Autoestima: a percepção de si mesmo

O conceito da autoestima e a sua definição sempre foram objeto de debate. Descubra o que grandes psicólogos e filósofos pensam sobre ela.
Autoestima: a percepção de si mesmo
Paula Villasante

Escrito e verificado por la psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 25 julho, 2021

O termo autoestima foi descrito pela primeira vez por William James (1) há mais de um século. No entanto, esta é sem dúvida uma das expressões mais ambíguas e polêmicas no campo da psicologia.

Autoaceitação, autoajuste, autovalorização, autoestima, autoconceito e autoimagem são termos usados indistintamente para significar o conceito, positivo ou negativo, que alguém tem de si mesmo.

Alguns autores consideram a autoestima como uma estrutura hipotética que representa o valor relativo que os indivíduos atribuem a si próprios ou acreditam que os outros lhes atribuem.

Musitu et al. (1996), por sua vez, definem a autoestima como o conceito que um indivíduo tem de si mesmo, de acordo com as qualidades atribuídas por ele próprio. Não existe, por enquanto, uma posição unânime sobre o que é esse conceito.

Definição de autoestima

Segundo Rosenberg e seus colaboradores, a autoestima compreende a atitude positiva ou negativa de um indivíduo em relação a si mesmo como um todo. É a avaliação emocional geral da autoestima ou do julgamento próprio de valor (Burrus & Brenneman, 2016).

A autoestima elevada refere-se a uma avaliação global altamente favorável da competência de alguém em domínios subjetivamente importantes, enquanto a baixa autoestima é o resultado de avaliações negativas e fragilidades subjetivas (7).

Super-herói autoestima.

No modelo hierárquico de autoconceito de Shavelson (6), a autoestima apresenta o nível mais geral do autoconceito, com domínios específicos subjacentes como o autoconceito acadêmico e o autoconceito físico.

A partir da pesquisa, pode-se deduzir que existem quatro maneiras de definir a autoestima. A mais básica é a abordagem atitudinal. A partir dela a definição da autoestima parte da ideia de que o self pode ser considerado como qualquer objeto de atenção para o indivíduo.

Outro tipo de definição da auto estima se concentra na diferença entre o self  ideal e o real. Esta é a forma mais comum de defini-la na literatura específica.

Uma terceira abordagem enfoca a autoestima como as respostas psicológicas que as pessoas sustentam de si mesmas. Essas respostas são geralmente descritas como de natureza afetiva ou baseadas no sentimento de valorização pessoal: positiva-negativa, aceitação-rejeição.

Por fim, Wells e Marwell (1976) afirmam que a autoestima pode ser entendida como uma função ou componente da personalidade. Nesse caso, o termo é considerado como parte de si mesmo ou sistema do self, geralmente a parte ligada à motivação ou autorregulação.

Na prática, existem tantas maneiras de definir a autoestima quanto pessoas tentando defini-la (4).

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Bases teóricas do conceito

Em psicologia, James (1) é o primeiro a definir o conceito. O autor a descreve como a consciência do valor de si mesmo.

A autoestima se refere a um julgamento ou avaliação íntima de si mesmo em relação aos próprios valores, que é explicado pela relação entre o eu real e o eu ideal. A autoestima é a essência do indivíduo, é a relação entre êxitos e aspirações, assim como resultados e fracassos. Representa a autoestima básica e é considerada estável (9).

Autoestima, autoimagem, autoconceito.

Essa definição sugere que o indivíduo avalia a si mesmo de acordo com a própria percepção, sua sensação de ser importante e único. A autoestima deve ser motivada por meio do equilíbrio nos relacionamentos com os outros. A autoestima seria adquirida e estabelecida por meio das experiências de vida.

A autoestima como construção social

Ninguém nasce com autoestima alta ou baixa. Isso é aprendido na interação social com as pessoas mais importantes: pais, amigos, professores e no ambiente familiar, especialmente durante a infância, adolescência e o resto das etapas de nossa vida.

Assim, parece que a autoestima de cada um é construída a partir das experiências. No entanto, nem todas precisam mudar a autoestima de uma pessoa.

Autoestima social, intimidação, assédio.

Às vezes, as más experiências de um indivíduo não têm um efeito negativo em seu valor próprio. Pelo contrário, elas se integram positivamente e se tornam um incentivo para novos projetos, por exemplo o fracasso em uma disciplina ou oposição, a chacota de alguns colegas ou até a humilhação de um professor. (2)

Alguns autores que definem a autoestima como uma construção social

Cooley (10) a define como uma construção social. Ou seja, o conceito se configura por meio de interações sociais baseadas em opiniões, julgamentos e ações, desde o nascimento. Representa a autoestima funcional e é flutuante. A pessoa que recebe comentários de terceiros pode decidir recusá-los ou apropriar-se deles (11).

Essa definição evoca um componente mutável da autoestima que seria modulado pelo ambiente social. A literatura também revela a autoestima coletiva, que se refere aos julgamentos de valor da pessoa relacionados às características do grupo de identidade.

Além disso, outras definições de autoestima contribuíram para a evolução da sua conceituação. Para Maslow, é impossível projetar-se em um plano de vida se a necessidade de autoestima não for satisfeita (12). Laporte defende que a autoestima se refere ao amor próprio nas diferentes esferas da nossa vida e do nosso senso de dignidade (13).

Autoestima, autoconceito.

Segundo Martinot, a autoestima é o julgamento que fazemos sobre a nossa capacidade de enfrentar a vida (14). Mais precisamente, é o conjunto de elementos que nos definem; atitudes, crenças e sentimentos.

Branden dá importância às habilidades e competências. Para ele, o valor individual está intimamente ligado ao sucesso pessoal (15). Paradis e Vitaro estabelecem que a autoestima é uma visão holística de si mesmo que corresponde a um julgamento do próprio valor como pessoa (16).

A autoestima como barômetro psicológico

Por fim, ela é vista como um barômetro psicológico da nossa relação com os outros, que nos ajuda a detectar a ameaça da rejeição social e nos libertar dela (17). Essas definições indicam que a autoestima é o desenvolvimento de si mesmo. É a opinião emocional que permite a autoproteção, o desenvolvimento pessoal e profissional.

Autoestima de uma perspectiva filosófica

De uma perspectiva filosófica, são propostas certas definições que estabelecem que a autoestima representa um valor moral e racional.

Kant propõe um modelo de oposição à autoestima. Nesse modelo, a estima estética é uma forma de amor, de sensação que se relaciona à sensibilidade. Enquanto isso, a estima benevolente é uma forma de amor prático que reside na vontade. A oposição está em algum lugar entre a forma prática e a forma moral de estima.

Mente, autoestima.

A forma prática da estima é a forma de agir e a ação da autoestima. O indivíduo se valoriza e respeita a si mesmo por meio da livre escolha de sua vontade. Kant especifica, no entanto, que é um dever estimar a si mesmo ou aos outros de acordo com a sua dignidade.

Descartes considerava o respeito ou a autoestima como um dos deveres mais importantes. Ele acrescentava que a autoestima ou respeito é a paixão da alma, ou seja, uma inclinação da alma para amar, respeitar o objeto e torná-lo favorável. Ele destacava o elemento da sabedoria que consiste em saber por que e como cada um considera e despreza (18).

Termos relacionados

Segundo o autor Doré (19), parece difícil diferenciar o termo autoestima dos outros conceitos. Autoimagem ou autoconceito são alguns dos termos que podem ser confundidos com a autoestima.

Autoconceito é o conjunto de crenças e percepções que uma pessoa tem de si mesma, bem como as atitudes que fluem dela (13). Assim, esse conceito combina os termos de autoestima, autoimagem e identidade pessoal (20).

Autoimagem é a imagem do nosso corpo que criamos na nossa própria mente.

Narcisismo, câmera, selfie, histriônica.

Outro termo relacionado é autoeficácia. Ela está centrada na avaliação da capacidade de uma pessoa ter sucesso em uma área de competência ou de forma integral em diferentes contextos.

Os sinônimos e antônimos da autoestima também fazem parte da análise do conceito. Assim, um sinônimo dela é o amor próprio. Ele se refere à autoimagem subjetiva, geralmente positiva, de uma pessoa. O oposto do termo pode ser a auto-aversão.

A autoestima é a base para a construção da personalidade e do equilíbrio psíquico. Ela depende de processos de adaptação em todas as idades da vida. (21). É utilizada em muitas disciplinas, como na educação e em contextos organizacionais e de trabalho.

Desta forma, ela é usada como um critério diagnóstico médico para vários transtornos mentais. Alguns deles são depressão, ansiedade, transtornos alimentares ou dependência a drogas. Existem dois diagnósticos de enfermagem relacionados à autoestima. São eles o “baixa autoestima situacional” e o “baixa autoestima crônica” (19).


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