Doença celíaca: sintomas, causas e tratamento

A introdução do glúten no corpo de um celíaco causa inflamação do trato digestivo, o que desencadeia sintomas relacionados a vômitos e diarréia.
Doença celíaca: sintomas, causas e tratamento
Saúl Sánchez

Escrito e verificado por el nutricionista Saúl Sánchez.

Última atualização: 19 março, 2023

A doença celíaca é uma doença que causa a incapacidade de consumir o glúten devido aos efeitos adversos a nível intestinal que a proteína gera nesses pacientes. Condiciona muito o estilo de vida daqueles que sofrem com ela.

No entanto, sofrer de doença celíaca não é considerado perigoso para a saúde na maioria dos casos. Só é necessário tomar alguns cuidados para evitar a ingestão da proteína, que pode aumentar o risco de desenvolver problemas intestinais complexos.

Causas da doença celíaca

Essa patologia é causada por um distúrbio no nível imunológico gerado a partir de um erro de DNA. Ela aparece após o nascimento. Isso é evidenciado por pesquisas publicadas na revista Autoimmunity Reviews.

Na verdade, geralmente é um problema hereditário. Se os pais tiverem a doença, o risco de os filhos nascerem com o distúrbio é maior.

Porém, é possível que, apesar da existência da patologia, ela permaneça em estado latente por boa parte da vida do sujeito, começando a manifestar sintomas a partir da adolescência ou idade adulta. Entretanto, se for analisada a mucosa digestiva de crianças celíacas assintomáticas e que consomem glúten, alterações significativas podem ser observadas. Também ao nível do epitélio do intestino.

O que gera essa doença é uma reação inflamatória no nível intestinal toda vez que o glúten é introduzido no organismo, segundo especialistas em nutrição. Deve-se levar em consideração que o consumo repetido de proteínas em pacientes com doença celíaca aumenta o risco de inflamação crônica do trato digestivo, o que favorece o desenvolvimento de outras doenças, como a síndrome do intestino irritável.

Sintomas da doença celíaca

Os sintomas da doença celíaca são muito claros e não costumam ser confundidos com nenhuma outra patologia. Estes compreendem um conjunto de manifestações a nível gastrointestinal, incluindo vómitos, diarreia, gases, inchaço e dor abdominal. É até possível que seja detectado sangue nas fezes quando o consumo de glúten é repetido ou quando a sensibilidade à proteína é muito alta.

Deve-se notar, no entanto, que nem todos os pacientes apresentam o mesmo grau de comprometimento após a ingestão de glúten. Alguns simplesmente sentem desconforto, enquanto outros desenvolvem um quadro que às vezes pode lembrar uma alergia alimentar. No entanto, também dependerá da quantidade de proteína que foi introduzida.

No entanto, é comum que os sintomas variem ao longo da vida do paciente. Na infância, atraso no crescimento, distensão abdominal, leucopenia e diarreia são mais comuns. Porém, na idade adulta, também podem ser detectadas dores de cabeça, hepatite, anemia, dermatites e até depressão.

Deve-se levar em consideração que a própria patologia pode estar associada a um risco aumentado de apresentar deficiências nutricionais de outro tipo. Por exemplo, existem alguns estudos que descobriram que a doença celíaca pode às vezes ser acompanhada de má absorção de ferro, o que acaba levando a um quadro de anemia.

Alimentos sem glúten para a doença celíaca.
A dieta desses pacientes deve ser baseada na eliminação do glúten.

Tratamento da doença celíaca

Hoje, a doença celíaca é considerada uma patologia crônica. Não existe uma solução definitiva ou um medicamento comercializado que consiga amenizar o problema de forma eficiente.

Todas as pesquisas sobre tratamento apontam para a necessidade de retirar o glúten da dieta. No entanto, espera-se que com os avanços da engenharia genética seja possível desenvolver uma técnica para reverter o problema. Muita esperança é colocada no sistema CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) por sua capacidade de modificar informações genéticas.

Deve-se notar que todos os mecanismos fisiopatológicos da doença ainda não são conhecidos com alto grau de detalhamento. Também há dúvidas sobre os genes que determinam a aparição. Tecnologia mais avançada e conhecimento aprofundado do organismo humano serão necessários para avançar.

De qualquer forma, muitos dos tratamentos dietéticos atuais se baseiam em evitar a introdução do glúten no trato digestivo e em satisfazer as demandas nutricionais do organismo. Deve-se levar em consideração que a doença celíaca acarreta uma forte restrição alimentar, principalmente ao nível de alimentos com alto teor de carboidratos.

Dieta para celíacos

É importante conhecer os produtos presentes na natureza capazes de conter glúten em sua composição. Destacam-se o trigo, a cevada, o centeio, a aveia, a espelta e o triticale. Portanto, qualquer produto industrial que contenha esses grãos em qualquer uma de suas variantes, muito provavelmente terá glúten em seu interior.

Os portadores da doença devem consultar a rotulagem dos alimentos industrializados para identificar aqueles que estão aptos para o consumo caso apresentem a patologia. Doces e massas são geralmente de alto risco. Felizmente, existem variedades sem glúten disponíveis comercialmente com uma aclaração na embalagem.

Deficiências nutricionais durante a doença celíaca

É comum ter problemas de má absorção de minerais de forma complementar à doença celíaca. Ferro, cálcio e ácido fólico são frequentemente deficientes nessa situação, assim como algumas vitaminas lipossolúveis. Por isso, é fundamental a realização de análises periódicas nas quais sejam identificados déficits.

Entre todos elas, a preocupação é com a vitamina D. Esse nutriente lipossolúvel tem um papel crucial na modulação da inflamação, também no nível intestinal. Isso é evidenciado por um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition.

Por outro lado, uma absorção deficiente de cálcio também gera problemas de funcionalidade. Foi demonstrado que este mineral é essencial para garantir a densidade óssea, o que se traduz em um menor risco de fraturas na vida adulta e na velhice.

Se for confirmada a existência de problemas de má absorção associados à doença celíaca, deve ser avaliada a necessidade de suplementação ou introdução intravenosa de nutrientes.

Diagnóstico de doença celíaca

Para diagnosticar a doença celíaca é importante recorrer a uma série de exames realizados por um especialista. A primeira coisa que costuma ser realizada é uma sorologia na qual se determina a existência de anticorpos. Caso sejam detectados aqueles relacionados a uma atrofia das vilosidades intestinais, pode-se confirmar a existência da doença.

Além disso, é essencial obter um histórico médico completo. Caso existam parentes de primeiro grau que desenvolveram a patologia, o risco de apresentá-la aumenta. Da mesma forma, as possibilidades aumentam quando ocorrem outras doenças autoimunes, como lúpus ou artrite.

O que está claro é que é necessária a intervenção de um profissional para detectar o problema e informar sobre as soluções dietéticas pertinentes. No caso de desenvolver sintomas associados ao sistema digestivo, especialmente após o consumo de cereais ou derivados dos mesmos, será necessário consultar um médico para realizar os exames apropriados.

Alimentos proibidos na doença celíaca.
Alimentos compostos por trigo, aveia, cevada e centeio devem ser eliminados da dieta desses pacientes.

Precauções dietéticas

Além de não introduzir alimentos que contenham glúten na dieta como tal, os pacientes com doença celíaca devem ter muito cuidado com a contaminação cruzada. O fato de usar os mesmos utensílios ou recipientes para manipular ou cozinhar alimentos com e sem glúten pode fazer com que restos de proteínas acabem no interior do organismo.

Por esse motivo, esses pacientes devem relatar sua condição quando vão comer em um restaurante, para que não fritem seus alimentos com o mesmo óleo que usaram para cozinhar um produto empanado, por exemplo. Precauções são muito necessárias nesses casos, pois as consequências do consumo de glúten em celíacos são graves.

Além disso, como já mencionamos, é fundamental estar muito atento aos alérgenos declarados em alimentos de origem industrializada. As indústrias são obrigadas a declarar se seus produtos contêm ou não vestígios de glúten. Dessa forma, o paciente poderá saber se é seguro consumir o alimento em questão.

Doença celíaca: uma doença que condiciona a alimentação

A doença celíaca condiciona a alimentação e os hábitos para toda a vida. Não há outra solução para este problema do que remover completamente as proteínas da dieta. Além disso, é importante estar muito atento à rotulagem nutricional e às declarações de alergênicos.

Por outro lado, é necessário realizar um controle periódico da disponibilidade de nutrientes no sangue para detectar possíveis má absorção. Caso contrário, podem ocorrer déficits que aumentam o risco de desenvolver patologias crônicas a médio prazo.

Você não deve esquecer que exames de rotina também devem ser realizados para garantir a saúde intestinal. As associações entre a doença celíaca e outras doenças são preocupantes, por isso o diagnóstico precoce é crucial.



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