Terror noturno: sintomas, causas e tratamento
Os distúrbios do sono são muito comuns na sociedade (o mais prevalente é a insônia). Alguns deles são mais comuns durante a infância, como é o caso dos terror noturno. De acordo com a Sociedade Espanhola de Neurologia (SEN), entre 20 e 48% da população adulta apresenta, em algum momento da vida, dificuldades para iniciar ou manter o sono (insônia).
Em pelo menos 10% dos casos, isso se deve a um grave distúrbio crônico do sono. Em relação às crianças, a Academia Americana de Pediatria relata uma prevalência desse tipo de distúrbio em idade pediátrica em 20% a 30% dos casos.
O terror noturno, em particular, pode ser diagnosticado (como um distúrbio) em 1-6% da população infantil, embora os números aumentem consideravelmente se falarmos apenas de episódios pontuais ou até mesmo frequentes. O que está envolvido nesse distúrbio e como ele se diferencia dos pesadelos? Por que aparece, quais são os seus sintomas e como pode ser tratado?
Terror noturno: o que é?
O terror noturno é um tipo de distúrbio do sono, trata-se de uma parassonia. As parassonias são distúrbios caracterizados por comportamentos fisiológicos anormais que ocorrem coincidindo com o sono, com algumas de suas fases ou com as transições entre o sono e a vigília.
As parassonias são alterações que geralmente causam desconforto e declínio social ou profissional. Mas o que é o terror noturno? Ele envolve episódios recorrentes de despertares súbitos, que ocorrem durante o primeiro terço do episódio principal de sono, e que começam com um grito de angústia.
Episódios de terror
Complementando essa definição, o terror noturno é um episódio de choro e gritos que aparece repentinamente durante as fases de sono profundo (no meio da noite).
Também é expresso no rosto, por meio de expressões faciais de terror e medo. A sua duração é de um a dez minutos, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, (CID).
Aparecimento durante a infância
É um distúrbio que geralmente aparece durante a infância, entre os 4 e os 7 anos; embora também apareça na idade adulta, isso é menos frequente.
Cansaço, estresse e um desajuste cerebral
Dentre as possíveis causas desse distúrbio do sono, f oi encontrado um desequilíbrio das ondas cerebrais durante o sono, embora outros fatores, tais como estresse e cansaço, possam aumentar a probabilidade do seu aparecimento. Mais adiante, vamos especificar um pouco mais as causas e os fatores de risco desse transtorno.
É um distúrbio comum?
Em relação à sua frequência, geralmente há um episódio de terror noturno por noite, porém não mais do que isso. De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a prevalência de terror noturno em crianças é de 1 a 6% (como diagnóstico), sendo mais frequente no sexo masculino.
Porém, quando falamos em sintomas ou episódios mais isolados (sem constituir um distúrbio que interfira na vida do indivíduo) encontramos números mais elevados. Em relação a isso, um estudo da Academia Americana de Pediatria afirma que 4 em cada 10 crianças sofrem de terror noturno.
No caso dos adultos, a prevalência fica em 1% (sempre como distúrbio), sendo igualmente frequente em homens e mulheres. Em adultos, o número de episódios durante a noite pode ser maior do que em crianças.
Como ele se diferencia dos pesadelos?
Os pesadelos, outro tipo de parassonia, são um tipo de sonho angustiante. Envolvem repetidos despertares durante o período do sono, desencadeados por sonhos muito aterrorizantes e prolongados que deixam lembranças vívidas e cujo conteúdo geralmente se concentra em ameaças à própria sobrevivência, segurança ou autoestima. Eles causam desconforto, assim como o terror noturno.
No entanto, o terror noturno é menos elaborado do que os pesadelos, e a pessoa não se lembra do conteúdo do sonho ao acordar (algo que geralmente acontece com os pesadelos). Ou seja, há uma amnésia em relação ao episódio.
Além disso, no terror noturno, aparecem sinais fisiológicos na pessoa (taquicardia, sudorese, taquipneia…).
Nesse sentido, o terror noturno é muito mais intenso e angustiante, mesmo que a pessoa não se lembre dele mais tarde. Por outro lado, os episódios de terror noturno geralmente são mais curtos do que os pesadelos (eles consistem em sonhos longos e elaborados, conforme já foi indicado).
Sintomas
Durante um episódio de terror noturno, geralmente aparecem sintomas como sudorese profusa, choro, confusão e frequência cardíaca elevada. Os sintomas geralmente são semelhantes tanto em crianças quanto em adolescentes e adultos.
Outros sintomas que encontramos neste distúrbio são os seguintes:
- Dificuldade para acordar.
- Caso acorde, a pessoa se sente confusa, angustiada ou com grande terror.
- A pessoa acorda com um grito de terror depois do episódio.
- Vários sintomas fisiológicos já descritos.
- A pessoa tem dificuldade para ser consolada.
- Aparecem birras durante e após o terror noturno, especialmente em crianças.
- A pessoa pode sair da cama ou se sentar na beirada dela, ou ainda correr pela casa.
- A pessoa pode chegar a cometer atos violentos durante o sono (especialmente no caso dos adultos).
Causas
A causa exata do terror noturno ainda é desconhecida até o momento. No entanto, os especialistas acreditam que há uma série de fatores que podem aumentar a probabilidade de desenvolver um distúrbio como esse. Entre esses fatores, encontramos:
- Falta de sono ou fadiga.
- Sintomas ansiosos ou depressivos.
- Consumo de certos medicamentos ou drogas.
- Problemas orgânicos.
- Um estado de tensão emocional significativo.
- Viver em uma época estressante.
- Dormir em um novo ambiente, longe de casa.
- Superativação do sistema nervoso central (SNC) durante o sono.
- Histórico familiar do mesmo distúrbio.
Em relação a esta última causa, de acordo com um estudo publicado em 2008 na revista Pediatrics, o terror noturno infantil pode ser hereditário.
Tratamento
Qual é o tratamento para o terror noturno? Não há nenhum específico, embora geralmente sejam utilizadas técnicas de relaxamento e respiração, tais como respiração diafragmática, relaxamento muscular progressivo de Jacobson, meditação, hipnose, yoga, etc.
Há uma técnica que é utilizada (especialmente em crianças) chamada “despertares programados”. Consiste em acordar a criança a cada 15-30 minutos antes do momento em que geralmente ocorre o episódio, a fim de “quebrar” o ciclo do sono e prevenir o evento.
Algumas recomendações
Além disso, algumas opções que podem ser úteis para reduzir o estresse associado a este transtorno são as seguintes:
- Melhorar os hábitos de sono por meio de uma boa higiene do sono.
- Combater o estresse: identificar as fontes que geram estresse e resolvê-las.
- Resolver outras condições médicas: caso haja alguma patologia subjacente.
- Medicação: geralmente são usados benzodiazepínicos ou antidepressivos tricíclicos, embora eles não sejam ministrados para crianças com frequência.
- Proteger o ambiente: para evitar o risco de lesões, é recomendável fechar janelas e portas antes de dormir, bem como bloquear portas ou escadas e remover elementos perigosos.
Nem sempre precisa ser tratado
É importante notar aqui que, quando o terror noturno não é frequente (especialmente durante a infância), o tratamento não é necessário. Isso ocorre porque este é um distúrbio que não é prejudicial e que não representa nenhum perigo para a criança (ainda que seja angustiante para os pais).
Mesmo assim, é aconselhável prevenir possíveis lesões fechando portas e janelas no caso das crianças muito agitadas e que saem da cama durante o episódio.
Transmitir tranquilidade
Se o seu filho sofre de terror noturno e acorda com muito medo e angustiado, a melhor coisa a fazer é acompanhá-lo de volta para a cama (caso ele tenha se levantado) e tentar tranquilizá-lo. Você pode falar com ele devagar e em voz baixa, colocar uma música suave para que ele volte a dormir, etc.
O terror noturno pode ser combatido de forma eficaz
Conforme você pôde ler ao longo do artigo, esses eventos são mais ou menos comuns e nem sempre indicam uma patologia subjacente.
O mais importante é saber identificá-los e procurar ajuda o mais rápido possível, caso isso represente um problema considerável para a qualidade de vida das pessoas afetadas ou de seus entes queridos.
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