Tratamento da doença de Alzheimer
A doença de Alzheimer causa demência por Alzheimer, a causa mais comum de demência, que é responsável por 55-65% de todos os casos de acordo com o DSM-IV-TR. Embora de acordo com Belloch (2008), os números sejam um pouco menores (35%). Mas existe tratamento para a doença de Alzheimer?
Atualmente, o Alzheimer não tem cura; no entanto, seus sintomas cognitivos podem ser retardados e os sintomas secundários (depressão, ansiedade, irritabilidade…) também podem ser aliviados. Neste artigo, vamos falar sobre os tratamentos farmacológicos e psicológicos usados para esta doença.
Medicação
A nível médico, diferentes tipos de medicamentos são usados no tratamento da doença de Alzheimer. Por exemplo, os intensificadores cognitivos são drogas que tentam retardar a progressão dos sintomas da doença.
Para combater os sintomas psicológicos são usados antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, etc. Por sua vez, os estimuladores cognitivos melhoram os processos mentais de algumas pessoas, mas a eficácia em cada uma delas pode variar muito.
O Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou dois tipos de medicamentos para o tratamento dos sintomas cognitivos da doença de Alzheimer:
- Inibidores da colinesterase.
- Antagonistas de N-metil D-aspartato (NMDA).
Inibidores da colinesterase
Essas drogas atuam evitando a degradação da acetilcolina no cérebro, uma substância química que facilita a comunicação das células nervosas nas áreas de memória, aprendizagem e processos de pensamento.
Nesse sentido, pesquisas encontraram níveis mais baixos dessa substância no cérebro de pessoas com demência por Alzheimer.
Por isso, espera-se que, ao proteger ou aumentar os níveis dessa substância por meio dessas drogas, o funcionamento do cérebro possa melhorar ou se estabilizar (Casey et al., 2010). Atualmente, e de acordo com os mesmos autores, existem três medicamentos inibidores da colinesterase aprovados e prescritos para esta doença:
- Aricept (donepezila): para o tratamento da doença de Alzheimer leve, moderada e grave.
- Exelon (rivastigmina): para casos leves a moderados.
- Razadyne (galantamina): também para casos leves a moderados.
Antagonistas de N-metil D-aspartato (NMDA)
O único medicamento desta classe é comercializado em alguns países com o nome comercial namenda (memantina), que é aprovado para a doença de Alzheimer moderada a grave (Casey et al., 2010). Este medicamento regula os níveis de glutamato (um aminoácido) no cérebro.
Níveis adequados de glutamato facilitam o aprendizado, mas o excesso dessa substância pode causar a morte de células cerebrais. O medicamento demonstrou ser eficaz em retardar a progressão dos sintomas de Alzheimer.
Psicotrópicos
Drogas psicotrópicas também são usadas na doença de Alzheimer; especificamente para controlar os sintomas comportamentais e psicológicos da demência. Dentre eles, destacam-se:
- Antipsicóticos.
- Antidepressivos.
- Ansiolíticos.
- Estabilizadores de humor.
- Medicamentos para a insônia (também chamados de hipnóticos ou soníferos).
Embora possam ser medicamentos muito eficazes, eles também têm efeitos colaterais. Dependendo do tipo de medicamento, encontramos os seguintes:
- Crise hipertensiva.
- Síndrome maligna neuroléptica.
- Insônia.
- Náusea.
- Sudorese.
- Prisão de ventre.
- Boca seca.
- Sonolência.
- Etc.
Medicamentos vendidos sem receita
Como medicamentos vendidos sem receita para o Alzheimer e seus sintomas relacionados, encontramos os analgésicos. Estes incluem, mas não estão limitados ao paracetamol e antiinflamatórios não esteróides. Os analgésicos são usados para obter analgesia, ou seja, para aliviar ou reduzir a dor (seja de cabeça, muscular ou generalizada).
Remédios caseiros e estilo de vida
As abordagens não farmacológicas ou psicológicas, ou seja, aquelas mais voltadas para a mudança no estilo de vida da pessoa, enfocam o tratamento dos sintomas comportamentais, psicológicos e emocionais de forma mais “natural”. Como dissemos, por meio de uma mudança no estilo de vida.
Exercício físico
No caso do Alzheimer, pode ser benéfico incluir exercícios físicos regulares na vida do paciente. O exercício não precisa ser intenso, basta incluir algum tipo de rotina que o mantenha em estado ativo (e sempre levando em consideração cada caso).
De fato, comportamentos desafiadores ou sentimentos de frustração costumam aparecer nessas pessoas, como resultado de não praticar atividade física suficiente.
Nesse sentido, segundo um estudo feito por Kratz (2017), levantar-se e dar uma caminhada, participar de uma aula de atividade aeróbica em grupo ou fazer pequenos exercícios de alongamento podem ajudar a satisfazer essa necessidade.
Por outro lado, sabe-se que o exercício físico tem potencial para melhorar a cognição em algumas pessoas, além de melhorar o humor por promover a liberação de substâncias como as endorfinas.
Medidas comportamentais
A avaliação do comportamento do paciente envolve a identificação de seus comportamentos e a observação dos antecedentes ele possui, ou seja, o que desencadeia tal comportamento. Conforme disse Kratz em um artigo de 2017, isso pode nos ajudar como cuidadores de um paciente com Alzheimer.
Por exemplo, se identificarmos que uma ducha rápida deixa o paciente agitado, podemos tentar um banho calmo de banheira. Trata-se de modificar os antecedentes desse comportamento (negativo) para evitar que eles apareçam.
Terapia de validação
A terapia de validação é benéfica na prevenção do agravamento de comportamentos problemáticos e é realizada a partir de uma mudança na perspectiva. Por exemplo, se o doente pede para ver a mãe (que pode ter falecido há muitos anos), em vez de confrontar, podemos pedir-lhe que fale sobre ela.
De acordo com Tondi et al. (2007), a terapia de validação (também chamada simplesmente de validação emocional), é uma estratégia que pode ser muito eficaz para acalmar a pessoa agitada ou chateada. Por outro lado, outros tipos de terapia também são utilizados, voltados para melhorar a ansiedade e sintomas depressivos do paciente, melhorar a resolução de problemas, etc.
Atividades significativas e agradáveis
Pessoas que sofrem de demência devido à doença de Alzheimer (ou qualquer outro tipo de demência) podem sentir-se solitárias e entediadas e até sofrer de depressão. De acordo com um estudo de Mendiola-Precoma et al. (2016), essas pessoas podem não ser capazes de verbalizar claramente tais sentimentos.
Por isso, é importante oferecer oportunidades de interação com os outros, além de certas responsabilidades (por exemplo: lavar a louça, ajudar em certas atividades…) e também realizar tarefas que sejam recompensadoras para eles (como cantar as suas canções favoritas, desenhar, ouvir música…).
Tudo isso anima o paciente, melhora seu humor e pode reduzir muito a sensação de inquietação e tédio.
Estimulação cognitiva
A estimulação cognitiva visa manter as habilidades cognitivas que ainda estão funcionando. Ou seja, visa atrasar o declínio cognitivo tanto quanto possível.
Também busca melhorar as funções que começam a se deteriorar. Nesse sentido, ser mentalmente ativo tem se mostrado útil para manter habilidades como memória ou pensamento.
A estimulação cognitiva pode ser feita de diferentes maneiras; por meio de cartas dirigidas a ele (por e-mail ou papel), jogos, leitura de livros, conclusão de um quebra-cabeça ou sudoku, etc.
Recomendações finais
Se um parente próximo foi diagnosticado com doença de Alzheimer, a melhor coisa que você pode fazer é procurar ajuda profissional para iniciar o tratamento adequado. O suporte emocional também é muito importante nesses casos, não só para o paciente, mas também para seus familiares.
Receber notícias desse tipo é muito difícil, mas com a ajuda necessária, conhecendo melhor a doença e antecipando as necessidades da pessoa, podemos começar a traçar o caminho para melhorar sua qualidade de vida. Nestes casos, aprender sobre a doença é fundamental.
- American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Quinta edición. DSM-V. Masson, Barcelona.
- Berrios, G. Trastornos orgánicos en psiquiatría. En Fuentenebro, F.; Vázquez, C. (1990). Psicología médica, psicopatología y psiquiatría. Interamericana McGraw-Hill, Madrid.
- Casey DA, Antimisiaris D, O’brien J. Drugs for Alzheimer’s disease: are they effective? P T. 2010;35(4):208-11.
- Förstl, H. & Kurz, A, (1999). Clinical features of Alzheimer’s disease. European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience 249 (6): 288-290.
- Kratz T. The Diagnosis and Treatment of Behavioral Disorders in Dementia. Dtsch Arztebl Int. 2017;114(26):447-454. doi:10.3238/arztebl.2017.0447
- Mendiola-precoma J, Berumen LC, Padilla K, Garcia-alcocer G. Therapies for Prevention and Treatment of Alzheimer’s Disease. Biomed Res Int. 2016;2016:2589276. doi:10.1155/2016/2589276
- Santos, J.L. ; García, L.I. ; Calderón, M.A. ; Sanz, L.J.; de los Ríos, P.; Izquierdo, S.; Román, P.; Hernangómez, L.; Navas, E.; Ladrón, A y Álvarez-Cienfuegos, L. (2012). Psicología Clínica. Manual CEDE de Preparación PIR, 02. CEDE. Madrid.
- Tondi L, Ribani L, Bottazzi M, Viscomi G, Vulcano V. Validation therapy (VT) in nursing home: a case-control study. Arch Gerontol Geriatr. 2007;44 Suppl 1:407-11. doi:10.1016/j.archger.2007.01.057