Anorgasmia: sintomas, causas e tratamento

Na maioria dos casos, a anorgasmia se deve a problemas psicológicos. Felizmente, os pacientes geralmente respondem bem a diferentes tipos de terapia.
Anorgasmia: sintomas, causas e tratamento
Diego Pereira

Escrito e verificado por el médico Diego Pereira.

Última atualização: 11 abril, 2021

Anorgasmia é a ausência de orgasmo durante a relação sexual ou masturbação. Isso pode ter um impacto negativo em muitos aspectos da vida, especialmente no relacionamento conjugal e na autoestima.

Na grande maioria dos casos, costuma afetar mulheres e tem um componente psicológico associado. Por isso, a terapia com um profissional de saúde mental geralmente é eficaz, embora às vezes também haja problemas orgânicos que exijam outra abordagem.

A seguir, você vai encontrar um breve artigo sobre as principais características dessa condição. Continue lendo!

Anorgasmia, um problema de homem ou de mulher?

A anorgasmia geralmente é o resultado de problemas psicológicos.
A ansiedade e outros distúrbios psicológicos podem causar anorgasmia.

Em geral, os casos de anorgasmia feminina são muito mais frequentes. Conforme veremos mais adiante, a maioria das causas dessa condição são psicológicas, como, por exemplo, a ansiedade ou a depressão. De acordo com alguns estudos, esses problemas de saúde podem afetar sobretudo as mulheres.

No entanto, os homens também podem sofrer de anorgasmia. Em muitos casos, ela pode existir mesmo na presença de ejaculação e, por esta razão, pode haver demora para procurar o médico ou dificuldade de diagnóstico. A ejaculação se refere à expulsão do sêmen e não à sensação de prazer.

Sintomas

Conforme o nome sugere, anorgasmia significa ausência de orgasmo. Este último termo se refere ao conjunto de sensações agradáveis relacionadas à tensão sexual, que podem ser vivenciadas individualmente (por meio da masturbação) ou durante a relação sexual.

Os sintomas dessa condição geralmente são recorrentes e crônicos. Ou seja, isso significa que, embora possa haver momentos em que os pacientes cheguem ao orgasmo, na grande maioria das vezes, há uma falta de prazer.

Outras manifestações clínicas podem ocorrer dependendo da causa. Nos transtornos de ansiedade ou depressão, as mais comuns são as seguintes:

  • Insônia.
  • Aumento da freqüência cardíaca (taquicardia).
  • Sudorese profusa (diaforese).
  • Problemas de relacionamento.
  • Tremores.
  • Cansaço ou fraqueza.

O mesmo se aplica às causas orgânicas da anorgasmia. Na doença de Parkinson, aparecem rigidez muscular e movimentos involuntários. No caso do diabetes mellitus mal controlado, geralmente há obesidade, além do aumento do volume e da frequência de micção.

Quantos tipos de anorgasmia existem?

Existem duas classificações comuns para essa condição. A primeira leva em consideração o momento de aparecimento dos sintomas, enquanto a segunda considera as situações que os desencadeiam.

No primeiro caso, distingui-se a anorgasmia primária da secundária (ou adquirida). Quando um paciente nunca experimentou orgasmos desde o momento em que atingiu a puberdade, fala-se de anorgasmia primária. Em muitos casos, geralmente existem componentes orgânicos para explicar este fato.

A secundária ou adquirida é mais comum e ocorre em pacientes que já tiveram orgasmos normais no passado. Em algum momento de suas vidas, aparece algum fator que causa os sintomas de forma progressiva. Geralmente existem componentes psicológicos associados.

Quanto à segunda classificação, quando a anorgasmia ocorre em algumas situações (como, por exemplo, no sexo oral ou ao manter relações sexuais com estranhos), ela é chamada de transtorno situacional. Quando ocorre a qualquer momento, tanto individualmente quanto com um parceiro, é denominada anorgasmia generalizada.

Principais causas

É possível diferenciar as causas da anorgasmia em dois tipos: psicológicas e orgânicas. Estas últimas são muito mais limitadas e geralmente reservadas para casos de doenças sistêmicas não tratadas ou em estágios avançados. A seguir, você vai encontrar uma descrição detalhada de ambas as causas.

Psicológicas

Embora existam condições específicas que podem causar anorgasmia (tais como ansiedade e depressão), em muitos casos, trata-se de uma combinação de fatores psicológicos complexos.

Assim, ela não se deve apenas a patologias como as citadas acima, pois alguns problemas do cotidiano, tais como estresse, conflitos no trabalho, vergonha, culpa e algumas crenças religiosas podem aumentar as chances de sofrer os sintomas.

Alguns casos em que há conflitos conjugais evidentes podem levar à anorgasmia situacional, sendo que a masturbação individual pode produzir orgasmos bem-sucedidos. A falta de comunicação assertiva, a violência doméstica (especialmente contra mulheres ) e os casos de infidelidade não resolvidos podem influenciar neste problema.

Orgânicas

O orgasmo é o resultado de um conjunto de mudanças fisiológicas temporárias. Isso inclui a influência dos hormônios, a contração dos músculos pélvicos e a integridade dos sistemas nervoso autônomo e cardiovascular.

Para que qualquer patologia gere anorgasmia, é necessário que ela tenha repercussões sistêmicas. Isso permitiria alterar substancialmente todos os sistemas envolvidos, ou pelo menos uma grande maioria deles. Algumas dessas condições são as seguintes:

  • Diabetes mellitus.
  • Esclerose múltipla.
  • Doença de Parkinson.
  • Histerectomias e outras cirurgias ginecológicas.
  • Alcoolismo e tabagismo.

No caso específico do diabetes mellitus, estamos falando de um grupo de doenças caracterizadas por um mau funcionamento ou produção de insulina. Esse hormônio é responsável pela redução dos níveis de glicose no sangue (glicemia), pois favorece a sua entrada em diversos tecidos.

Uma das consequências dos níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) é o dano progressivo aos nervos periféricos, especialmente os sensitivos. Isso pode causar dificuldade para estimular as áreas que promovem o orgasmo. Nos homens, de acordo com a Clínica Mayo, também pode haver disfunção erétil.

A anorgasmia também pode ocorrer como resultado do envelhecimento ou do uso crônico de alguns medicamentos. Estes últimos geralmente são psicotrópicos que, portanto, afetam o funcionamento do sistema nervoso central.

Tratamento da anorgasmia

A anorgasmia pode exigir terapia.
Tanto a terapia individual quanto a de casal podem ser bem-sucedidas.

Essa condição pode ser tratada e, em muitos casos, há a resolução completa do quadro clínico. A terapia inclui eliminar ou reduzir a intensidade da causa, embora mesmo pacientes com patologias orgânicas possam se beneficiar do tratamento psicológico.

Psicólogos ou psiquiatras usam diferentes métodos para ajudar. Eles incluem a terapia cognitivo-comportamental, que busca reestruturar alguns padrões de pensamento. Pode ser usada para eliminar ou diminuir preconceitos relacionados à relação sexual.

Em casos de anorgasmia situacional ligada à relação sexual, procurar um profissional para fazer terapia de casal pode ser muito benéfico. Isso permite que identificar e lidar com conflitos subjacentes, tais como problemas de ciúme e infidelidade.

As causas orgânicas podem requerer tratamento multidisciplinar, principalmente nos casos com dificuldade de diagnóstico.

O controle de doenças crônicas como o diabetes mellitus é o passo inicial, embora o maior desafio dos especialistas seja reverter o dano orgânico. De fato, quando o tecido nervoso é atingido, aumentam as dificuldades para recuperá-lo.

Buscar ajuda sempre é uma opção válida

O primeiro passo para superar esse problema é a aceitação e a compreensão de que a ajuda profissional pode acelerar bastante o processo de cura. Os especialistas apropriados para isso são os psiquiatras ou psicólogos, especialmente aqueles com formação em sexologia.

Também é válido procurar outros médicos especialistas, que vão determinar a existência ou não de patologias orgânicas. A princípio, é conveniente procurar um ginecologista ou urologista, que pode fazer um encaminhamento para outros profissionais em alguns casos.



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