Mononucleose: sintomas, causas, diagnóstico e tratamento

A mononucleose é causada, na grande maioria dos casos, pelo vírus Epstein-Barr. Estima-se que 9 em cada 10 adultos tenham sido infectados por esse patógeno no mundo todo.
Mononucleose: sintomas, causas, diagnóstico e tratamento
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 22 abril, 2021

A mononucleose infecciosa (mais conhecida pelo apelido de “doença do beijo”) é uma doença contagiosa causada, na maioria dos casos, pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Este é um dos agentes virais de maior distribuição no mundo todo, pois estima-se que 95% dos adultos entre 35 e 40 anos de idade já o tenham contraído em algum momento.

Embora a grande maioria da população mundial tenha sido infectada, cabe observar que muitos dos afetados não apresentam sintomas específicos. Se você quiser saber tudo sobre esta curiosa patologia, recomendamos que você continue lendo.

Quais são os agentes causadores da mononucleose?

Conforme já dissemos, o vírus Epstein-Barr é a causa da grande maioria dos quadros de mononucleose infecciosa. De qualquer forma, é necessário enfatizar que outros patógenos também produzem sintomas semelhantes nos pacientes. Vamos mostrar as particularidades de cada um deles nas linhas a seguir.

Vírus Epstein-Barr

A mononucleose é causada por um vírus.
O vírus Epstein-Barr está associado a muitas doenças.

O vírus Epstein-Barr pertence à família dos herpesvírus e é um dos patógenos mais comuns em humanos, conforme indicado pelo portal Vircell. Trata-se de um vírus de DNA de fita dupla com cerca de 85 genes, cuja informação genética é circundada por um nucleocapsídeo, por sua vez recoberto por tegumento e um envelope proteico.

Quando a infecção viral ocorre durante a adolescência, cerca de 35-50% dos pacientes desenvolvem o quadro clínico de mononucleose infecciosa. Por outro lado, as crianças expostas ao patógeno geralmente são assintomáticas ou, no máximo, desenvolvem sintomas febris inespecíficos, muitas vezes atribuídos a outras condições.

De qualquer forma, cabe destacar que este vírus não está associado apenas à doença acima mencionada porque, sem ir mais longe, o Cancer Research UK Centre estima que, por ano, 200.000 casos de câncer são atribuídos a ele. O câncer gástrico, o carcinoma nasofaríngeo, o linfoma de Hodgkin e outras condições parecem estar relacionados à sua infecção.

Citomegalovírus

A infecção por citomegalovírus (CMV) é outra das doenças virais causadas por herpesvírus que são mais comuns, pois estima-se que de 60 a 90% da população em geral tenha sido infectada ao longo da vida. Assim como o EBV, esse patógeno pode causar um tipo específico de mononucleose infecciosa.

No entanto, a mononucleose causada pelo vírus Epstein-Barr se manifesta com faringite significativa (dor de garganta), enquanto esta variante não. Conforme indicado pelo portal MSD Manuals, existem outras diferenças no quadro da mononucleose, dependendo do agente causador.

Toxoplasma gondii

1% dos casos de mononucleose são atribuíveis a este parasita. Este protozoário (Toxoplasma gondii) é transmitido através das fezes de gatos domésticos. Por isso, muitas pessoas contraem a toxoplasmose sem perceber porque não higienizam com eficácia os itens que entram em contato com o felino ou porque colocam as mãos na boca.

Esta patologia é assintomática em 80-90% dos casos. No entanto, em pessoas imunodeficientes e em fetos, ela pode deixar o organismo seriamente em perigo.

Patogênese e reação imunológica

O portal NCBI e outras fontes médicas profissionais nos ajudam a entender o que acontece no corpo do paciente quando ele é infectado com o vírus Epstein-Barr. Vamos falar rapidamente em que consiste essa reação imunológica.

Em primeiro lugar, é preciso estar ciente de que os vírus não podem se reproduzir por conta própria. Uma vez que carecem de células (e, portanto, de organelas como mitocôndrias ou ribossomos), eles não são capazes de replicar a sua informação genética ou de sintetizar proteínas. Assim, eles precisam infectar uma célula hospedeira e “sequestrar” o seu maquinário.

Mecanismo de contágio

A doença não segue nenhum padrão de sazonalidade, porém está mais presente em crianças e adultos jovens. Esse vírus é transmitido através da saliva, mas não é necessário que o contato entre um paciente infectado e um saudável seja muito intenso para que a infecção ocorra.

Uma pequena inoculação viral na forma de um beijo na bochecha ou expectoração salivar pode ser o suficiente para infectar uma criança.

Locais de replicação e resposta

Assim que o patógeno entra no corpo, começa a replicação viral na cavidade faríngea (células B e epitélio tonsilar). Em algum ponto durante o período de incubação, os vírus replicados entram na corrente sanguínea e podem permanecer circulando por até 2 semanas antes que os sintomas apareçam.

A fase aguda da doença coincide com um pico de carga viral no sangue e na cavidade oral, eventos que ocorrem simultaneamente. O corpo atua em nível imunológico para neutralizar a infecção, produzindo anticorpos IgM e uma grande quantidade de linfócitos T CD8 +, que são ativados em resposta às células infectadas por vírus.

As células T CD8+ ativas reconhecem as células infectadas e as destroem. Por uma sucessão de eventos fisiológicos, induzem a apoptose da célula-alvo, a fim de evitar que o vírus se replique de forma descontrolada e acabe com o equilíbrio fisiológico do hospedeiro.

Os vírus não podem se replicar por conta própria através da mitose, como as nossas células. Portanto, eles sempre precisam de um hospedeiro para se multiplicar.

Sintomas da mononucleose

Agora você já sabe quais agentes causam a mononucleose e qual é o mecanismo imunológico da doença. Portanto, agora só falta abordar os seus sintomas, diagnóstico e tratamento. Felizmente, a infecção pelo vírus Epstein-Barr foi amplamente estudada e, portanto, há muitos estudos que mostram os seus sintomas com precisão.

A revista Pediatría Integral e outras fontes já citadas nos ajudam a construir uma lista com os sinais clínicos da mononucleose, incluindo os percentuais de afetados por cada sintoma. Não perca:

  • Dor de garganta (95%): conforme já dissemos, o vírus começa a se replicar no epitélio da faringe e, portanto, não é nenhuma surpresa que a maioria dos sintomas se localize neste local durante os estágios iniciais. Às vezes, é diagnosticado erroneamente como faringite estreptocócica, mas a mononucleose não responde aos antibióticos.
  • Febre (até 98% em crianças, 47% em adultos): juntamente com a dor de garganta, geralmente é um dos primeiros sintomas da doença, sobretudo em crianças. Apresenta caráter remitente ou intermitente e oscila em torno de 39 graus.
  • Linfadenopatia (80%): as amígdalas são gânglios linfáticos encontrados na parte posterior da boca e no alto da garganta. Uma vez que a sua função é combater as infecções, quando surge a contaminação por EBV, esses tecidos ficam inflamados. O paciente pode apresentar uma protuberância muito evidente no pescoço.
  • Fadiga (70%): a fadiga é algo natural durante as doenças infecciosas. Afinal, o corpo está deslocando recursos para combater o patógeno.
  • Sintomas do trato respiratório superior (65%).
  • Dor de cabeça e apetite reduzido (50%).
  • Dores musculares (45%).
  • Elevação transitória das enzimas hepáticas (75%): pode ser considerada um quadro de hepatite subclínica.

Considerações e possíveis complicações

Esses percentuais são muito gerais e, além disso, devemos enfatizar que crianças e adultos respondem de maneiras muito diferentes à infecção. No entanto, a dor de garganta e a linfadenopatia cervical (inflamação das amígdalas) são sinais clínicos compartilhados por quase todos os pacientes.

Os sintomas da doença podem durar de 2 a 4 semanas. De qualquer forma, a maioria dos sinais clínicos óbvios começam a diminuir 10 dias após o seu aparecimento. Infelizmente, essa infecção também pode se manifestar com diversas complicações, tais como anemia, hepatite com icterícia, problemas no sistema nervoso e até mesmo ruptura do baço.

Em geral, essas complicações são vistas quase exclusivamente em pessoas com mais de 35 anos de idade. Além da febre e dor de garganta, crianças e jovens geralmente não apresentam sintomas de risco de vida.

Diagnóstico da mononucleose

A mononucleose é diagnosticada por meio de exames laboratoriais.
São necessários vários exames laboratoriais para diagnosticar a doença corretamente.

Conforme indicado pela Clínica Mayo , o diagnóstico da mononucleose começa com um exame físico. O profissional pode desconfiar da patologia ao ver o inchaço das amígdalas do paciente e a sua queixa de dor de garganta, mas um exame superficial não é o suficiente.

Por isso, é preciso recorrer a um exame de sangue. Nele, serão quantificados os seguintes parâmetros:

  1. Mais glóbulos brancos do que o normal: conforme já dissemos, a concentração de linfócitos T CD8+ circulantes aumenta significativamente durante a infecção.
  2. Glóbulos brancos de aparência estranha.
  3. Análise de anticorpos: o que se procura são as imunoglobulinas do tipo IgM (chamadas de anticorpos heterófilos). Essas imunoglobulinas são aquelas produzidas para o reconhecimento do antígeno do vírus, presente no seu capsídeo (VCA).
  4. Função hepática ligeiramente anormal.

A contagem de glóbulos brancos não confirma totalmente a presença da doença (pode estar relacionada à mononucleose ou a outros tipos de infecções), mas, sem dúvida, a análise de anticorpos fornece as informações necessárias para categorizar a doença corretamente.

Tratamento

O objetivo do tratamento da mononucleose é aliviar os sintomas, uma vez que a maioria das doenças virais não pode ser resolvida com medicamentos. Afinal, é o próprio corpo do paciente que deve lutar e eliminar o patógeno.

Portanto, são usados medicamentos como os antipiréticos para combater os estados febris (tais como ácido acetilsalicílico, paracetamol e ibuprofeno). Também podem ser úteis outros medicamentos que se enquadram no grupo dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).

Se os sintomas forem graves, o paciente pode receber a prednisona por via oral. Este é um corticosteroide sintético que trata febre, asma e tosse, entre outras coisas. Conforme indicado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, antivirais como o aciclovir têm pouco ou nenhum benefício nesses casos.

Os melhores aliados diante de uma infecção viral comum são o repouso e a hidratação adequada.

Prevenção e cuidados finais

A prevenção da mononucleose é uma tarefa quase impossível, pois o vírus pode permanecer na saliva por meses após a infecção. É aconselhável evitar beijar outras pessoas durante os momentos mais intensos da doença, mas isso não garante que o contágio não ocorra posteriormente.

Portanto, o melhor conselho que podemos dar aos leitores é não ter medo dessa doença. Quase todos já tivemos mononucleose ao longo de nossas vidas, mas em muito poucos casos isso se traduz em uma patologia grave que requer cuidados hospitalares.




Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.