Psicologia da Saúde: definição e características
A Psicologia da Saúde é definida, segundo Oblitas (2006), como “a disciplina que aplica os princípios, técnicas e conhecimentos da psicologia à avaliação, diagnóstico, prevenção, explicação, tratamento e/ou modificação de transtornos físicos e/ou mentais ou outras comportamentos relevantes para os processos de saúde e doença, nos diferentes contextos em que eles podem ocorrer ”.
Entre as principais contribuições da Psicologia da Saúde temos:
- Promoção da saúde.
- Prevenção de doenças, através da modificação de maus hábitos.
- Tratamento de doenças crônicas (diabetes, HIV, intestino irritável, câncer…).
- Adesão ao tratamento.
- Avaliação e melhoria do sistema de saúde.
Psicologia da Saúde: uma perspectiva biopsicossocial
Na vida das pessoas, observamos que muitas doenças têm multicausalidade. Ou seja, elas não poderiam ser explicadas sem fatores biológicos, psicológicos e socioculturais. Por isso, a Psicologia da Saúde dá uma ênfase especial em apontar a importância de cada um desses fatores.
Infelizmente, o modelo médico tradicional marginalizou ou, na melhor das hipóteses, deixou as causas psicossociais das doenças em segundo plano. Atualmente existem evidências científicas suficientes para afirmar que parte das causas de doenças está no comportamento e no estilo de vida do indivíduo.
Um estudo realizado por Oblitas (2007) nos EUA mostrou uma relação muito clara entre a saúde e os seguintes hábitos:
- Dormir 8 horas por dia.
- Tomar café da manhã diariamente.
- Fazer 3 refeições por dia.
- Manter um peso normal.
- Fazer exercícios.
- Consumir álcool moderadamente.
- Não fumar.
Psicologia da Saúde e Psicologia Positiva
A Psicologia Positiva estuda as bases do bem-estar psicológico e da felicidade, bem como das fortalezas humanas. Portanto, trata–se de uma nova abordagem da psicologia (que praticamente desde o início se concentrou nos elementos patológicos da personalidade e das emoções).
A Psicologia da Saúde e a Psicologia Positiva convergem na medida em que estudam os fatores que protegem o indivíduo das doenças físicas e mentais, sempre com foco nos aspectos positivos e na qualidade de vida.
Seligman (2003) aponta para um conjunto de comportamentos positivos que ajudam a alcançar a felicidade. Pois a felicidade não é um estado que se origina do nada; ela acontece quando o indivícuo atua em uma direção valiosa para ele, seu ambiente e comunidade.
Fortalezas cognitivas: uso e aquisição de conhecimento
- Curiosidade e interesse pelo mundo. Descobrir coisas novas diariamente.
- Amor por conhecer e aprender.
- Julgamento, pensamento crítico e mente aberta.
- Sagacidade, originalidade e inteligência prática.
- Ser capaz de aconselhar e ajudar outras pessoas.
Fortalezas emocionais que implicam no alcance de metas
- Coragem: não se intimidar com ameaças ou mudanças.
- Perseverança: Concluir os projetos iniciados.
- Integridade, honestidade e autenticidade.
- Vitalidade e paixão pelas coisas.
Fortalezas interpessoais
- Capacidade de amar e ser amado.
- Simpatia, gentileza e generosidade.
- Inteligência emocional, pessoal e social.
Fortalezas cívicas
- Trabalhar bem dentro de um grupo de pessoas, ser fiel ao grupo e sentir-se bem dentro dele.
- Ter sentido de justiça, equidade.
- Assumir funções de liderança social.
Fortalezas que protegem de excessos
- Capacidade de perdoar.
- Modéstia e humildade.
- Prudência, discrição e cautela.
- Autocontrole e autorregulação.
Fortalezas que dão sentido à vida
- Valorização da beleza e excelência, capacidade de se maravilhar.
- Gratidão.
- Esperança, otimismo e projeção para o futuro.
- Senso de humor.
- Espiritualidade, fé e senso religioso.
Psicologia da Saúde e comportamentos saudáveis
Os estilos de vida saudáveis são um dos eixos centrais de estudo da Psicologia da Saúde. Entende-se por comportamento saudável todas as ações realizadas por uma pessoa que influenciam na probabilidade de obtenção um maior bem-estar físico e mental, além de aumentar a longevidade.
Dito isso, a partir da Psicologia da Saúde são propostos os seguintes comportamentos saudáveis:
Prática de exercícios físicos
Sabe-se que a prática de exercícios físicos previne o aparecimento de certas doenças físicas e confere ao indivíduo uma maior qualidade de vida. Pessoas que praticam exercícios têm menor risco de doenças cardiovasculares. Além disso, eles ajudam a manter o peso e normalizar o metabolismo.
Por outro lado, o exercício físico traz inúmeros benefícios psicológicos, como mitigar os efeitos do estresse, ansiedade e depressão na saúde. Além disso, melhora o autoconceito e favorece as relações sociais.
Nutrição adequada
Dietas saudáveis fornecem a quantidade adequada de nutrientes essenciais para as necessidades metabólicas do organismo. As principais causas de morbidade e mortalidade durante a última década foram principalmente devido a hábitos de vida pouco saudáveis e uma nutrição inadequada.
Entre os hábitos alimentares mais saudáveis, a Psicologia da Saúde propõe aumentar o consumo de leite, batata, verduras, frutas e fibras, além de reduzir as gorduras animais, açúcar, doces, farinhas refinadas e álcool.
Minimize as emoções negativas
As emoções negativas levam a problemas de saúde. Além de exacerbar os fatores psicológicos e fisiológicos que alteram a saúde, elas também podem influenciar de forma indireta. Por exemplo, realizando comportamentos pouco saudáveis para minimizar o impacto dessas emoções negativas (por exemplo, consumir álcool).
Dessa forma, tanto as fortalezas quanto os mecanismos de enfrentamento do indivíduo constituem um freio às emoções negativas. Além disso, a capacidade de autocontrole, autorregulação e adaptação à mudança fornecerá mecanismos para lidar com as emoções negativas que podem surgir.
Otimismo, bom humor e risos
A principal diferença entre pessoas otimistas e pessimistas está na maneira que elas têm de apreciar as coisas:
- Os pessimistas insistem em descobrir inconvenientes e dificuldades em tudo, o que lhes tornam desastrados, apáticos e desanimados.
- Os otimistas fazem esse mesmo esforço para encontrar soluções criativas, vantagens e possibilidades.
Geralmente, as pessoas otimistas têm um maior senso de humor, são mais perseverantes e bem-sucedidas e até mantêm uma melhor saúde física e emocional. Além disso, o senso de humor e o riso servem como válvula de escape para aliviar as tensões internas e gerar um estado mais ativo e vital que protege contra o estresse e outras emoções negativas.
Adesão ao tratamento
Uma das condições para manter a qualidade de vida e a saúde é cumprir o programa terapêutico definido pelo médico e pela equipe psicossocial.
É muito fácil dizer a um paciente que ele deve parar de fumar, mas garantir que essa pessoa abandone o vício em prol da sua saúde é algo muito diferente. Precisamente, através da Psicologia da Saúde é feita uma intervenção para motivar a pessoa no cumprimento do plano terapêutico.
Criatividade
A criatividade é entendida como a capacidade de resolver problemas de forma original. Além disso, produzir coisas novas e valiosas. Portanto, ser capaz de resolver problemas de uma forma original é muito satisfatório e permite que nos ajustemos a certas circunstâncias vitais com sucesso.
Por outro lado, a inflexibilidade, a rigidez e a estreiteza nos levam ao estresse e ao desespero. Portanto, ser criativo é uma maneira saudável de lidar com essas situações.
Psicologia da saúde e comportamentos de risco
Alguns hábitos e comportamentos representam um risco para a saúde. Por isso, a partir da Psicologia da Saúde é feito um esforço para conhecê-los, com o objetivo final de compreender seu mecanismo de ação na saúde, além de estabelecer estratégias para evitar fatores de risco.
Apresentamos a seguir as principais contribuições da Psicologia da Saúde nesta área:
Adoção de comportamentos seguros
Os acidentes são uma das principais causas de morte. A maioria deles é causada pelo comportamento dos indivíduos (por exemplo com armas, acidentes de trabalho e de carro, etc.).
A Psicologia da Saúde enfatiza que a maioria dos acidentes poderiam ser evitados. Por exemplo, no caso de acidentes de trânsito, algumas medidas de prevenção podem ser adotadas:
- Eliminar o acesso ao agente físico (não permitir que menores de 18 anos dirijam).
- Reduzir a quantidade do agente (limitar a potência e velocidade dos veículos).
- Evitar a liberação do agente (impor medidas de segurança e de contenção aos veículos).
- Mudar superfícies, estruturas ou produtos perigosos.
- Promover a mudança de comportamento por meio de campanhas de informação e conscientização.
Tabagismo
Nos últimos anos, as técnicas psicológicas para parar de fumar foram aprimoradas. Entre as que têm maior evidência científica estão as técnicas de fumar rápido e segurar a fumaça.
Além delas, também existe a técnica de redução gradual do consumo de nicotina e alcatrão. Ainda é necessário trabalhar a adesão ao tratamento e o gerenciamento das recidivas.
Álcool
Alguns dos tratamentos mais exitosos são os realizados em família (treinamento em comunicação e resolução de conflitos) e nas escolas (detecção precoce do consumo, programas de formação em competência social, etc.).
Dessa forma, intervir no ambiente educacional e familiar reduz os fatores de risco para o alcoolismo juvenil.
Uso e abuso de drogas
As drogas ilegais representam um perigo potencial para a saúde. Não apenas pelos seus efeitos farmacológicos, mas por tudo o que as cercam: o ambiente e contexto em que ela é consumida, a via de administração, a falta de controle da dose, quantidade de impurezas que a droga contém, etc.
Além disso, elas também são fontes de problemas sociais como insegurança cidadã, tráfico de drogas, crimes, roubos, etc. Por fim, não se pode esquecer da sua influência nas esferas acadêmica, profissional, social e familiar.
Por tudo isso, a Psicologia da Saúde dá ênfase especial à prevenção ao uso de drogas, por meio de campanhas de informação e conscientização.
Sexo seguro
Todos os anos, milhões de pessoas contraem doenças sexualmente transmissíveis (como gonorréia, herpes ou HIV). O aumento da incidência dessas doenças na população jovem é especialmente alarmante.
A Psicologia da Saúde enfatiza de forma especial a prevenção de comportamentos sexuais de risco. Além disso, a informação é oferecida aos jovens por meio de campanhas que oferecem uma outra visão, como a sexualidade segura e responsável, por meio de métodos profiláticos.
Conclusões sobre a Psicologia da Saúde
Em conclusão, vimos neste artigo uma introdução à Psicologia da Saúde; sua definição e principais características. Resta a ideia de que é necessário abordar as doenças a partir de uma perspectiva biopsicossocial.
Portanto, elementos psicológicos, emocionais, ambientais e culturais têm muito a ver com o desenvolvimento e manutenção de muitas doenças.
Por exemplo, pense em fatores de risco e proteção e na implementação de hábitos saudáveis. O que fazemos ou deixamos de fazer, nossas cognições e comportamento têm muito a ver com saúde e doença.
- Mebarak, M., & Suarez, E. (2016). ¿ Qué es y hacia dónde se dirige la psicología de la salud?. Psicología desde el Caribe, 33(2), v-vi.
- Oblitas, L. (2006). Psicología de la salud y calidad de vida. Cengage Learning Editores
- Seligman, M. E. (2017). La auténtica felicidad. B DE BOOKS.
- Seligman, M. E. (2016). Florecer: La nueva psicología positiva y la búsqueda del bienestar. Editorial Oceano.