O desejo sexual na velhice

Há uma grande falta de conhecimento sobre o desejo sexual na velhice. Vamos ver o que os cientistas têm a dizer e algumas reflexões.
O desejo sexual na velhice
Laura Ruiz Mitjana

Revisado e aprovado por la psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 29 junho, 2023

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde sexual como ‘um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade; e não simplesmente a ausência de doença, disfunção ou afecção’. É sabido por todos que o envelhecimento está relacionado a uma série de alterações na saúde sexual, embora em geral estas sejam muito mal compreendidas. É por isso que revisamos o que dizem os cientistas sobre o desejo sexual na velhice.

Certamente, existe um tabu ou ceticismo na população quando se fala em desejo sexual na velhice, ou diretamente em relação às experiências sexuais. Como conclusão antecipamos que, de fato, o ser humano nunca é velho demais para desfrutar de uma vida sexual feliz e saudável. Claro, ele passa por uma série de mudanças relacionadas ao contexto.

Existe desejo sexual na velhice?

Existe um consenso geral entre a população jovem em supor que os idosos perdem seus desejos sexuais ou são fisicamente incapazes de realizar o ato sexual. Isso pode levar muitos adultos mais velhos a desenvolver sentimentos de culpa ou repressão em torno da expressão de seu desejo sexual. Como não poderia deixar de ser, o desejo sexual existe na velhice, embora tenha motivações ligeiramente diferentes.

Claro, o prazer está envolvido durante as experiências sexuais durante esta fase da vida, mas também estão as idéias de lealdade, admiração, afeto, paixão, romance, compromisso entre outros.

Da mesma forma se relaciona com a afirmação da autoestima, na avaliação pessoal das capacidades físicas e na felicidade subjetiva. Tudo isso entra em jogo quando se trata de desejo sexual na velhice.

Segundo estimativas, mais de 80% dos adultos entre 50 e 90 anos são sexualmente ativos. É verdade que a frequência da atividade sexual diminui com a idade, mas isso não significa que o desejo sexual na velhice desapareça completamente. Claro que está condicionada por uma série de fatores típicos da terceira idade.

Desejo sexual na velhice e disfunção sexual

Desejo sexual na velhice é saudável
Muitos casos de problemas de saúde sexual na velhice podem estar associados a casos de disfunção sexual. Estes são passíveis de tratamento.

À medida que uma pessoa envelhece, a prevalência de algumas doenças aumenta. Especialistas alertam que mais de 50% dos idosos interrompem suas atividades sexuais devido à deterioração de sua saúde.

Condições como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e artrite são consideradas algumas das mais incapacitantes para a sexualidade na velhice.

Embora seja verdade que diminui um pouco, o desejo sexual na velhice permanece em níveis suficientes para garantir uma saúde sexual estável. Apesar disso, às condições de saúde acima devem ser adicionadas aquelas relacionadas à disfunção sexual. Revisamos as mais importantes para cada sexo segundo os pesquisadores.

Saúde sexual e envelhecimento em homens

A disfunção erétil é a principal manifestação da disfunção sexual em homens mais velhos. Algumas estimativas sugerem que até 70% dos homens com mais de 70 anos lidam com algum grau de disfunção erétil.

Esse percentual cai para 45% na faixa etária de 60 anos e 15% na faixa de 40. Homens obesos, diabéticos, hipertensos, cardiopatas e que tomam certos medicamentos (diuréticos tiazídicos, antidepressivos, betabloqueadores e outros) correm maior risco.

Por outro lado, a inatividade física, hábitos como fumar ou consumir álcool e dieta podem potencializar a manifestação da disfunção erétil. A segunda complicação mais comum é o hipogonadismo.

Esta é a redução dos níveis de testosterona. Embora o declínio não seja tão abrupto quanto nas mulheres, ele pode atrapalhar o impulso sexual, os pensamentos sexuais e o prazer. Ambas as condições afetam o desejo sexual na velhice.

Saúde sexual e envelhecimento em mulheres

Ter desejo sexual na velhice é normal
As mulheres podem ser especialmente propensas a relações sexuais desconfortáveis ou dolorosas quando atingem a velhice.

A menopausa é o principal obstáculo que as mulheres devem superar para alcançar a saúde sexual. Entre muitas outras coisas, as alterações na produção hormonal resultam em secura vaginal, diminuição da lubrificação durante a atividade sexual e dor durante a relação sexual (dispareunia), além de alterações neurológicas e psicossexuais.

Entre estas últimas condições destacamos a deterioração do desempenho sexual, diminuição da libido, irritabilidade e anorgasmia. Por outro lado, a atrofia vulvovaginal (AVV) é a segunda complicação relacionada à saúde sexual e ao envelhecimento da mulher.

Segundo estimativas, desenvolve-se em 4% das mulheres com menopausa precoce e 47% das mulheres com menopausa tardia.

Como consequência, o epitélio vaginal sofre afinamento. Isso resulta em uma redução das células esfoliadas na vagina, o que, por sua vez, aumenta o pH e perturba a flora natural.

Secura vaginal, incontinência de esforço, irritação, infecções urinárias frequentes, sangramento pós-coito e dor são algumas das complicações envolvidas. Um obstáculo que atrapalha o desejo sexual na velhice.

Este breve panorama é útil para compreendermos que os idosos vivenciam desejos e impulsos sexuais, embora estes possam ser condicionados por fatores sociais, emocionais e fisiológicos.

Ao contrário da crença popular, uma solução pode ser encontrada para muitos desses problemas. Se você está enfrentando problemas em sua saúde sexual (referimo-nos à definição dada no início), não hesite em procurar ajuda profissional.



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