As 7 doenças mentais mais comuns

As doenças mentais mais comuns vão muito além da depressão e da ansiedade, e suas consequências podem ser muito significativas. Aqui vamos falar sobre 7 delas.

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 13 dezembro, 2022

As dinâmicas sociais e produtivas representam um verdadeiro desafio para a mente humana. Viver em um mundo globalizado exige produtividade, eficácia, capacidade de socialização, responsabilidades infinitas e muitas mais tarefas simultâneas. É normal que a mente sofra os efeitos de um ritmo vital desenfreado e, portanto, certas doenças mentais estão se tornando cada vez mais comuns.

Conforme indicado pelo portal Comunica Saúde Mental, 1 em cada 4 pessoas terá um transtorno dessa natureza ao longo da vida. Vamos mais longe, já que 12,5% de todos os problemas de saúde globais são representados por doenças mentais, embora entre 35 e 50% dos pacientes que as sofrem não recebam nenhum tratamento (ou este não seja adequado).

Nesse ritmo, pode-se prever que os problemas de saúde mental serão a principal causa de incapacidades no mundo em 2030. A importância de divulgar e normalizar transtornos desse tipo é autoexplicativa, pois só assim os milhares de pessoas que sofrem em silêncio, serão incentivadas a buscar ajuda. Conheça conosco as 7 doenças mentais mais comuns.

O que é doença mental?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades. Portanto, uma pessoa pode não apresentar um quadro patológico e ainda não se sentir bem e, portanto, estar com falta de saúde.

Por outro lado, a mesma entidade defende que a doença é a alteração ou desvio do estado fisiológico em uma ou mais partes do corpo, por causas geralmente conhecidas, manifestadas por sinais e sintomas característicos, e cuja evolução é mais ou menos previsível. O cérebro é uma parte do corpo, portanto, um problema neste órgão é considerada uma doença.

Esse significado é muito importante, pois para determinados setores da população é difícil entender que uma condição sem sintomas físicos pode ser tão grave quanto sangramento intenso ou um braço quebrado. Um transtorno mental é um padrão de comportamento que causa sofrimento significativo ou funcionamento pessoal prejudicado e, como tal, requer cuidados como qualquer outra condição.

Em termos gerais, as doenças mentais manifestam-se como alterações nos processos de raciocínio, no comportamento, na capacidade de reconhecer a realidade e na possibilidade de gerir emoções e relacionamentos. Conforme indicado pelo portal estatístico Our World in Data, 970 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma condição desse tipo.

As 7 doenças mentais mais comuns

Agora que deixamos claro que os transtornos mentais requerem atenção em todos os casos, podemos entrar no campo clínico. Descubra conosco quais são as 7 doenças mentais mais comuns do mundo.

1. Transtorno de ansiedade generalizada

A ansiedade em momentos específicos é normal e até positiva. Quando detectamos uma ameaça, o corpo libera adrenalina e cortisol, dois dos hormônios responsáveis pelos sintomas de estresse agudo e prolongado. Em estado de alerta, o corpo humano apresenta aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição, dilatação das vias aéreas e mobilização de reservas energéticas.

Em outras palavras, a ansiedade nos ajuda a responder e lutar com mais eficácia. O problema surge quando não há ameaça e o corpo se acostuma a um constante estado de estresse. Como indica a Clínica Mayo, esse desequilíbrio fisiológico pode levar à depressão, problemas digestivos, dores de cabeça, problemas de sono e muitos outros problemas.

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) afeta 5% da população em qualquer momento e lugar. Isso se traduz em 40 milhões de pessoas com essa condição apenas nos Estados Unidos, embora os números reais sejam estimados em muito mais altos. Se você tiver sintomas de ansiedade crônica por mais de 6 meses, não hesite em ir ao psiquiatra.

2. Depressão

A depressão é uma das doenças mentais mais comuns do mundo. Conforme indica a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa condição (às vezes silenciosa) atinge 300 milhões de pessoas em todo o planeta, ou seja, mais de 5% da população. Além disso, entre 70% e 80% das pessoas deprimidas em países de baixa renda não recebem tratamento.

Esses dados são muito alarmantes, ainda mais se considerarmos que até 20% dos pacientes não tratados acabam optando pelo suicídio como saída em algum momento da vida. A principal recomendação é feita isoladamente: se sentir que algo não está indo bem em sua mente ou em seu ambiente, não hesite em ir ao psiquiatra. Não estar bem não é normal, nunca.

Alguns dos sintomas ou sensações mais comuns em pacientes com depressão clínica são os seguintes:

• Sentimento contínuo de tristeza.
• Sensação de falta de esperança e de não poder ser ajudado.
• Autoestima baixa.
• Sensação de necessidade constante ou recorrente de chorar.
• Presença excessiva de remorso.
• Intolerância e falta de motivação.
• Dificuldade em tomar decisões.
• Incapacidade de sentir alegria em situações que deveriam ser estimulantes.

Além desses sintomas psicológicos, existem sinais clínicos fisiológicos que podem ser observados em algumas pessoas com quadros depressivos. Qualquer um dos sintomas citados indica a necessidade de consultar um profissional psiquiátrico.

3. Fobias

Uma fobia é definida como um ‘transtorno de ansiedade caracterizado por um medo intenso, desproporcional e irracional de um evento ou situação específica’. Segundo estudos, essa é uma das doenças mentais mais comuns no mundo, pois sua prevalência ao longo da vida chega a 12,5% da população geral.

Existem fobias a muitas coisas: insetos (entomofobia), lugares fechados (claustrofobia), o conceito de morte (tanatofobi ) ou aranhas (aracnofobia) são apenas alguns exemplos. Todas elas são caracterizadas por mostrar um aumento significativo na ativação vegetativa, comportamentos de evitação/ fuga, antecipação de consequências catastróficas e pensamentos de dano.

4. Transtorno por uso de álcool

Talvez você não esperava que esse transtorno aparecesse na lista, mas os transtornos por uso de substâncias também são doenças mentais. Os circuitos dopaminérgicos no nível do cérebro são interrompidos quando um composto gera dependência e, portanto, o uso abusivo de álcool e outras drogas pode perfeitamente ser incluído no grupo dos transtornos psiquiátricos.

Vamos além, pois as fontes já citadas definem os vícios como “doenças crônicas e recorrentes do cérebro”. O alcoolismo é o porta-estandarte dessa categoria, pois o uso nocivo dessa substância é fator causal em mais de 200 transtornos. A cada ano ocorrem 3 milhões de mortes pelo uso nocivo do álcool, ou seja, 5,3% do total.

Alguns sintomas de dependência (ao álcool ou qualquer outra substância) são os seguintes:

• Tomar a substância em quantidades muito maiores do que o planejado ou por mais tempo do que o planejado.
• Uso continuado da substância apesar do conhecimento dos danos que gera no dependente.
• Abandono ou redução da atividade social, ocupacional ou recreativa devido ao uso de substâncias.
• Desenvolvimento de tolerância (necessidade de aumentar as doses) e abstinência (efeitos físicos indesejáveis ao deixar a substância).

Além do álcool, podemos citar outras substâncias viciantes, como narcóticos, opioides, nicotina ou maconha. Até o momento, a única atividade considerada viciante per se, além das drogas, é o jogo ( gambling disorder em inglês).

5. Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é uma condição mental caracterizada pela presença de pensamentos (obsessões) e rituais (compulsões) repetidamente ao longo do tempo. Esses sinais clínicos interferem significativamente na vida do paciente e não podem ser facilmente controlados ou interrompidos.

A condição é observada da mesma forma em homens e mulheres, com prevalências de 1% e 3% em adultos e 1% e 2% em crianças e adolescentes. Conforme apontado pelo NHS, acredita-se que sua origem seja multifatorial e inclui fatores predisponentes genéticos e ambientais. O curso do TOC é crônico, mas pode variar dependendo do estresse do paciente.

6. Anorexia

A anorexia nervosa, junto com a bulimia, constitui a maior parte dos transtornos alimentares (TAs), embora não sejam os únicos. Essa condição é caracterizada por uma rejeição da comida por parte do paciente e um medo obsessivo de ganhar peso, o que leva a uma restrição autoimposta à comida.

Alguns sintomas de anorexia são os seguintes:

• Medo intenso de ganhar peso.
• Distorção da imagem corporal. Em outras palavras, o paciente acredita estar muito gordo, apesar de ter um índice de massa corporal (IMC) anormalmente baixo.
• Redução de peso abaixo da média esperada a ponto de chegar à desnutrição.
• Sinais físicos: pele áspera, queda de cabelo, irregularidades menstruais, tontura, fadiga, etc.
• Tristeza, angústia, evitação de situações sociais e irritabilidade.
• Baixa autoestima, às vezes causada por exigências próprias e perfeccionismo.

De acordo com a revista médica Current Psychiatry Reports, a prevalência de anorexia nervosa é de aproximadamente 0,9% das mulheres adultas. Outros estudos são muito menos otimistas, indicando que 1 em cada 10 mulheres adolescentes em algumas regiões sofre de algum tipo de transtorno alimentar.

Por mais desanimador que possa parecer, é necessário relatar que a anorexia é a doença mental com a maior taxa de mortalidade do mundo, acima da esquizofrenia e da depressão. A morte geralmente ocorre devido a insuficiência orgânica derivada de baixo peso ou suicídio.

7. Transtornos de personalidade (TP)

Os transtornos de personalidade são um conjunto de distúrbios que ocorrem nas dimensões emocional, afetiva, motivacional e em relação ao meio social. Pacientes com uma patologia desse tipo têm problemas de cognição, emoção, funcionamento interpessoal ou controle de impulsos.

Este grupo representa uma das doenças mentais mais comuns do mundo, pois abrange nem mais nem menos do que 40-60% dos pacientes internados em ambiente psiquiátrico. Além disso, representam o diagnóstico mais frequente neste tipo de estabelecimento.

Existem muitos transtornos de personalidade (TP), classificados em 3 grupos: A (transtornos raros ou excêntricos), B (transtornos dramáticos, emocionais ou erráticos) e C (transtornos de ansiedade e medo). Alguns dos mais representativos são os seguintes:

• Transtorno da Personalidade Esquizoide: A prevalência é estimada em menos de 1% da população. Pessoas com esse transtorno são caracterizadas por uma falta de interesse em socializar e por uma restrição de expressão emocional.
• Transtorno de personalidade limítrofe: conforme indicado por fontes profissionais, esse transtorno é caracterizado principalmente por instabilidade emocional, pensamento altamente polarizado, impulsividade e relações interpessoais caóticas. Sua prevalência é estimada em 0,2-1,8% da população em geral.
• Transtorno da Personalidade Esquiva: Esta patologia é caracterizada por um padrão generalizado de hipersensibilidade à avaliação negativa, rejeição ou desaprovação e evitação de interação social.

Todas essas doenças requerem atenção médica

Existem muitas doenças mentais descritas até agora. Todas as condições que mencionamos requerem uma avaliação psiquiátrica, pois são mais ou menos graves, mas devem ser tratadas. Isso é especialmente importante no caso de transtornos alimentares (TAs) e depressão.

Embora a taxa de mortalidade seja baixa para quase todas essas patologias, muitas delas tornam-se incapacitantes e podem prejudicar seriamente a vida do paciente ao longo do tempo. Se você reconheceu alguns dos sintomas acima mencionados, aconselhamos que procure um profissional: você não está sozinho e a ajuda funciona.