O que é uma emergência hipertensiva?

As emergências hipertensivas aumentam a pressão arterial a níveis mortais. Normalmente causam danos em órgãos-alvo, o que requer tratamento urgente para a recuperação. Falaremos mais sobre esse assunto a seguir.
O que é uma emergência hipertensiva?

Última atualização: 22 junho, 2021

Uma emergência hipertensiva ocorre quando os níveis de pressão arterial sobem para valores potencialmente fatais. A American Heart Associaton estipula que ela se caracteriza por leituras iguais ou superiores a 180/120 mmHg. Ela t ambém é conhecida como hipertensão maligna e está relacionada a danos parciais ou totais em um ou mais órgãos do corpo.

As emergências, junto com as urgências, fazem parte das crises hipertensivas. As evidências indicam que, em média, 1% dos hipertensos as desenvolve.

Apesar de sua baixa incidência, hoje alguns argumentam que essa é a segunda causa de morte mais comum entre os hipertensos, depois do acidente vascular cerebral. Vamos conhecer os sintomas, diagnóstico e como agir para tratá-la.

Sintomas de uma emergência hipertensiva

A emergência hipertensiva causa muitos sintomas.
Os sintomas de uma emergência hipertensiva podem ser muito variados, pois alterações no fluxo sanguíneo podem afetar qualquer sistema do corpo.

Uma vez que a hipertensão maligna é sempre acompanhada por lesão de órgãos, os sintomas variam de acordo com qual deles foi afetado. O cérebro, os rins e o coração são os principais candidatos, embora lesões oculares também sejam muito comuns. Entre os sintomas frequentes, destacamos os seguintes:

  • Dor de cabeça.
  • Visão turva.
  • Náusea e vômito.
  • Tontura e desorientação.
  • Hemorragia nasal.
  • Dor no peito.
  • Dificuldade em respirar / sensação de asfixia.
  • Diminuição na produção de urina.
  • Batimento cardíaco irregular (arritmias).
  • Desmaios e convulsões.

Esses sinais nem sempre se desenvolvem, e alguns deles podem ser confundidos com uma condição previamente diagnosticada. Também podem ocorrer sintomas como ansiedade, dormência nas extremidades ou na superfície da pele e estados mentais alterados.

A falta de reação é frequentemente relatada entre os pacientes, em parte devido a distúrbios mentais. A presença de um ou mais desses sintomas não deve ser ignorada, especialmente caso haja histórico de hipertensão.

Causas de uma emergência hipertensiva

Muitas causas que podem levar a uma emergência hipertensiva já foram identificadas. Muitas vezes o desenvolvimento não depende de uma única razão, mas da confluência de várias delas. Entre as principais, destacamos:

Falta de adesão a anti-hipertensivos

A maioria dos episódios desse tipo ocorre em pessoas com diagnóstico de hipertensão. Segundo alguns estudos, em média, 65% dos pacientes que procuram o pronto-socorro por hipertensão maligna relataram falta de adesão ao tratamento.

Isso indica que a não ingestão dos medicamentos é a principal causa dessa condição. Além disso, a maioria dos casos ocorre em pacientes com hipertensão diagnosticada.

É preciso lembrar que a hipertensão é uma doença para a qual não há cura. Os medicamentos indicados para o tratamento têm como objetivo o combate aos sintomas.

Por sua vez, eles evitam o desenvolvimento de efeitos colaterais da hipertensão, como danos ao cérebro, coração e rins. Se a adesão a eles não for mantida, o prognóstico é reduzido e surgem complicações como emergências hipertensivas.

Insuficiência renal

O papel dos rins no controle da pressão arterial é frequentemente ignorado. Esses órgãos produzem hormônios destinados a controlar os níveis de fluxo sanguíneo e, quando há algum tipo de distúrbio neles, o desequilíbrio na pressão dos vasos sanguíneos é questão de tempo.

Por exemplo, sabe-se que a doença do parênquima renal e a estenose da artéria renal podem catalisar a hipertensão maligna. Também foi demonstrado que, entre as pessoas com síndrome hemolítica-urêmica atípica primária (na qual a insuficiência renal aguda geralmente persiste), o desenvolvimento de hipertensão é relativamente comum.

Gravidez

Os desequilíbrios da pressão arterial durante a gravidez são comuns na maioria das mulheres grávidas, como indicam as evidências. Outra pesquisa sugere que o desenvolvimento de emergências hipertensivas pode ser devido a um processo multissistêmico, no qual a pré-eclâmpsia desempenha um papel importante.

A pré-eclâmpsia é uma condição que ocorre após a 20ª semana de gravidez e é caracterizada pelo aumento da pressão arterial. É mais comum em mulheres com mais de 35 anos e durante a primeira gravidez. Pode causar distúrbios hepáticos ou renais e até a morte.

Transtornos vasculares

Os distúrbios vasculares são aqueles que afetam diretamente as artérias ou veias. Dissecções de aorta têm sido associadas à hipertensão maligna. Além disso, há evidências de que a trombose da aorta torácica pode ser a causa.

Algumas doenças que geram desequilíbrios vasculares, como a esclerose sistêmica, também foram identificadas como possíveis gatilhos.

Outras condições que podem causar estágios elevados crônicos de hipertensão são tumores da glândula adrenal e infarto do miocárdio. Embora seja improvável que eles por si só gerem uma crise hipertensiva, os fatores de risco a seguir podem se unir aos demais no desenvolvimento de hipertensão:

  • Uso indiscriminado de drogas recreativas.
  • Consumo excessivo de álcool e tabaco.
  • Estar acima do peso ou ser obeso.
  • Exceder a dose recomendada de alguns medicamentos (ou manter a ingestão sem supervisão médica).
  • Alimentação desordenada, com predomínio de gordura, alimentos processados e sal.

Às vezes, a causa real da condição não pode ser determinada. De qualquer forma, quando o paciente vai ao pronto-socorro é feito o diagnóstico e, a seguir, são tratadas as sequelas geradas pela elevação da pressão arterial.

Diagnóstico de uma emergência hipertensiva

Uma emergência hipertensiva é fácil de diagnosticar.
A combinação de elementos clínicos e valores elevados de pressão arterial permitem que o diagnóstico seja feito.

Como indicamos no início, uma emergência hipertensiva é diagnosticada quando a pressão arterial é igual ou superior a 180/120 mmHg e há evidências de danos aos órgãos-alvo. Este último é importante pois, se não houverem danos, trata-se de uma urgência hipertensiva, outro tipo de crise relacionada ao aumento da tensão nas artérias.

O protocolo a ser seguido nas urgências, portanto, consistirá no seguinte:

  • Descartar que se trate de uma emergência hipertensiva ou outro tipo de condição.
  • Avaliar a etiologia. Isso será feito, entre outras coisas, por meio da análise do histórico médico do paciente.
  • Determinar o dano colateral gerado pela hipertensão maligna.

Etapas específicas no processo de diagnóstico

  • Anamnese: a anamnese é o termo médico para a análise de dados do histórico clínico do paciente. O médico irá examiná-lo em busca de possíveis sinais do desenvolvimento da crise. Também avaliará se a pessoa pertence a um grupo de risco modificável (peso, dieta, hábitos) e qual era a rotina do mesmo antes de ocorrer o aumento da pressão.
  • Exame físico: com o auxílio de um monitor de pressão arterial, serão determinados os níveis pressóricos do momento. O teste será feito várias vezes, com intervalos de 1 a 5 minutos, para atingir um valor objetivo.
  • Testes de imagem: usados para descobrir danos no corpo. A tomografia computadorizada e o eletrocardiograma são os mais frequentemente escolhidos.
  • Exames de urina e sangue: para complementar os exames anteriores, o especialista também pedirá esses dois exames. A princípio, ele buscará evidências de danos ao fígado ou rins, além de outras informações que possam alertar para danos colaterais.

A maioria dos pacientes diagnosticados é admitida em unidade de terapia intensiva (UTI) para prosseguir com o tratamento e melhorar o prognóstico.

Tratamento para emergência hipertensiva

A primeira coisa a fazer em uma emergência hipertensiva é reduzir os valores da pressão arterial para uma faixa segura para o corpo. A segunda é neutralizar os possíveis danos causados ao órgão.

O tratamento para este último caso é muito variado, pois depende de qual área foi afetada e em que grau. Isso é determinado com mais precisão quando os exames de laboratório e de imagem são concluídos.

Alguns casos práticos

Seguindo as evidências nesse sentido, a seguir apontamos um modelo de tratamento baseado nos danos causados por:

  • Hipertensão maligna com dissecção aórtica: a melhor opção é esmolol intravenoso, com dose variando de 500-1000 mcg / kg. Se a resistência for mantida, pode ser suplementado com nitroglicerina ou nitroprussiato por via intravenosa.
  • Emergência hipertensiva com edema agudo de pulmão: nitroglicerina, nitroprussiato ou clevidipina intravenosa é usada. A administração de betabloqueadores é contra-indicada.
  • Pacientes com infarto agudo do miocárdio e hipertensão maligna: neste caso, esmolol intravenoso é preferível como primeira opção. Se necessário, nitroglicerina intravenosa também pode ser usada.
  • Emergência hipertensiva com insuficiência renal: está indicado o uso de nicardipina, fenoldopam e clevidipina.

A escolha varia de acordo com a condição e é sempre personalizada. A dose e a velocidade em que a pressão diminui até valores normais também variam conforme o caso. É muito importante que se evitem diminuições muito rápidas, pois elas estão relacionadas a complicações secundárias.

Por exemplo, sabemos que elas podem causar hipoperfusão cerebral, miocárdica e renal. Em geral, recomenda-se que a redução seja feita em um período de 30-60 minutos, em aproximadamente 15% do valor apresentado. Em casos graves, o tempo pode ser reduzido para 5-10 minutos.

Não é incomum passar vários dias ou semanas antes que os valores voltem ao normal. O paciente deve permanecer sob estrita supervisão médica e aderir ao tratamento para recuperar parcial ou totalmente a função dos órgãos afetados.



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