Curiosidades sobre o bronzeamento
Até pouco tempo atrás, a pele bronzeada era objeto de estigma social, pois estava associada à classe trabalhadora; ou seja, aqueles que tinham que passar horas e horas sob o sol para ganhar seu sustento diário. Hoje em dia não é assim, a ponto de existir toda uma indústria voltada à adoração pela pele bronzeada. Revisamos algumas curiosidades sobre o bronzeamento artificial para confirmar fatos e desfazer mitos.
O bronzeamento é uma prática muito comum. Nos Estados Unidos e na Europa é onde essa prática goza de maior aceitação. Ano após ano, a indústria do bronzeamento movimenta milhões e milhões de dólares e, apesar da grande receptividade do público, poucos conhecem seus mecanismos, seus reais benefícios e seus riscos. Portanto, confira seus principais benefícios e riscos segundo especialistas.
6 curiosidades sobre o bronzeamento
O principal motivo para bronzear a pele gira em torno de motivações estéticas. Na verdade, a maioria das pessoas que se bronzeiam não o faz para obter mais vitamina D (seu principal benefício). Vejamos 6 curiosidades sobre o bronzeamento que você deveria saber.
1. O bronzeamento é uma resposta protetora do corpo
Acredita-se que o mecanismo por trás do bronzeamento tenha evoluído em nossos ancestrais como uma estratégia de defesa contra os efeitos da luz solar que danificam o DNA. Certamente, o bronzeamento nada mais é do que isso: uma resposta protetora do organismo. A radiação ultravioleta estimula os queratinócitos e melanócitos a produzir várias substâncias que aceleram a melanogênese após a estimulação ultravioleta.
Ignorando muitos detalhes, a melanogênese é um processo no qual o aminoácido tirosina é convertido em pigmento melanina. A quantidade de melanina na pele é o que lhe dá a cor (as pessoas com vitiligo, por exemplo, não a possuem).
Ao aumentar sua produção, a pele adquire um aspecto mais escuro, e o número de células presentes na sua camada superior atua como um escudo contra os raios UV. Acredita-se que o FPS máximo (fator de proteção solar) para o bronzeamento natural seja 4 (bloqueia 65% dos raios UV).
2. O bronzeamento artificial está se tornando mais popular
Também conhecido como autobronzeamento, consiste em uma série de produtos que são aplicados na pele para dar o aspecto de bronzeado. Em termos muito simples, consiste em “maquiar” a pele para imitar o bronzeado obtido pela exposição ao sol ou pelo uso de câmaras de bronzeamento. Segundo os especialistas, produtos desse tipo incluem o composto diidroxiacetona (DHA) como agente principal.
O DHA é uma molécula de açúcar derivada de plantas que reage através de processos químicos com aminoácidos no estrato córneo da pele. Como consequência, um pigmento bronzeado é produzido quando aplicado na pele. Isso é conhecido como reação de Maillard e não requer raios UV como o bronzeamento com sol ou o bronzeamento artificial.
3. As camas de bronzeamento não fornecem vitamina D
A indústria de bronzeamento artificial defende que as camas de bronzeamento têm vários benefícios para a saúde, não sendo apenas uma prática cosmética. Entre outras coisas, é afirmado que fornecem vitamina D, embora isso não seja totalmente verdade. Especialistas alertam que o principal espectro de emissão das lâmpadas de bronzeamento artificial está na faixa UVA, e não na faixa UVB.
O processo de ação da biossíntese da vitamina D contra os raios UV na pele é feito apenas com a exposição aos raios UVB. Todos os tipos de bronzeamento estão associados a danos significativos no DNA, embora o mecanismo seja diferente.
O bronzeamento UVA é conhecido por gerar foto-oxidação da melanina e seus precursores, criando uma distribuição de grânulos de pigmento. Por sua vez, o bronzeamento UVB estimula os melanócitos a regular a síntese de melanina e, assim, aumentar a cobertura de pigmentação.
4. O vício em bronzeamento é conhecido como “tanorexia”
Os especialistas usam o termo tanorexia para se referir a episódios de vício ou dependência de bronzeamento. Sabe-se que ser mulher, ser adulto jovem, ter pele clara e manter hábitos aditivos (como fumar) estão associados a um maior risco de desenvolver esse tipo de dependência. É um problema real e muitas vezes subestimado na sociedade.
5. Pessoas com transtorno afetivo sazonal podem desenvolver dependência
O transtorno afetivo sazonal refere-se a episódios de depressão que começam e terminam durante uma estação específica do ano. Muitas vezes se manifesta durante os meses de inverno ou nas estações em que há menos luz solar.
Como a exposição ao sol pode melhorar o humor, especialistas alertam para o risco de desenvolver dependência de bronzeamento entre os portadores do distúrbio.
Da mesma forma, e como indicam as evidências, as pessoas podem recorrer ao bronzeamento para melhorar o humor. Isso independentemente de sofrerem de transtorno afetivo sazonal. Quem tem depressão ou ansiedade e está exposto a altos níveis de estresse e outros fatores podem recorrer ao bronzeamento para melhorar suas emoções. Isso aumenta o risco de desenvolver episódios de dependência.
6. Bronzeamento regular aumenta o risco de câncer de pele
Não podemos fazer uma lista de curiosidades sobre bronzeamento sem mencionar o risco de câncer de pele associado à exposição excessiva ao sol ou ao uso de câmaras de bronzeamento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os principais fatores de risco para o câncer de pele estão relacionados à exposição recreativa aos raios ultravioleta. Isso poderia explicar o aumento de casos nas últimas décadas.
Esperamos que essas curiosidades sobre o bronzeamento tenham sido úteis para esclarecer algumas dúvidas e mal-entendidos sobre essa prática.
Estar ciente dos riscos é muito importante para que você possa regular a interação que tem com os métodos de bronzeamento da pele. Convidamos você a explorar os produtos de bronzeamento sem sol, pois são mais seguros para a sua saúde do que as camas de bronzeamento e a exposição direta ao sol.
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