Ansiolíticos e álcool: o que acontece se você misturá-los?

A mistura de medicamentos e bebidas alcoólicas é contraindicada na maioria dos casos. A combinação de ansiolíticos e álcool não é exceção, pois pode ter consequências graves.
Ansiolíticos e álcool: o que acontece se você misturá-los?

Última atualização: 15 junho, 2023

Existem muitas substâncias capazes de deprimir o sistema nervoso central. Algumas delas são remédios usados para tratar doenças, enquanto outras são bebidas socialmente aceitas. Os compostos dessa natureza mais usados são os ansiolíticos e o álcool, mas o que acontece se você tomá-los juntos?

A ansiedade é uma das condições psicológicas mais comuns em todo o mundo, podendo afetar crianças e adultos. Nesse sentido, o consumo de ansiolíticos tem aumentado exponencialmente. De fato, estima-se que 11,4% da população espanhola, por exemplo, tenha ingerido esse tipo de droga em 2011.

Por outro lado, as bebidas alcoólicas fazem parte da vida social de milhões de jovens de todas as idades, tornando-se um componente essencial de festas e confraternizações. Muitas pessoas misturaram esses compostos sem considerar os efeitos colaterais, por isso falaremos sobre alguns deles.

O que acontece se você misturar ansiolíticos e álcool?

Misturar álcool com qualquer medicamento tem muitos riscos. É capaz de inibir o efeito da droga no corpo ou aumentá-lo. Estudos demonstraram que essa mistura altera a concentração dos compostos, aumentando a quantidade armazenada nos tecidos.

A mistura de ansiolíticos e álcool é muito perigosa, por isso deve ser evitada a todo custo. Na verdade, as consequências que isso acarreta podem ser fatais. Entre os riscos de ingerir esses compostos ao mesmo tempo estão os seguintes.

Mulher bebe álcool.
O consumo de álcool é socialmente aceito, mas muitos não sabem que sua combinação com medicamentos pode ser grave.

Aumento dos efeitos inibitórios

Alguns dos ansiolíticos mais utilizados são os benzodiazepínicos e seus derivados, como o Tranxilium®. Estas drogas atuam ao nível do sistema nervoso central nos receptores GABA, potenciando a ação inibitória deste neurotransmissor e diminuindo a atividade do sistema nervoso central.

As bebidas alcoólicas são capazes de atuar como agonista dos benzodiazepínicos, ou seja, potencializam a ação dos medicamentos. Nesse sentido, seu efeito inibitório é bastante aumentado.

A depressão do sistema nervoso é tão grave que induz ao coma em muitos casos. Essa é uma situação em que a pessoa fica muito vulnerável, podendo se afogar, mesmo com o próprio vômito. Além disso, a inibição pode afetar os centros respiratórios do cérebro e induzir parada respiratória.

Aumento do risco de acidentes

Esta é uma consequência direta do efeito inibitório dos ansiolíticos e do álcool. Se o coma não for induzido, a mistura de ambas as drogas diminui o estado de alerta das pessoas, deixando-as sonolentas. A consciência alterada os torna mais propensos a quedas e outros acidentes.

Além das quedas, outras consequências comuns são cortes, golpes com objetos e acidentes de trânsito. Essa mistura é perigosa porque diminui a concentração, a memória e o aprendizado, fazendo com que você não consiga se lembrar do que aconteceu.

Como se não bastasse, realizar as atividades diárias pode ser um grande desafio quando as duas substâncias em questão são misturadas. Isso se deve, em grande parte, ao declínio das habilidades cognitivas, principalmente na terceira idade.

Mudanças de comportamento

As pessoas que sofrem de ansiedade costumam ter problemas de comportamento, especialmente durante uma crise. Os mesmos problemas comportamentais também são observados quando as pessoas bebem muito álcool, pois podem se tornar mais ativas ou violentas.

Em termos gerais, não é recomendado que pessoas com problemas psicológicos bebam bebidas alcoólicas. A maioria desses problemas surge de conflitos não resolvidos em sua vida pessoal, e o álcool pode trazer esses sentimentos à tona.

O efeito da mistura de ansiolíticos e álcool deixa a maioria das pessoas mais ansiosa. Desta forma, podem surgir novos conflitos e condições de difícil controle, que agravariam a patologia de base.

Possível efeito rebote

Os ansiolíticos também podem ser prescritos como drogas hipnóticas, pois são capazes de induzir o sono devido à depressão do sistema nervoso. Nesse sentido, são úteis no tratamento de diversos distúrbios, como a insônia.

Por outro lado, o álcool tem uma atividade semelhante no cérebro, e é por isso que algumas pessoas acham que esse composto as ajuda a dormir melhor. No entanto, o sono induzido por este tipo de substâncias combinadas não é de qualidade e quem as consome pode sentir-se ainda mais cansado do que antes.

Também pode aparecer o efeito rebote que gera o contrário da ação desejada. Dessa forma, misturar as duas substâncias pode atrapalhar o sono e deixar a pessoa mais ansiosa, nervosa ou angustiada.

Insônia em um homem.
A mistura de álcool e ansiolíticos para adormecer não é útil e pode até ser contraproducente.

O álcool deve ser eliminado se forem tomados ansiolíticos?

Antes de tudo, é preciso saber que os ansiolíticos apenas ajudam a controlar os sintomas da doença, porém, não representam a cura. Nesse sentido, deverá ir a uma consulta psicológica de forma a identificar e resolver os problemas que desencadeiam a patologia.

Manter uma vida social é fundamental para controlar as crises e superar o transtorno, pois o isolamento piora o quadro. O álcool geralmente está intimamente ligado à atividade social, portanto, pode surgir um inconveniente se forem tomados ansiolíticos.

O aparecimento das consequências mencionadas ocorre quando são consumidas grandes quantidades de bebidas alcoólicas e uma dose elevada de comprimidos. Dessa forma, é possível ingerir bebidas alcoólicas durante o uso dos medicamentos, desde que em pequenas quantidades, como uma taça de vinho.

No entanto, é sempre aconselhável consultar um especialista em caso de dúvida. O mesmo poderá esclarecer as dúvidas apresentadas a respeito do consumo da droga.

Ansiolíticos e álcool: uma mistura que deve ser evitada

Ambas as substâncias atuam no mesmo receptor no sistema nervoso central, portanto seu efeito inibitório pode ser aumentado quando consumidas ao mesmo tempo. Isso pode trazer sérias consequências, que no pior dos casos são mortais.

A mistura de ansiolíticos e álcool deve ser evitada a todo custo para não sofrer nenhum mal. No entanto, pode haver um consumo seguro de bebidas alcoólicas durante o tratamento, que dependerá de múltiplos fatores e variará de pessoa para pessoa, por isso é recomendável consultar o médico.



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