível diagnóstico diferencial.

As evidências indicam que é muito útil em algumas variantes, como a psoríase ungueal. Isso pode ser facilmente confundido com infecções fúngicas, até por profissionais qualificados. Dessa forma, a biópsia é uma ferramenta de apoio para um diagnóstico mais preciso da psoríase.

Ela é feita por meio de uma punção pouco invasiva que remove uma amostra de tecido que logo é avaliada em um microscópio especial. Enquanto aguarda o resultado, o médico pode prescrever um tratamento preventivo para lidar com a doença.

Classificação PASI na psoríase

Ao fazer o diagnóstico de psoríase, o especialista procederá à classificação da doença de acordo com sua gravidade.

Existem muitas escalas de classificação. As três mais usadas são o National Psoriasis Foundation Psoriasis Score (NPF-PS), a Physician’s Global Assessment (PGA) e a Psoriasis Area Severity Index (PASI). Esta última é de longe a mais usada por sua praticidade.

A escala divide o corpo em quatro seções: tronco, membros superiores, membros inferiores e cabeça, considerando os seguintes valores:

  • Porcentagem de pele afetada: é regulada de 0% a 100% em graus que variam de 1 a 6.
  • Descamação: é regulada em uma escala de 0 a 4.
  • Coceira: é determinada em uma escala de 0 a 4.
  • Eritema: é regulado em uma escala de 0 a 4.
  • Induração: determinado em uma escala de 0 a 4.

No final, todos os valores são combinados e extrapolados em uma escala que varia de 0 (ausência de doença) a 72 (doença máxima). Os testes são geralmente repetidos de vez em quando para medir a melhora da condição e possíveis mudanças no tratamento caso não estejam funcionando.

Diagnóstico diferencial da psoríase

Como a psoríase é diagnosticada
Existem várias doenças de pele que podem ser confundidas com o diagnóstico de psoríase.

Uma das razões pelas quais o autodiagnóstico dos pacientes não é recomendado são as possíveis causas diferenciais das erupções cutâneas. Existem pelo menos uma dezena de doenças com sintomas muito semelhantes aos da psoríase, tornando a avaliação de um especialista insubstituível.

Os diagnósticos diferenciais mais comuns de psoríase são os seguintes:

  • Dermatite seborreica: diagnóstico diferencial muito comum na psoríase vulgar, principalmente quando os surtos se localizam no couro cabeludo e arredores.
  • Líquen simplex crônico – geralmente se desenvolve na virilha, nas extremidades, no pescoço e nos órgãos genitais.
  • Micose do corpo: muito comum em áreas descobertas, é caracterizada por microvesículas nas bordas. É diagnosticado por cultura e KOH (hidróxido de potássio).
  • Onicomicose – infecções fúngicas das unhas podem ser confundidas com psoríase ungueal.
  • Dermatite atópica: mais comum em crianças, o eczema representa um diagnóstico mais conservador do que a psoríase.
  • Lúpus: Também de origem autoimune, o lúpus geralmente apresenta outros sintomas como febre, fadiga e danos ao coração, pulmões, fígado e rins.
  • Câncer de pele: o carcinoma de células escamosas se desenvolve na superfície da pele exposta ao sol. É caracterizada por nódulos, feridas ou manchas muito firmes e delimitadas.

Esses são apenas alguns exemplos de diagnósticos diferenciais, embora existam muitos outros, como leishmaniose, artrite reativa ou pitiríase rósea.

Devido a isso, é muito importante consultar um especialista, de preferência um dermatologista, assim que forem observadas alterações na superfície da pele. Um diagnóstico incorreto é contraproducente para o tratamento e melhora dos sintomas, ainda mais se você prosseguir com a automedicação.

Embora a doença não tenha cura, uma série de terapias e medicamentos que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes podem ser aplicados. Dessa maneira, realizar um diagnóstico correto da psoríase permite que se prossiga com a melhor alternativa de tratamento.



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