A dieta influencia na acne?

Você desenvolveu acne? Nesse caso, vamos te contar até que ponto a dieta influencia na patologia, no que diz respeito à formação e inflamação das espinhas.
A dieta influencia na acne?
Saúl Sánchez

Escrito e verificado por el nutricionista Saúl Sánchez.

Última atualização: 29 agosto, 2021

A acne é um problema dermatológico típico da adolescência, embora também possa surgir em outras fases da vida e devido a outras condições. Normalmente ela está relacionada a um desequilíbrio hormonal que provoca a secreção de um excesso de gordura a nível cutâneo, podendo gerar também uma infecção bacteriana.

Na maioria das vezes, a acne se resolve sozinha com o tempo. No entanto, em alguns casos, o uso de antibióticos pode ser necessário para eliminar as bactérias que causam a infecção. De qualquer forma, a questão principal é se a dieta pode influenciar na gravidade e incidência do problema.

Influência da dieta na acne

A acne e a dieta estão relacionadas até certo ponto.
Muitas das crenças populares sobre acne e dieta não são verdadeiras, pelo menos não em sua totalidade.

O tópico da dieta e sua relação com a acne apresenta muitos mitos. Um deles tem a ver com a crença de que a ingestão regular de chocolate pode aumentar o aparecimento de espinhas. O mesmo se pensou com a linguiça. No entanto, não existem evidências científicas que apoiem essas suspeitas.

De forma geral, a restrição do consumo de gordura tem sido recomendada para reduzir a ocorrência de espinhas e o grau de inflamação delas. No entanto, não existe uma relação direta entre os lipídios consumidos na dieta e as secreções sebáceas a nível cutâneo, portanto, não faz sentido aplicar este conselho.

Apesar de tudo, alguns alimentos podem aumentar a expressão de fatores relacionados à produção de sebo a nível cutâneo, por isso é recomendável limitar a presença de produtos lácteos na dieta para reduzir a superexpressão da acne.

Mesmo assim, essa recomendação não será eficaz para todas as pessoas, uma vez que existem importantes determinações genéticas a esse respeito.

De fato, uma dieta saudável e devidamente planejada poderia, em caso de não amenizar a acne, reduzir a inflamação na pele associada a esse problema. Para isso, deve-se priorizar a ingestão de alimentos frescos e com alta densidade nutricional, evitando ultraprocessados com alto teor de açúcares simples e gorduras trans.

A dieta pode reduzir a acne?

Existem evidências de que alguns alimentos podem aumentar ligeiramente o aparecimento de espinhas relacionadas à acne. Porém, também é possível introduzir na rotina diária alguns produtos capazes de modular os mecanismos inflamatórios, reduzindo a gravidade dessa patologia.

Um dos pontos-chave tem a ver com a manutenção do equilíbrio entre os ácidos graxos ômega 3 e ômega 6.

De acordo com uma pesquisa publicada no International Journal of Molecular Sciences, o consumo excessivo de ômega 6 pode provocar o desenvolvimento de problemas dermatológicos em pessoas com predisposição. No entanto, ocorre o oposto quando a presença de ácidos graxos ômega 3 na dieta é aumentada.

No entanto, a suplementação não é recomendada como regra geral, mas sim uma mudança no padrão alimentar com o objetivo de recuperar uma situação de homeostase entre os dois nutrientes, o que permite manter os mecanismos inflamatórios sob controle. Assim é possível reduzir a acne e os problemas associados a ela.

Alguns fitonutrientes presentes em vegetais também têm demonstrado um certo poder de melhorar a doença, graças às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.

Um exemplo é a curcumina presente na cúrcuma, útil para o tratamento de muitas doenças dermatológicas. Ela pode ser consumida ou aplicada por meio de remédios cosméticos, e apresenta bons resultados.

A influência da microbiota na acne

Nos últimos anos, muitas pesquisas buscam demonstrar o papel da microbiota externa e interna no desenvolvimento de doenças relacionadas à pele. A obtenção de um perfil bacteriano mais saudável pode promover processos anti-inflamatórios, além de evitar a produção excessiva de sebo.

Com esse objetivo, a suplementação de probióticos é postulada como um mecanismo eficaz na prevenção da acne. Embora ainda faltem estudos a respeito, atualmente existem evidências suficientes para sustentar a sua eficácia.

Melhorar a saúde da microbiota pode prevenir a formação de espinhas superficiais, bem como a inflamação associada a elas.

No entanto, nem todas as cepas de bactérias probióticas apresentam essa propriedade. Por isso é aconselhável escolher o produto corretamente. Alguns deles são voltados para o tratamento de patologias relacionadas à função intestinal ou ao sistema imunológico.

Além disso, a dosagem indicada deve ser respeitada. É importante garantir que os microrganismos cheguem com vida à área onde devem desempenhar sua função.

Por outro lado, é possível aplicar tratamentos de pele com probióticos que reforcem a ação dos que foram consumidos por via oral. Desta forma são alcançados resultados mais sólidos, pois é garantida a modificação do perfil das bactérias que habitam as camadas superficiais da pele, o que influencia na fisiologia dos processos de produção de sebo.

Também é importante destacar que os suplementos probióticos são especialmente úteis quando o tratamento com antibióticos para acne é proposto.

Nesse caso, pode ocorrer a destruição de bactérias benéficas a nível interno, razão pela qual um suprimento contínuo delas é necessário para evitar situações de disbiose que condicionem a função digestiva.

O consumo de alguns alimentos deve ser limitado para evitar a influência deles na acne?

A acne pode ser controlada através da dieta.
A regulação do consumo de laticínios pode estar relacionada, em certa medida, a uma melhora nas erupções de acne, embora o tratamento médico seja o mais importante.

O consumo de certos produtos, como laticínios, está associado a um maior risco de desenvolvimento de acne, bem como ao aumento na gravidade da patologia. Isso é confirmado por um estudo publicado no Journal of European Academy of Dermatology and Venerology.

De qualquer forma, não é necessário optar por uma restrição alimentar completa. O consumo de 2 porções por dia bastaria para limitar a produção de sebo na pele. Ao mesmo tempo, é garantido um suprimento ideal de nutrientes essenciais.

É importante considerar que os laticínios contêm proteínas de alto valor biológico e outros micronutrientes essenciais, como o cálcio. Além disso, alimentos fermentados contêm probióticos, que conforme mencionamos são positivos para o tratamento e prevenção da acne.

Claro, é importante ter cuidado com os alimentos derivados de laticínios ou suplementos feitos com esses produtos.

Nas pessoas que desenvolveram acne, a inclusão de um suplemento de soro de leite não é recomendada, pois pode provocar o agravamento do problema. Sobremesas lácteas com alto teor de açúcar também devem ser evitadas.

Ao optar pela ingestão de proteínas de maior qualidade, é recomendável escolher um produto que contenha nutrientes derivados de ovos em sua composição. Eles não estão associados à superexpressão de espinhas ou à produção de sebo a nível cutâneo, portanto, não devem produzir reações adversas nesse sentido.

Alimentos que influenciam de forma significativa

Quando se trata da influência da dieta na acne, ainda existem muitos mitos que precisam ser desmentidos. O primeiro deles é que o chocolate aumenta a produção de gordura e, consequentemente, o desenvolvimento de espinhas.

De acordo com um estudo publicado no International Journal of Dermatology , ainda existem dúvidas a respeito do papel exato dos alimentos na patologia, mas tudo aponta para o fato de que as variedades de chocolate que contêm laticínios são as mais prejudiciais. Por esse motivo, é possível consumir cacau ou chocolate amargo sem experimentar efeitos adversos.

O chá verde tem a capacidade de reduzir a formação de espinhas. Segundo uma pesquisa publicada na revista Antioxidants, os polifenóis dessa bebida são eficazes na redução da produção de sebo, o que modula a gravidade da doença.

Com produtos gordurosos como a linguiça, não deveriam haver grandes problemas. É benéfico reduzir a presença desse tipo de alimento na dieta, mas isso se deve aos aditivos encontrados em sua composição, como os nitritos, que podem causar danos a médio prazo. No entanto, não existem evidências sólidas de que ela seja capaz de aumentar a produção de espinhas.

Dieta variada para influenciar positivamente a acne

O que está claro é que, ao tentar prevenir a acne, é importante apostar em uma dieta que priorize o consumo de alimentos frescos ao invés de ultraprocessados. Este último pode conter aditivos capazes de provocar alterações na microbiota, o que afeta negativamente os níveis de inflamação do organismo.

Da mesma forma, restrições rigorosas devem ser evitadas. Alguns alimentos devem ser consumidos com menos frequência, mas não é aconselhável removê-los completamente da dieta. Afinal, muitos deles fornecem nutrientes essenciais que são necessários para um bom funcionamento do organismo.

A dieta pode influenciar no desenvolvimento de espinhas na pele

Existem vários mitos sobre a relação entre dieta e acne. No entanto, algumas pesquisas científicas foram capazes de elucidar algumas interações entre os alimentos e a produção de sebo que podem ser úteis no tratamento desse problema.

A questão principal a nível nutricional é claramente a abordagem de uma dieta de caráter anti-inflamatório, que reduza a gravidade da patologia dérmica. No entanto existem tratamentos complementares, como a inclusão de um suplemento de probióticos, que podem melhorar ainda mais os resultados.

Quanto às restrições, deve-se ter cuidado apenas com os suplementos de proteína de soro de leite, com a ingestão de grandes quantidades de laticínios e com o desequilíbrio na relação entre ômega 3 e ômega 6. O consumo de chocolate pode ser realizado, embora com moderação devido à quantidade de açúcar adicionado ele que contém.



  • Balić A, Vlašić D, Žužul K, Marinović B, Bukvić Mokos Z. Omega-3 Versus Omega-6 Polyunsaturated Fatty Acids in the Prevention and Treatment of Inflammatory Skin Diseases. Int J Mol Sci. 2020 Jan 23;21(3):741. doi: 10.3390/ijms21030741. PMID: 31979308; PMCID: PMC7037798.
  • Vaughn AR, Branum A, Sivamani RK. Effects of Turmeric (Curcuma longa) on Skin Health: A Systematic Review of the Clinical Evidence. Phytother Res. 2016 Aug;30(8):1243-64. doi: 10.1002/ptr.5640. Epub 2016 May 23. PMID: 27213821.
  • Yu Y, Dunaway S, Champer J, Kim J, Alikhan A. Changing our microbiome: probiotics in dermatology. Br J Dermatol. 2020 Jan;182(1):39-46. doi: 10.1111/bjd.18088. Epub 2019 Jul 28. PMID: 31049923.
  • Ulvestad M, Bjertness E, Dalgard F, Halvorsen JA. Acne and dairy products in adolescence: results from a Norwegian longitudinal study. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2017 Mar;31(3):530-535. doi: 10.1111/jdv.13835. Epub 2016 Jul 16. PMID: 27422392.
  • Dall’Oglio F, Nasca MR, Fiorentini F, Micali G. Diet and acne: review of the evidence from 2009 to 2020. Int J Dermatol. 2021 Jun;60(6):672-685. doi: 10.1111/ijd.15390. Epub 2021 Jan 18. PMID: 33462816.
  • Saric S, Notay M, Sivamani RK. Green Tea and Other Tea Polyphenols: Effects on Sebum Production and Acne Vulgaris. Antioxidants (Basel). 2016 Dec 29;6(1):2. doi: 10.3390/antiox6010002. PMID: 28036057; PMCID: PMC5384166.

Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.