Tratamento da fibromialgia
Embora não haja cura, existe tratamento para a fibromialgia. Isso pode ajudar o paciente a enfrentar os sintomas, entender melhor a doença e, claro, ter qualidade de vida.
Antigamente era comum a ideia de que as pessoas diagnósticadas com fibromialgia não podiam levar um estilo de vida ativo e uma rotina normal, e que, em vez disso, deveriam estar “sempre” na cama em repouso.
No entanto, com o tempo ficou claro que um bom tratamento para a fibromialgia pode ajudar o paciente a ter uma vida normal.
Dado que o quadro da fibromialgia pode ser muito heterogêneo, dificilmente acontecem dois casos iguais. Cada paciente apresenta uma série de peculiaridades e, por isso, o tratamento é totalmente personalizado.
Mesmo assim, alguns aspectos gerais podem estar incluídos – em maior ou menor grau – em muitos dos tratamentos da fibromialgia. Esses aspectos serão comentados seguir.
Medicamentos sem receita
Considerando que dor crônica e generalizada é um sintoma muito comum na fibromialgia, em alguns casos pode ser necessário o uso de analgésicos não opioides (como paracetamol e antiinflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno) para obter alívio.
Entretanto, analgésicos não são uma solução definitiva para a dor. De acordo com La Guía Del Paciente Para El Síndrome de Fatiga Crónica & Fibromialgia , as seguintes informações devem ser consideradas:
- Nenhum remédio é sempre útil.
- Os analgésicos se tornam menos eficazes à medida em que o corpo se acostuma com eles.
- Analgésicos não opioides são considerados seguros para pessoas com fibromialgia e síndrome da fadiga crônica.
- Analgésicos opióides ou narcóticos devem ser evitados, dados os riscos associados ao seu uso.
- Os medicamentos prescritos que melhoram o sono também podem ter um efeito benéfico sobre a dor.
Prescrições
O American College of Rheumatology menciona três medicamentos que foram aprovados para o tratamento da fibromialgia pela Food and Drug Administration dos EUA.
- Duloxetina (Cymbalta).
- Milnaciprano (Savella).
- Pregabalina (Lyrica): Este medicamento ajuda a bloquear as células nervosas hiperativas que transmitem a dor. Porém, deve ser usado com cautela, pois pode causar diversos desconfortos como: tontura, distensão abdominal, sonolência e aumento de peso.
Tanto a duloxetina quanto o milnaciprano alteram algumas das substâncias químicas do cérebro ( serotonina e norepinefrina) que ajudam a controlar os níveis de dor.
Antidepressivos
Como a fibromialgia pode causar problemas de sono e transtornos do humor (como depressão e ansiedade), pode ser necessária a prescrição de antidepressivos. Especificamente antidepressivos tricíclicos ou ciclobenzaprina. Amitriptilina, fluoxetina (Prozac) e paroxetina (Paxil) também são comuns.
Esses medicamentos ajudam a melhorar o sono e o humor, mas devem ser combinados com psicoterapia e outras medidas para proporcionar benefícios reais a médio e longo prazo.
Os antidepressivos tricíclicos contribuem para a inibição da recaptação da serotonina e da norepinefrina. Além disso, apresentam ação antagônica sobre os receptores de histamina, conforme indicado por um estudo publicado na Elsevier.
Anticonvulsivantes
No estudo citado anteriormente, também é indicado que “os medicamentos anticonvulsivantes mais estudados em pacientes com fibromialgia e outras doenças reumáticas foram a gabapentina e pregabalina”. No entanto, as evidências ainda são limitadas e é necessário continuar aprofundando a investigação para esclarecer a sua eficácia no tratamento da fibromialgia.
É importante informar o paciente sobre os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos prescritos. Náusea, tontura, dor de cabeça e outras queixas podem ser algumas das mais comuns.
Relaxantes musculares
Relaxantes musculares (ciclobenzaprina [Cicloflex, Flexeril, Flexiban]) podem ajudar a aliviar a dor e promover o relaxamento na hora de dormir. Outro relaxante muscular que poderia ser indicado para o mesmo fim é o Zanaflex (tizanidina).
Tratamento não farmacológico: psicoterapia
Em relação ao tratamento não farmacológico da fibromialgia, o American College of Rheumatology indica que a psicoterapia é valiosa e, mais especificamente, a terapia cognitivo-comportamental porque “se concentra na compreensão de como os pensamentos e comportamentos afetam a dor e outros sintomas”.
- Lidar com ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos (ou psiquiátricos, como o transtorno bipolar ) é essencial para garantir o bem-estar dos pacientes com fibromialgia.
- Na terapia, o paciente pode aprender a administrar seus pensamentos, emoções e sentimentos, bem como ferramentas para desenvolver uma conversa interna saudável que seja benéfica e não contribua para pensamentos angustiantes e sabotadores.
Estilo de vida e remédios caseiros
É importante que a pessoa aprenda a manter uma boa higiene do sono e outros hábitos de vida saudáveis para poder garantir o seu bem-estar no dia a dia.
Quando se trata de exercícios, o American College of Rheumatology afirma que:
- Qualquer tratamento medicamentoso deve ser acompanhado por um plano de exercícios e outras estratégias não medicamentosas que contribuam para o bem-estar.
- Os exercícios aeróbicos regulares provaram ser os mais benéficos.
- O exercício físico de baixo impacto também é altamente recomendado. Não será prejudicial mesmo quando a pessoa notar alguma dor.
- O tai chi e a yoga podem aliviar alguns sintomas, melhorar a higiene postural e controlar melhor a tensão emocional, o que, por sua vez, contribui para o bem-estar geral.
Alguns remédios caseiros podem ser úteis como coadjuvantes no tratamento da fibromialgia. Especialmente as compressas quentes, pois elas podem contribuir para o alívio da dor. Massagem e fisioterapia também podem ser úteis.
Como vimos, no tratamento da fibromialgia geralmente é necessário combinar várias estratégias terapêuticas para que o paciente tenha uma boa qualidade de vida.
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