Oxigenoterapia: tudo o que você precisa saber

A oxigenoterapia é usada para tratar de forma imediata ou a longo prazo certas condições que impedem a chegada de oxigênio aos tecidos do paciente.
Oxigenoterapia: tudo o que você precisa saber
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 10 agosto, 2021

O termo oxigenoterapia se refere a qualquer técnica que utiliza a administração de oxigênio (O2) para fins terapêuticos. O objetivo desta abordagem é fornecer esse gás ao paciente em concentrações mais altas que a ambiental. Ela é utilizada em quadros de hipóxia, nos quais o paciente é incapaz de transportar uma quantidade suficiente de oxigênio para os seus tecidos.

Nesse cenário o oxigênio é considerado como um medicamento, pois possui indicações precisas, deve ser utilizado em doses e intervalos protocolados, pode gerar efeitos adversos e requer critérios clínicos e laboratoriais. A curto e longo prazo, os objetivos da oxigenoterapia são melhorar a oxigenação, diminuir ou prevenir a hipoxemia e prevenir ou corrigir a hipóxia.

Fora do âmbito médico, a oxigenoterapia também encontra lugar nos lares de doentes crônicos, na forma de oxigenoterapia domiciliar crônica. Continue lendo se te interessa saber mais sobre este conjunto de técnicas.

O que é oxigenoterapia?

A oxigenoterapia é uma medida terapêutica que consiste na administração de oxigênio em concentrações superiores à ambientais. Conforme indicado pela Universidad Clínica Navarra, o objetivo desta abordagem é manter uma pressão de oxigênio adequada.

Em condições ambientais normais o ar contém 21% de oxigênio. Na oxigenoterapia normobárica, o oxigênio – na verdade dioxigênio – é administrado em uma concentração de 21 a 100% através de máscaras, cânulas nasais e outros dispositivos. Já na variante hiperbárica, o O2 100% é fornecido por dispositivos especiais, em uma câmara hiperbárica.

De acordo com alguns documentos médicos, a necessidade de oxigenoterapia do paciente é determinada com base na pressão arterial parcial de oxigênio (PaO2), que por sua vez se correlaciona com a baixa saturação de oxigênio na hemoglobina dos glóbulos vermelhos. Este conjunto de técnicas é concebido quando a PaO2 no sangue arterial é inferior a 60 milímetros de mercúrio (mm Hg) ou a saturação de hemoglobina no sangue periférico é inferior a 93-95%.

Glossário de termos

Antes de continuar com os tipos e usos da oxigenoterapia, acreditamos que seja útil introduzir alguns termos médicos pouco conhecidos pela população em geral:

  • Fração inspirada de O2 (FiO2): porcentagem de O2 dissolvido no ar inspirado, expressa em concentração e medida em porcentagem. No ar ambiente, o FiO2 padrão é de 21%.
  • PaO2: pressão arterial de oxigênio. Os resultados normais variam de 75 a 100 mm Hg. Esse valor só pode ser analisado no sangue que corre nas artérias.
  • PaCO2: pressão arterial de dióxido de carbono. Os resultados normais variam de 38 a 42 mm Hg.
  • Hipóxia: diminuição do suprimento de O2 para os tecidos do paciente. A hipóxia pode ser hipoxêmica, circulatória, anêmica e histotóxica.
  • Hipoxemia: diminuição do O2 dissolvido no sangue arterial. Em outras palavras, é uma diminuição da PaO2 abaixo de 60 mm Hg. Este valor corresponde a uma saturação de O2 de 90%.
  • Fluxo: quantidade de oxigênio fornecida por um determinado mecanismo. É medido em litros por minuto (lpm).
  • Relação ventilação/perfusão (V/Q): este termo se refere à relação entre a ventilação dos alvéolos e o transporte de sangue por suas arteríolas. Os valores normais são 4,2 litros por minuto (L/min) para V e 4-5 L / min para Q.
  • Insuficiência respiratória: condição em que o sistema respiratório deixa de transportar oxigênio suficiente para o sangue ou quando os pulmões não liberam uma determinada quantidade de dióxido de carbono. Nesse estágio, a PaO2 é menor que 60 mm Hg (hipoxemia) e a PaCO2 é maior que 50 mm Hg (hipercapnia).
Falta de ar pode requerer oxigenoterapia.
A falta de ar pode ser uma percepção da pessoa ou uma situação real que demanda o fornecimento de oxigênio.

Quais são os usos da oxigenoterapia?

A oxigenoterapia é indicada nos casos de insuficiência respiratória, ou seja, quando a PaO2 for menor que 60 mm Hg. Em qualquer caso, não é necessário esperar a mensuração dessas variáveis para iniciar o tratamento.

O tom azulado dos lábios e membranas mucosas (cianose central) indica uma PaO2 inferior a 50 mm Hg e uma saturação de hemoglobina inferior a 85%. Se o paciente apresenta este sinal clínico, esse é um motivo mais do que suficiente para iniciar a oxigenoterapia.

A hipóxia no ambiente celular pode ser devida a várias condições: diminuição de O2 no ar inspirado, ventilação alveolar alterada, desequilíbrios na relação ventilação/perfusão, transferência de gases prejudicada, diminuição do gasto cardíaco , choque, hipovolemia. A seguir apresentamos alguns dos usos da oxigenoterapia com base nessas idéias.

Hipóxia atmosférica

Até cerca de 12.000 metros acima do nível do mar, a concentração de oxigênio atmosférico se mantém em 21%. Em qualquer caso, à medida em que a altitude aumenta, a pressão atmosférica diminui e, portanto, a concentração de O2. Dispositivos de oxigenoterapia transportáveis podem fornecer oxigênio nessas situações.

Hipóxia devido à hipoventilação

A hipoventilação é uma respiração muito superficial e lenta, o que sempre causa um aumento na PaCO2 e uma diminuição da PaO2. Nessas situações, a oxigenoterapia pode aumentar o oxigênio disponível ao paciente em até 5 vezes. Em qualquer caso, como indica o portal Anales de Pediatría, o objetivo final é restaurar o ciclo ventilatório normal.

Doenças crônicas

A oxigenoterapia é muito útil em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Essa condição é caracterizada por uma obstrução progressiva e irreversível das vias aéreas. Como o dano pulmonar não pode ser revertido, o paciente precisará de oxigenoterapia para o resto da vida.

Outra condição crônica na qual é eficaz o uso de oxigenoterapia de longo prazo é a apneia do sono. Nesta quadro, a respiração para e recomeça repetidamente durante a noite, o que pode colocar o paciente em um grave risco de vida. Os concentradores de oxigênio portátil são ferramentas que permitem uma respiração mais fácil para pessoas com apneia.

Doenças agudas

A oxigenoterapia é amplamente utilizada na área médica, tanto em enfermarias de hospitais quanto em situações de emergência. No paciente pré-hospitalar, a hipóxia geralmente ocorre em  situações como traumatismos graves, hemorragias, choque anafilático, convulsões e hipotermia.

Ela também é usada em pacientes com níveis anormalmente baixos de oxigênio, derivados de outra condição aguda. Terminado o tratamento, o paciente volta a respirar normalmente.

Dispositivos para oxigenoterapia

Os dispositivos usados nessas abordagens se dividem em 2 categorias: baixo e alto fluxo. Examinaremos cada uma das variantes a seguir.

Dispositivos de baixo fluxo

Conforme indicam os documentos profissionais , os dispositivos de baixo fluxo fornecem menos de 40 litros de gás por minuto (lpm). Eles não proporcionam a totalidade do ar inspirado pelo paciente e, portanto, o oxigênio fornecido se mistura com os gases presentes no ambiente.

A segui apresentamos alguns dos dispositivos de baixo fluxo mais comuns para realizar a oxigenoterapia na área médica:

  • Sonda nasofaríngea (1 a 6 bpm e 24-40% O2): é um cateter inserido através de uma das narinas até a orofaringe. Este mecanismo permite que o paciente se mova, fale e coma durante o tratamento, por isso é recomendado em internações de longa duração.
  • Cânula nasal (1 a 6 bpm t 24-40% O2): é uma das variantes mais comuns. Trata-se de 2 óculos nasais que são colocados nas narinas e em seguida conectados por um tubo a uma fonte de O2 e um umidificador. Essa é uma opção muito confortável, mas a sua eficácia depende da capacidade respiratória do paciente, além de não permitir que a FiO2 seja conhecida.
  • Máscara facial simples (de 5 a 6 bpm e 40% O2): essa máscara precisa de reservatórios e mecanismos complexos, e possui apenas 2 orifícios laterais que possibilitam as trocas gasosas entre o paciente e o ambiente. Ela permite a liberação de concentrações de O2 maiores que as opções anteriores, mas impede a expectoração e dificulta a fala.
  • Máscara com reinalação parcial (5 a 8 bpm e 40-60% O2): essa máscara possui 2 orifícios lateralizados que atuam como respiradouros. Além disso, por apresentar uma bolsa reserva no circuito de entrada, podem ser alcançadas concentrações de O2 de até 60%.

Dispositivos de alto fluxo

Os dispositivos de alto fluxo fornecem a totalidade do ar inspirado pelo paciente. Não ocorre mistura com os gases ambientais e a FiO2 independe do padrão ventilatório, permanecendo constante ao longo do tempo.

Um exemplo é a máscara do tipo Venturi. Ela possui um sistema que permite a administração constante e exata da concentração de oxigênio necessária, com valores de FiO2 de 24 a 60%, independente do padrão ventilatório do paciente e do ambiente.

Outros dispositivos

Na oxigenoterapia hiperbárica, o oxigênio a 100% é administrado ao paciente no valor de 2 ou 3 vezes a pressão atmosférica ao nível do mar – isso é feito dentro de uma câmara hiperbárica. O objetivo é aumentar a pressão parcial de O2 nos tecidos, uma vez que ela atinge um valor muito superior ao esperado se comparado à respiração de oxigênio puro em condições normobáricas.

Máscara de oxigênio.
As máscaras de oxigênio cumprem a função de fornecer oxigênio com mais pressão e precisão.

Perigos da oxigenoterapia

A oxigenoterapia é geralmente bem tolerada, mas, como acontece com todos os tratamentos, existe uma série de considerações e ameaças que devem ser levadas em consideração. Conforme alguns estudos apontam, há casos em que a oxigenoterapia não só é desencorajada, mas também pode ter efeitos prejudiciais.

Aqui estão alguns dos efeitos colaterais possíveis:

  • Toxicidade: respirar concentrações muito altas de oxigênio à pressão atmosférica causa sérios danos aos pulmões se a exposição for longa (de 24 a 48 horas). Uma mistura com FiO2 maior que 60% pode causar danos às células da árvore traqueobrônquica e aos alvéolos após 24 horas de exposição.
  • Retenção de CO2: em alguns pacientes com mecanismos ventilatórios defeituosos a oxigenoterapia pode diminuir a resposta à hipóxia e, portanto, causar armazenamento de CO2 no sangue (hipercapnia). Se essa condição não for considerada, o paciente pode sofrer uma acidose respiratória com graves consequências.
  • Acidentes: Como acontece com qualquer tipo de máquina, podem ocorrer acidentes durante o funcionamento dos dispositivos. De qualquer forma isso pode ser evitado com um bom preparo dos profissionais do hospital. Também é importante lembrar que o oxigênio em altas concentrações é inflamável.
  • Secura nas mucosas e irritação: um fluxo constante de gases pode irritar e secar as mucosas do trato respiratório superior, que precisam estar úmidas. Isso pode ser evitado através da umidificação adequada do oxigênio antes que ele entre em contato com o sistema respiratório do paciente.

Além disso, a oxigenoterapia não é recomendada para pessoas com fibrose pulmonar resultante de tratamento com bleomicina – um medicamento anticâncer – ou em pacientes pediátricos por muito tempo. Em crianças prematuras essas abordagens podem causar retinopatia da prematuridade, uma cegueira devido ao crescimento excessivo dos capilares sanguíneos oculares.

A oxigenoterapia é útil, mas não isenta de precauções

Em geral, a oxigenoterapia é muito bem tolerada na população adulta, seja sua administração de curto ou longo prazo. Ela previne a morte por hipóxia/hipoxemia e hipercapnia, por isso costuma ser a primeira abordagem médica considerada quando um paciente chega ao pronto-socorro com algum tipo de insuficiência respiratória ou sintomas de cianose.

Esse tratamento de suporte é útil para manter a pessoa viva, mas é sempre necessário procurar a causa da hipóxia e tratá-la, assim que os sinais vitais se estabilizem. Sem dúvida, esse conjunto de técnicas salva a vida de milhares de pessoas por ano.




Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.