A ligação entre azia e colesterol
Conhecemos como colesterol um grupo de partículas responsáveis pelo transporte da gordura pelo sangue. Elas são necessárias para o bom funcionamento do organismo, sendo produzidas de forma endógena pelo fígado. Além disso, o colesterol pode ser ingerido por meio da dieta, a partir de alimentos como os ovos. Mas, o colesterol está relacionado de alguma forma à azia?
Embora por muitos anos um nível elevado de colesterol tenha sido associado a um risco aumentado de doença cardiovascular, essa relação agora mudou. Na verdade, as lipoproteínas são consideradas um marcador muito inespecífico, sendo a culpa das doenças cardíacas atribuída à inflamação promovida em excesso.
Níveis elevados de colesterol no organismo
Algumas pessoas apresentam níveis elevados de colesterol no corpo. Em geral, é possível distinguir 3 tipos principais de lipoproteínas: HDL, LDL e VLDL. A verdade é que o aumento dos níveis delas não significa necessariamente perigo, mas na maioria dos casos responde a determinações genéticas.
Dessa forma, o organismo estabelece um nível baixo de colesterol que serve para manter uma situação de homeostase (equilíbrio) no meio interno. A partir daí, a ingestão alimentar dessa substância determinará a produção endógena, ou seja, um aumento da presença de colesterol na dieta reduzirá a síntese a nível hepático e vice-versa.
Isso garante que os níveis de lipoproteínas no sangue permaneçam estáveis ao longo do tempo. No entanto, é verdade que os hábitos de vida podem influenciá-los. Por exemplo, um consumo elevado de gorduras trans pode afetar a proporção de lipoproteínas. E mais importante ainda, causar inflamação. Isso é evidenciado por um estudo publicado na revista Progress in Lipid Research.
Por outro lado, deve-se ter em mente que manter os níveis de colesterol muito altos pode levar a um aumento na incidência de cálculos biliares, especialmente em pessoas com predisposição a eles. Segundo uma pesquisa publicada na revista Current Opinion in Gastroenterology, estes cálculos geralmente existem quando há alterações no perfil da microbiota.
O baixo consumo de água e a obesidade também são fatores de risco para o aparecimento de cálculos. Até mesmo o diabetes pode influenciar na síntese deles. Por isso, não é só o nível de colesterol no sangue que importa.
Qual é a relação entre azia e colesterol alto?
Os cálculos biliares são sintomáticos em apenas 20% das pessoas que os apresentam. Nos 80% restantes, eles ficam em silêncio na maior parte do tempo. Mas quando começam a se manifestar o paciente experimenta uma dor intensa, especialmente após uma refeição farta ou com alto teor de gordura.
Algumas pessoas podem confundir os sintomas da azia com os de cálculos biliares. Porém, a fisiopatologia desse problema é totalmente diferente, além do prognóstico. Cabe destacar que os sintomas de cálculos biliares são os seguintes:
- Dor na parte superior do abdome.
- Dor nas costas e embaixo do ombro direito.
- Náusea e vômito.
- Distensão abdominal.
- Intolerância a alimentos gordurosos.
- Aumento da produção de gás.
Existem vários sinais de alarme que devem ser considerados. No caso de sofrer qualquer um dos sintomas seguintes, é necessário consultar um médico:
- Calafrios.
- Febre.
- Icterícia (coloração amarelada da pele).
- Fezes cor de argila.
Nesses casos, o especialista recomendará exames da função hepática, além de uma radiografia abdominal. O objetivo será detectar os cálculos e avaliar o estado do fígado. Em qualquer caso o tratamento medicamentoso costuma ser usado para resolver o problema e prevenir a progressão.
Além disso, geralmente é necessário considerar um tratamento dietético. Quando existem cálculos ou um comprometimento do fígado, é fundamental controlar a ingestão de lipídios e proteínas na dieta, bem como aumentar o consumo de água para aliviar a pressão a que esses órgãos estão sujeitos.
Qual é a verdadeira origem da azia?
Embora o colesterol alto e formação de cálculos possam ser confundidos com azia, esses são problemas bastante distintos. Este último geralmente se caracteriza por uma ineficiência na função do esfíncter esofágico, o que gera refluxo e desconforto. Isto é afirmado por uma pesquisa publicada na revista Missouri Medicine.
As dores próprias dessa patologia também podem ser experimentadas devido à existência de uma hérnia de hiato ou uma colonização pela bactéria Helicobacter pylori. Em todos estes casos é necessária uma intervenção a nível alimentar. O mesmo acontece nas situações em que o excesso de colesterol causa cálculos nas vias biliares.
Em ambos cenários é necessário propor uma dieta de fácil digestão, com teor moderado de gordura. Os lipídios introduzidos na alimentação devem ser do tipo cis, evitando-se sempre os trans. Estes últimos geram um aumento na inflamação, que pode piorar os sintomas. Por isso é necessário evitar alimentos ultraprocessados e pré-preparados da dieta alimentar.
Ao mesmo tempo, é essencial controlar a ingestão de proteínas. No caso de azia causada por gastrite, aumentar um pouco a ingestão de proteínas geralmente é bom para restaurar o tecido danificado. A coisa muda quando o problema existente são os cálculos. Será necessário avaliar primeiro a função hepática, pois se houverem problemas nesse órgão será necessário limitar a ingestão de proteínas, em alguns casos.
É possível reduzir o colesterol por meio da dieta?
Um dos debates mais notórios no campo da nutrição diz respeito à eficácia da dieta alimentar para intervir nos níveis de colesterol. É claro que uma mudança nos hábitos alimentares protege o indivíduo contra o desenvolvimento de muitas doenças. No entanto, a influência dos alimentos nos níveis de lipoproteínas ainda gera muitas dúvidas.
Até o momento, foi possível demonstrar que o consumo de colesterol na dieta não influencia os níveis desse elemento no plasma. Por isso, foi liberalizada a presença de ovos na alimentação, que até poucos anos atrás era limitada a 3 ou 4 unidades por semana.
Da mesma forma, foi proposto que a introdução de lipídios insaturados na dieta poderia reduzir os níveis de lipoproteínas no sangue, pelo menos aquelas pertencentes à fração LDL. De acordo com uma pesquisa publicada na revista Clinical Cardiology, a suplementação com ácidos graxos da série ômega-3 pode ajudar a melhorar o perfil lipídico do paciente.
O que está claro é que é fundamental aumentar a presença de vegetais na alimentação. Além do nível específico de colesterol, os fitonutrientes contidos nesses produtos reduzem os estados inflamatórios e oxidativos do organismo, protegendo-o contra o desenvolvimento de muitas patologias crônicas e complexas.
Como intervir para reduzir a acidez?
É possível intervir na alimentação para reduzir a azia causada por alterações no esôfago ou situações de gastrite. Neste caso, existem vários tratamentos que podem ser realizados. O mais comum de todos é propor uma dieta de fácil digestão, o que aumenta a velocidade do esvaziamento gástrico.
Para atingir esse objetivo, é necessário evitar refeições muito fartas, dividindo o total de calorias diárias em várias doses de pequeno volume. Nesse caso, também será prioritário enfatizar a ingestão de produtos de origem vegetal, principalmente aqueles com altas concentrações de água e fitonutrientes.
Será necessário restringir todos os alimentos ou substâncias que possam ser irritantes, como café, cacau, frutas cítricas, comidas picantes… Porém, a tolerância individual pode ser testada, já que nem todas as pessoas reagem da mesma maneira a estes tipos de alimentos.
Pode ser benéfico considerar a suplementação com probióticos, especialmente nos casos de refluxo. Existem evidências que indicam que gerar uma mudança no perfil da microbiota traz benefícios a nível gastrointestinal, reduzindo os problemas associados à digestão. Agora, escolher a cepa ideal de bactéria para consumir pode não ser uma tarefa fácil.
Nestes casos, é recomendável visitar um especialista. Em primeiro lugar para avaliar se existe algum quadro de disbiose que possa estar afetando negativamente o processo digestivo. Também é possível escolher o melhor suplemento probiótico para tratar corretamente o problema e obter resultados vantajosos a médio e longo prazo.
Azia e colesterol alto, dois problemas que não estão relacionados
Como você pôde ver, não existe uma relação direta entre colesterol alto e azia. No entanto, é verdade que manter um nível alto de lipoproteínas pode aumentar o risco de desenvolver cálculos biliares, o que pode gerar uma série de sintomas que são confundidos com a azia.
Por isso, para garantir que o risco de desenvolver algum desses problemas seja reduzido, é necessário otimizar a dieta. Apostar num cardápio saudável, rico em vegetais e produtos frescos diminui consideravelmente o número de doenças gastrointestinais, renais e cardiovasculares.
Além disso, é sempre aconselhável praticar exercícios físicos regularmente. Manter um bom estado de composição corporal também é considerado decisivo para evitar estados inflamatórios que podem gerar problemas de saúde a médio prazo. Acima de tudo é importante priorizar o exercício de força muscular.
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