O que é imunossenescência?
O envelhecimento é um processo que não pode ser revertido. À medida em que acumulamos mais décadas de vida, o organismo se deteriora de forma gradual; não apenas por fora, com o aparecimento de rugas na pele, mas também por dentro. Hoje falaremos sobre a imunossenescência, também conhecida como envelhecimento do sistema imunológico.
Após uma certa idade se inicia um processo de deterioração das funções imunológicas do corpo, que afeta tanto a imunidade natural como a adquirida. As consequências são percebidas de diferentes maneiras, principalmente quando são contraídas infecções ou doenças. Vejamos o que os especialistas têm a dizer sobre esse assunto.
Características de imunossenescência
A imunossenescência é um problema que os pesquisadores conhecem muito bem há várias décadas. Ela é descrita como a deterioração progressiva do sistema imunológico como resultado do envelhecimento natural do organismo. Os mecanismos ocultos que provocam essa degeneração não são exatamente conhecidos, embora as evidências apontem para uma involução crônica do timo.
Outros especialistas acreditam que as causas da imunossenescência são multifatoriais, girando em torno de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Seja como for, esse é um problema real que todos nós enfrentaremos em nossas últimas décadas de vida.
Embora seja verdade que o impacto no sistema imunológico adquirido seja maior, estudos concordam que o inato também sofre uma perda significativa. Veremos a seguir quais aspectos são comprometidos com o envelhecimento do sistema imunológico.
Sistema imunológico inato
Também conhecido como sistema imunológico natural ou específico, trata-se da proteção com a qual todos nascemos, que funciona como defesa contra os antígenos. Tomando como ponto de partida apenas os elementos mais importantes, durante a imunossenescência são afetados os seguintes componentes deste sistema:
- Neutrófilos: alteração da apoptose (morte celular programada) e produção de ROS (espécies reativas de oxigênio).
- Monócitos: diminuição da atividade fagocítica (processo no qual certos compostos ou células são capturadas e degradadas) e MHC (complexo principal de histocompatibilidade) de classe II.
- Macrófagos e células dendríticas: o número de macrófagos na medula óssea diminui, assim como o número de células dendríticas no sangue. A quantidade de células de Langerhans também diminui.
- Receptores de reconhecimento de padrões (PRRs): os receptores de reconhecimento de padrões (PTTs na sigla em inglês) são alterados. Como consequência, a captura de antígenos é diminuída.
- Células NK: o volume delas aumenta, mas ao mesmo tempo a citotoxicidade diminui.
- Linfócitos NKT: ocorrem algumas alterações, a maioria relacionadas à diminuição das mesmas.
- Timo: embora o tamanho não sofra variação, diversas mudanças internas operam no timo. Ocorre uma redução do número de timócitos e células do estroma.
Sistema imunológico adquirido
Também conhecido como sistema imunológico adaptativo, ele se refere à parte do sistema imunológico que é adquirida após o nascimento, a princípio após o contato com um antígeno. Neste caso, as áreas mais afetadas são as seguintes:
- Linfócitos T: o número de linfócitos T virgens diminui, reduzindo assim a imunovigilância e a resposta a novos patógenos que entram no organismo.
- Linfócitos B: ocorre uma diminuição nos linfócitos B virgens. Como resultado, a resposta de anticorpos diminui.
- Citocinas: algumas delas aumentam (IL-1, IL-6 e IL-8), enquanto outras diminuem (IL-2 e IFNy). Isso resulta em uma predisposição a estados inflamatórios crônicos e hipersensibilidade (a alergias, por exemplo).
- Células-tronco: a composição das células-tronco muda em comparação com a de pacientes jovens. Elas diminuem em relação à atividade, mas aumentam em quantidade na medula óssea.
Como podemos ver, as alterações são gerais durante o processo de imunossenescência. Ela afeta as partes mais importantes do sistema imunológico, o que provoca uma série de consequências a curto, médio e longo prazo. Veremos isso em mais detalhe na próxima seção.
Consequências da imunossenescência
Como a Johns Hopkins Medicine nos lembra, o envelhecimento do sistema imunológico gera um risco maior de reativação de vírus latentes. É por esta razão que, nas pessoas em idades mais avançadas, ocorre um aumento nos casos notificados de vírus varicela-zoster, Epstein-Barr, herpes simplex e citomegalovírus.
Esses vírus permanecem latentes no corpo após uma infecção durante a infância ou adolescência. Devido às alterações que ocorrem no funcionamento do sistema imunológico, eles se manifestam assim que a eficácia da proteção diminui. Outras consequências relacionadas a este processo natural são as seguintes:
- Menor resposta à vacinação.
- Episódios de inflamação mais agudos.
- Infecções persistentes.
- Cicatrização mais lenta das feridas.
Os pesquisadores também apontam que a imunossenescência está diretamente relacionada ao aumento da probabilidade de desenvolver câncer. Novamente, isso explica parcialmente por que a maioria dos relatos ocorre em pessoas com mais de 50 anos.
O que podemos fazer para evitar a imunossenescência?
Uma vez que os mecanismos que a regulam por completo não são conhecidos, os especialistas não têm certeza se a imunossenescência pode ser prevenida. Alguns desses problemas são reversíveis, como o número de linfócitos T virgens e linfócitos B produtores de imunoglobulinas.
As evidências sugerem que a terapia gênica ou combinada pode ser eficaz na restauração de parte ou todas as funções do sistema imunológico. Um transplante de timo pode ser uma opção em alguns casos. Quanto ao que pode ser feito para evitar a imunossenescência, sabe-se que a nutrição pode ter um papel importante.
De fato, existem evidências suficientes a esse respeito para afirmar que uma dieta balanceada pode retardar os efeitos da imunossenescência. A abordagem nutricional varia de acordo com cada paciente, embora em geral os estudos indiquem que vitaminas, minerais e probióticos apresentam um impacto positivo nesse aspecto.
Outras coisas que você pode incluir na rotina para prevenir o envelhecimento do sistema imunológico são as seguintes:
- Reduzir os episódios de estresse ou tensão.
- Praticar atividade física.
- Evitar o sedentarismo.
- Manter um peso saudável.
- Manter as doenças diagnosticadas sob controle.
Em termos gerais, uma vida saudável pode contribuir a seu favor quando se trata de reduzir a deterioração das funções imunológicas. Embora, é claro, não seja possível controlar a predisposição genética a esse respeito, se você incluir essas dicas na rotina, a balança se inclinará a seu favor.
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