Diabetes tipo 2: tudo o que você precisa saber

Apesar da sua ampla prevalência no mundo, ainda falta conhecimento a respeito do diabetes tipo 2. Hoje esclareceremos as principais dúvidas sobre essa doença.
Diabetes tipo 2: tudo o que você precisa saber

Última atualização: 29 agosto, 2021

De acordo com alguns pesquisadores, 6,28% da população mundial sofre de diabetes tipo 2. Isso corresponde a 462 milhões de pessoas. A prevalência dessa doença não parou de aumentar nas últimas décadas e estima-se que, apesar das campanhas de prevenção, ela continue a aumentar no futuro.

Por isso, muitos não hesitam em considerá-la como uma epidemia, que provoca mais de um milhão de mortes a cada ano (segundo dados da Organização Mundial de Saúde). Hoje condensaremos em um só lugar tudo o que você precisa saber sobre essa doença, com ênfase especial nos mecanismos ocultos que a desenvolvem.

O que é diabetes tipo 2?

Glicemia e diabetes tipo 2.
O aumento persistente dos níveis de glicose no sangue é uma característica importante do diabetes mellitus. Isso pode ser explicado por problemas relacionados ao hormônio insulina.

Como nos lembra a Harvard Health Publishing, o diabetes tipo 2 é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina suficiente, ou não pode usá-la de forma adequada. Com isso são produzidos altos níveis de glicose no sangue, que ao longo do tempo podem levar aos seguintes problemas:

  • Doenças cardíacas.
  • Acidentes cerebrovasculares.
  • Danos nos nervos ou redução do fluxo sanguíneo para os pés.
  • Danos nos vasos sanguíneos dos olhos.
  • Doenças renais.
  • Problemas dentários.
  • Doenças na bexiga.

Esta é apenas uma seleção das complicações que podem surgir a partir desse tipo de diabetes. Ele é frequentemente denominado como diabetes mellitus tipo 2 ou diabetes com início na idade adulta. Trata-se da manifestação mais comum da doença, com uma taxa de casos de até 90%, conforme observado pela Diabetes Australia.

O que é insulina?

Insulina é um hormônio que o pâncreas secreta, que desempenha várias funções no organismo. Duas das mais importantes são regular os níveis de glicose na corrente sanguínea (armazenando o excedente no fígado ou nas reservas de gordura) e fazer com que as células do corpo a absorvam, produzindo energia.

O processo começa após a ingestão de alimentos. O trato digestivo quebra os carboidratos em glicose; esta viaja para o intestino delgado, sendo derivada para a corrente sanguínea através das vilosidades intestinais. Uma vez lá, a insulina executa qualquer uma das duas funções descritas anteriormente (entre outras).

Caso o indivíduo tenha diabetes tipo 2, o pâncreas não consegue secretar a quantidade adequada de insulina. Também é possível que a produção desse hormônio seja normal, mas que o corpo tenha se tornado resistente a ele.

O efeito em qualquer caso é o mesmo: um excesso de glicose na corrente sanguínea. É por isso que alguns diabéticos precisam recorrer a injeções de insulina.

Quem é afetado pelo diabetes tipo 2?

O diabetes tipo 2 é uma doença com maior prevalência em adultos. De acordo com a Diabetes New Zealand, ela geralmente se manifesta após os 30-40 anos de idade.

Apesar disso, casos crianças e jovens com essa variante são cada vez mais relatados. A prevalência nestes grupos permanece baixa, aproximadamente 12 e 2,5 por cada 100.000 habitantes para os EUA e Europa, respectivamente (com base nas evidências).

Podemos afirmar que esse tipo de diabetes atinge qualquer faixa etária, embora seja mais frequente na população idosa. Um estilo de vida desordenado pode aumentar o risco de que jovens e adultos sofram com essa doença, como veremos em breve.

Quais são os fatores de risco para o diabetes tipo 2?

Existem muitos hábitos, doenças e predisposições que podem gerar doenças no corpo. De acordo com o Center for Disease Control and Prevention (CDC), destacamos os seguintes:

  • Ter pré-diabetes.
  • Ter um histórico familiar da doença (especialmente um pai ou irmão).
  • Levar um estilo de vida sedentário.
  • Estar acima do peso ou ser obeso.
  • Ter mais de 45 anos.
  • Sofrer de fígado gorduroso não alcoólico.
  • Ter sido diagnosticada com diabetes gestacional.
  • Pertencer a alguns grupos étnicos específicos, como afro-americanos, hispânicos, nativos americanos e japoneses (um fator de risco apoiado pelas evidências).

Além disso, manter uma dieta rica em gorduras trans e carboidratos também aumenta o risco de sofrer com essa doença. Estudos e pesquisas também descobriram que o excesso de tabaco e álcool pode predispor algumas pessoas ao diabetes tipo 2.

A doença pode ser curada?

Não, não há cura para o diabetes tipo 2. O que pode ser feito é o controle dos níveis de glicose no sangue, algo que é possível com a ajuda de diferentes tratamentos.

Faz parte desse controle perder peso, praticar exercícios, manter uma alimentação saudável, tomar medicamentos que estimulam o pâncreas, injetar insulina e aferir frequentemente os valores da glicose no sangue.

No entanto, apenas o fato de manter os níveis normais de glicose na corrente sanguínea não significa que a doença está curada. Ela é considerada como uma manifestação crônica; isto é, se prolonga por muitos anos ou durante toda a vida.

O diabetes é hereditário?

Genes e diabetes tipo 2.
A genética é muito importante quando se consideram os fatores de risco para o diabetes mellitus. De fato, é comum que as pessoas afetadas tenham diferentes antecedentes familiares.

Mencionamos que, se você tiver um familiar de primeiro grau com a doença, é mais provável que a desenvolva. Isso ocorre porque o diabetes tem um importante componente genético, embora, é claro, ele também possa ocorrer em pacientes sem histórico familiar.

Estudos e pesquisas a esse respeito tentaram encontrar os genes responsáveis pela doença. Dezenas de candidatos responsáveis foram sugeridos, incluindo PPARG, IRS1 e IRS2, KCNJ11, WFS-1 e HNF1A. As evidências também indicam que mudanças epigenéticas em gerações anteriores podem explicar a predisposição hereditária.

O diabetes tipo 2 pode provocar um infarto?

Pesquisadores apontam que os diabéticos têm de duas a quatro vezes mais risco de desenvolver uma doença arterial coronariana em comparação com os não diabéticos. Isso porque, em parte, as duas condições compartilham muitos fatores de risco (idade, sedentarismo, obesidade, dieta rica em gorduras e carboidratos, entre outros).

A doença arterial coronariana pode provocar angina ou infarto. Caso você inclua essas mudanças no seu estilo de vida, estará não apenas evitando o aparecimento de ambas doenças, mas também se protegendo de mais uma dúzia de problemas relacionados aos fatores de risco mencionados acima.

Esperamos que com essas respostas a sua compreensão da doença tenha aumentado. Para obter mais informações você pode revisar todos os artigos que preparamos sobre o diabetes, incluindo os sintomas, diagnóstico e tratamento da doença.



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