A relação entre bronzeamento e cortisol
Ao longo das últimas décadas, o bronzeamento artificial ganhou crescente estima na população em geral. A exposição direta aos raios UV não só causa aumento da pigmentação na superfície da pele, mas também tem múltiplas implicações em outras partes do corpo. Neste artigo, discutimos a relação entre bronzeamento e cortisol e contamos como isso pode afetar você.
Bronzeamento e níveis de cortisol: considerações iniciais
O cortisol é um hormônio esteroide que é secretado pela glândula adrenal. Tanto sua produção quanto sua secreção são reguladas pelo que é conhecido como eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). Embora seja frequentemente citado como o hormônio do estresse, a verdade é que ele cumpre diferentes funções metabólicas, musculares, imunológicas e cerebrais.
Como outros hormônios, o cortisol é regido por um ritmo circadiano, como aconselham os especialistas. Em pessoas saudáveis, os níveis hormonais diminuem ao longo do dia, atingindo seu nível mais baixo na hora normal de dormir. Então, eles aumentam durante a noite, atingindo seu nível mais alto em torno do horário habitual de vigília.
Esse ritmo circadiano típico do cortisol é independente de experiências contínuas de vigília ou sono durante o dia, embora possa ser alterado por vários fatores. Por exemplo, fatores como estresse, ansiedade, atividade física, distúrbios no sistema imunológico, níveis de glicose no sangue e exposição à luz alteram seus níveis reais.
Qual é a relação entre bronzeamento e cortisol?
Há décadas se sabe que a exposição à luz afeta o relógio biológico interno de maneira que influencia agudamente a fisiologia e o comportamento de humanos, animais e plantas. Um artigo publicado no Journal of Biological Rhythms em 2010 descobriu que nas fases de aumento e queda dos níveis de cortisol, a exposição à luz brilhante reduz os níveis de cortisol em humanos.
Apesar disso, e como apontam os pesquisadores no estudo citado, as concentrações podem aumentar dependendo da duração, da intensidade e do momento exato em que as pessoas são expostas à luz. Como já afirmamos, as variáveis que intervêm na sua regulação (níveis de ansiedade, estresse e outros) também podem afetar os níveis após a exposição.
Tanto o bronzeamento natural quanto o bronzeamento artificial podem induzir uma alteração nos níveis hormonais. Um bronzeado recorrente pode induzir alterações mais pronunciadas e até mesmo um leve desequilíbrio no ritmo circadiano do cortisol. Embora o aumento seja geralmente leve, somado às variáveis revisadas podem causar o seguinte:
- Alterações nos padrões de sono.
- Desequilíbrios no sistema imunológico (que podem aumentar a susceptibilidade a resfriados).
- Mudança de humor.
- Acne.
- Fadiga.
- Problemas de concentração.
- Aumento de peso.
- Dores de cabeça.
Essas sequelas se manifestam quando os níveis de cortisol estão muito altos. O bronzeado ocasional não deve causar essas complicações, mas a dependência dele pode. Em geral, a exposição à luz solar e à luz artificial, especialmente sob um espectro intenso, pode induzir um aumento do hormônio.
Tenha cuidado com a exposição ao sol
Conseguir uma pele bronzeada é o objetivo de milhões de pessoas hoje em dia. Contudo, a exposição prolongada aos raios UV está associada a dezenas de complicações, sendo uma das mais conhecidas o risco de câncer de pele. Apesar disso, o bronzeamento não recuou um pingo em popularidade.
É muito importante que as pessoas conheçam todos os problemas associados ao bronzeamento excessivo. inclusive, atualmente fala-se em tanorexia para se referir ao vício em bronzear a pele. Em resumo, reduzir a exposição aos raios ultravioleta é essencial, assim como o uso de protetor solar ao interagir ao ar livre.
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