Diagnóstico do HIV
Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), “em 2020 cerca de 6 milhões de pessoas não sabiam que estavam infectadas com o vírus”. Essa doença pode passar despercebida em seus estágios iniciais como uma simples gripe, de forma que o diagnóstico de HIV se torna complicado se não houverem indicações diretas de que a pessoa possui essa DST.
É amplamente aceito entre os especialistas que o prognóstico da doença é melhor quando ela é detectada precocemente. Assim, é possível iniciar um tratamento com o objetivo de interromper o curso da evolução da doença, evitando novas infecções e reduzindo as complicações associadas à infecção. Hoje mostraremos os exames de HIV disponíveis atualmente.
Como é o diagnóstico do HIV?
Como nos diz a Stanford Health Care , o diagnóstico do HIV gira em torno de exames de laboratório projetados para detectar a presença da infecção no organismo.
O especialista, ou o próprio paciente, recorrerá a eles quando suspeitar que apresenta sintomas que podem ser causados pelo vírus. Os exames têm como objetivo encontrar anticorpos ou antígenos associados à infecção.
Exames de sangue, saliva ou urina são usados para isso. O diagnóstico final não é feito até que haja uma confirmação objetiva; portanto, às vezes, vários exames são necessários antes que o profissional comunique os resultados ao paciente.
Seguindo o Centro Médico da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF Health), o diagnóstico do HIV é feito com base em:
ELISA
O ensaio de imunoabsorção enzimática, também conhecido como ELISA, é o teste padrão para detectar anticorpos exclusivos durante o diagnóstico do HIV.
Os pesquisadores apóiam seu uso em relação a outras opções de laboratório, embora ela esteja sujeita a várias limitações. A primeira e mais importante são os dias úteis que o paciente tem que esperar para obter os resultados.
Por este motivo ela foi substituída por outras opções que, embora não sejam tão sensíveis, permitem uma detecção segura da infecção. Esse teste é feito por meio de extração de sangue.
Testes de triagem rápida
Consistem em exames rápidos que são realizados em ambiente hospitalar. A maioria permite acesso aos resultados em menos de meia hora, e são feitos a partir da coleta de uma amostra de saliva (preferencialmente), urina ou sangue do dedo. Estudos certificam a sua eficácia, especialmente para evitar que os pacientes voltem para buscar resultados de testes mais lentos.
Os testes utilizados neste contexto, indicados pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) , são os testes de antígenos e anticorpos combinados. Essa é uma alternativa muito útil, pois pode detectar infecções que ocorrem 18 dias após a infecção.
Uma variante desse teste também está disponível através de uma análise mais meticulosa, que leva alguns dias a mais.
Testes rápidos em casa
Existem muitos testes caseiros que você pode usar para diagnosticar o HIV. Essa é uma opção mais privada que, embora tenha menor sensibilidade, pode ajudar a descartar ou confirmar parcialmente as suspeitas. A Food and Drug Administration (FDA) aprovou apenas um teste para este contexto, denominado OraQuick.
Os resultados ficam disponíveis entre 20 e 40 minutos, as amostras não precisam ser enviadas a um laboratório, podem ser feitas sem conhecimento prévio e estão disponíveis online para maiores de 17 anos. Caso seja obtido um resultado positivo ou negativo, ele deve ser corroborado com outras opções de detecção e com o auxílio de um especialista.
Teste de ácido nucléico (NAT)
O teste NAT pode detectar infecções que ocorreram até 10 dias após o contágio (em média). Ele opera detectando o RNA do vírus, com resultados disponíveis em alguns dias.
Embora seja muito seguro, ele não faz parte do procedimento padrão, pois é um teste um pouco caro. Ainda assim, pode ser muito útil para pacientes que suspeitam que contraíram a infecção recentemente.
Se o resultado for positivo para qualquer um dos testes acima, o especialista pedirá um hemograma completo e testes específicos para avaliar o estado de alguns órgãos (como rins e fígado).
Não é incomum que sejam feitos testes para detectar infecções novas ou passadas que podem piorar com o curso da infecção pelo HIV. Por exemplo:
- Tuberculose.
- Hepatites A, B e C.
- Sífilis.
Da mesma forma, testes de resistência aos medicamentos podem ser aplicados para que o especialista tenha certeza da eficácia do tratamento a ser realizado, caso o resultado seja positivo.
Perguntas e respostas sobre o diagnóstico do HIV
Como complemento ao que explicamos, responderemos brevemente a algumas dúvidas frequentes sobre o diagnóstico do HIV:
Por que devo fazer um teste de HIV?
É a única maneira segura, rápida e viável de descartar ou confirmar a infecção pelo vírus no corpo. É normal ficar nervoso com isso, mas lembre-se de que, caso o resultado seja positivo, a doença pode ser tratada a ponto de poucos pacientes desenvolverem AIDS no futuro.
Diante disso, o diagnóstico precoce é de grande ajuda para evitar complicações decorrentes da infecção. Quanto mais esse diagnóstico demora, maiores são os efeitos colaterais. Lembre-se de que nos primeiros meses os infectados têm maior probabilidade de transmitir a doença. O diagnóstico ajuda assim a evitar o contágio entre parceiros sexuais.
Quem deve fazer um teste de HIV?
Os pesquisadores recomendam testar os seguintes grupos para HIV:
- Pessoas que fazem sexo sem preservativos.
- Pessoas com vida sexual muito ativa, especificamente aquelas que costumam ter vários parceiros por ano.
- Mulheres grávidas (o HIV pode infectar o feto).
- Pessoas que já tenham uma DST diagnosticada.
- Pessoas que usam drogas recreativas, principalmente as injetáveis.
Além disso, o CDC recomenda que sejam feitos testes de rotina em jovens e adultos, mesmo que eles não façam parte dos grupos de risco. Nos casos descritos na lista, recomenda-se a realização dos exames pelo menos uma vez por ano.
Quando devo fazer o processo de diagnóstico de HIV?
Normalmente, algumas semanas ou meses se passam antes que o corpo mostre as primeiras alterações fisiológicas que alertam para a presença da infecção. Recomenda-se, portanto, aguardar quatro semanas antes de fazer os testes iniciais, apesar de existirem testes que em determinados contextos permitem a detecção 10 dias após o contágio.
A razão para isso é porque a precisão e a sensibilidade aumentam com o passar dos dias, o que permite obter resultados mais confiáveis. Fazer um teste dois ou três dias após a suspeita da infecção dará resultados negativos, sem necessariamente corresponder ao verdadeiro cenário.
O que devo fazer se os resultados forem negativos para a infecção?
Como já mencionamos, o fato de obter resultados negativos não é uma certeza de que não se tem a infecção.
Se as suas suspeitas forem muito fortes (por exemplo, você fez sexo com uma pessoa soropositiva que não está em tratamento), espere algumas semanas e repita o teste. Se o resultado for negativo, vale a pena optar por uma terceira confirmação.
Durante esse processo e até obter o resultado, evite fazer sexo ou compartilhar seringas.
O que devo fazer se os resultados forem positivos para a infecção?
Assim como os testes podem resultar em falsos negativos, também existe a possibilidade de falsos positivos. Principalmente se você optou por um teste rápido.
Os resultados devem ser corroborados com um segundo exame (como o Western Blot ) e, se positivo, o especialista irá considerar as opções de tratamento disponíveis. Além disso, esse tratamento será complementado por um plano para prevenir a propagação do vírus.
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