Doença celíaca em crianças

A doença celíaca em crianças pode apresentar múltiplos sintomas que retardam o diagnóstico correto. Hoje ensinaremos tudo o que você precisa saber sobre esse transtorno durante a infância.
Doença celíaca em crianças

Última atualização: 06 julho, 2021

A doença celíaca se manifesta com maior intensidade em crianças do que em adultos. Por muito tempo até se pensou que essa fosse uma doença específica da idade, mas hoje sabemos que se trata apenas de uma prevalência maior nessa faixa etária.

Dadas as complicações associadas, os pais e responsáveis devem estar cientes dos sintomas que ela apresenta. Dessa forma, eles podem identificá-los e procurar atendimento médico para fazer o diagnóstico.

Problemas gastrointestinais não são incomuns durante os primeiros anos de vida. Além disso, esse distúrbio autoimune também pode desenvolver sinais incomuns, o que dificulta a detecção da doença. Hoje te ensinaremos todo sobre ela, para que você possa esclarecer as dúvidas e incertezas que cercam a doença celíaca em crianças.

Sintomas da doença celíaca em crianças

A doença celíaca em crianças causa vários sintomas.
Os sintomas da doença celíaca em crianças podem ser muito variados, incluindo manifestações orais leves.

A primeira coisa que você deve saber é que a doença celíaca durante a infância se manifesta com sintomas heterogêneos. Além disso, eles variam de acordo com a faixa etária. Algumas crianças desenvolvem apenas um sinal (como desgaste do esmalte dentário), outras apresentam sintomas que podem passar despercebidos, por se tratar da doença celíaca assintomática ou da variante latente.

Em uma condição típica, entretanto, vários sintomas são comuns. Segundo a Celiac Disease Foundation, estes são os sinais mais frequentes segundo cada estágio:

Sintomas em bebês e crianças pequenas

A doença celíaca em crianças pequenas geralmente começa entre 6 e 9 meses de idade. Ou seja, quando alimentos sólidos são introduzidos na dieta. Os sintomas que elas desenvolvem são muito óbvios e se concentram principalmente na área gastrointestinal:

  • Distensão abdominal.
  • Diarréia.
  • Vômito.
  • Flatulência com fedor.
  • Inchaço.
  • Desnutrição.

Quadros de irritabilidade e baixo crescimento também são frequentes. Isso ocorre porque o processo de absorção de nutrientes é restringido devido à atrofia nas vilosidades no intestino.

Sintomas em crianças com idade escolar

Este é o grupo favorito de doença celíaca em crianças. Afinal, elas têm uma exposição prolongada ao glúten nesta etapa. Isso permite que os processos fisiológicos gerados no organismo se tornem mais consolidados, incluindo a atrofia do intestino. Vamos ver como o distúrbio se manifesta neste caso:

  • Dor no estômago.
  • Diarréia.
  • Prisão de ventre.
  • Dificuldade em ganhar peso.
  • Crescimento lento.
  • Flatulência com cheiro ruim.

A obesidade também pode ocorrer, embora seja menos frequente. Outras formas em que a doença se manifesta na idade escolar são náuseas, anemia e defeitos no esmalte dentário.

As evidências indicam ainda que o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também pode se desenvolver. Episódios de irritabilidade e alterações de personalidade também são recorrentes.

Sintomas em crianças mais velhas

Quando os jovens estão prestes a entrar na puberdade ou já são adolescentes, os sinais evoluem e impedem a associação a um problema gastrointestinal. Esses episódios são considerados atípicos e podem levar vários anos até que um diagnóstico correto seja feito. Os sintomas neste caso são os seguintes:

  • Retardo no crescimento.
  • Baixa estatura.
  • Fadiga crônica.
  • Úlceras na boca.
  • Erupções cutâneas.
  • Dores de cabeça.
  • Dor nos ossos e articulações.
  • Anemia.

Também podem ocorrer distúrbios emocionais, como ansiedade, depressão e ataques de pânico. Irritabilidade e mudanças repentinas de personalidade não são incomuns.

Diagnóstico da doença celíaca em crianças

Como você pode ver, não há indícios claros que indiquem a presença da doença celíaca em crianças. Mesmo durante o primeiro ano de vida, os sinais podem ser confundidos com outras condições. É aqui que os grupos de risco desempenham um papel importante para motivar um diagnóstico preciso.

Um artigo publicado na Clinical Gastroenterology and Hepatology em abril de 2011 sugere que até 40,6% dos casos de doença celíaca na infância ocorrem em crianças com parentes de primeiro grau com a condição ou doenças autoimunes diagnosticadas.

Por sua vez, uma pesquisa publicada no The Journal of Pediatrics em julho de 2013 indica que crianças com síndrome de Down têm até seis vezes mais chances de desenvolver o transtorno. Pessoas que estão nesses grupos de risco e apresentam algum dos sintomas mencionados devem procurar um especialista para iniciar o processo de diagnóstico.

Esse processo não difere do realizado na fase adulta: os testes sorológicos, de DNA e a endoscopia ainda são os métodos mais eficazes para detectar a doença.

Mesmo assim, alguns estudos indicam que até 10% dos casos de doença celíaca em crianças apresentam sorologia negativa no primeiro teste. Estes evoluem para resultados positivos durante testes sucessivos.

A razão disso é que embora a sorologia seja um método seguro, ela necessita da confirmação de uma biópsia para um “sim” definitivo. Além disso, o distúrbio pode estar em seus estágios iniciais, sendo mais fácil detectá-lo meses ou anos após a presença dos sintomas.

Tratamento da doença celíaca em crianças

A doença celíaca em crianças pode ser tratada.
Uma vez confirmado o diagnóstico, é importante restringir o consumo de glúten para evitar o agravamento da doença.

Como a Celiac UK nos lembra, é necessário um acompanhamento a cada seis meses após o diagnóstico para avaliar a condição da criança. Quando o médico considerar apropriado, o período será alterado para uma vez ao ano e depois apenas ocasionalmente, quando o distúrbio já estiver controlado.

Os pesquisadores estipulam que uma dieta sem glúten é o único tratamento eficaz para a doença celíaca em crianças. Depois de detectada a condição, deve-se evitar o consumo de trigo, cevada, centeio e outros produtos que contenham a proteína. Ao fazer isso, os sintomas irão desaparecer e o revestimento do intestino irá se recuperar (o que pode levar vários meses).

Infelizmente, o glúten não está presente apenas nos alimentos. O Children´s Hospital of Philadelphia também aponta que os outros produtos que podem conter essa proteína são os seguintes:

  • Massa de modelar.
  • Lápis de cera ou tintas.
  • Adesivos para selos e envelopes.
  • Shampoos, talcos e outros produtos de higiene.
  • Enxaguantes bucais e cremes dentais.

É recomendada a leitura com atenção dos rótulos para descartar completamente a presença de glúten na composição dos produtos. Embora eles não sejam ingeridos, alguns pacientes podem manifestar os sintomas mesmo com contato externo. É muito importante que a dieta a ser implementada seja mediada por um especialista, garantindo assim que ela forneça os nutrientes necessários nesta importante fase do desenvolvimento.



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