Os 2 tipos de imunidade

Existem dois tipos de imunidade: inata e adaptativa. Ambas trabalham juntas para manter o corpo livre de doenças. Quer saber mais sobre elas? Continue lendo.
Os 2 tipos de imunidade

Última atualização: 17 maio, 2023

O corpo humano está em constante luta contra agentes nocivos, tanto internos quanto externos, para garantir uma boa saúde e prevenir o aparecimento de doenças. O organismo utiliza 2 tipos de imunidade, a inata e a adaptativa, que se complementam para atingir esse objetivo.

Tanto a imunidade inata quanto a adaptativa pertencem ao sistema imunológico, que é o conjunto de barreiras físicas, químicas, humorais e celulares que lutam contra os antígenos. É importante lembrar que os antígenos são substâncias que o corpo reconhece como nocivas e desencadeiam uma resposta.

Os antígenos estão presentes nos agentes etiológicos de doenças infecciosas, em órgãos transplantados e em algumas células próprias. Dependendo do que for detectado, o organismo poderá desencadear um dos 2 tipos de imunidade.

Como funciona o sistema imunológico?

Antes de podermos falar sobre os próprios tipos de imunidade, é importante primeiro entender como o sistema imunológico funciona. Nesse sentido, o organismo deve passar por 4 processos diferentes para que ocorra sua ativação; entre eles estão o reconhecimento, ativação, regulação e resolução.

O corpo deve primeiro reconhecer um antígeno estranho antes de tomar qualquer ação. Essa é uma das etapas mais importantes, pois dela dependerá o tipo de imunidade que será ativada.

Todas as nossas células contêm uma molécula em sua superfície chamada complexo principal de histocompatibilidade (MCH). Este complexo dirá aos glóbulos brancos se é uma célula própria ou um organismo estranho. Nesse sentido, uma célula será reconhecida como estranha quando sua molécula de superfície for diferente.

Muitas das células do sistema imunológico são capazes de detectar esses compostos estranhos ou antígenos, iniciando a resposta imune. Uma vez que o primeiro glóbulo branco ataca o agente invasor, ocorre a síntese de proteínas chamadas citocinas.

As citocinas são comunicadores intercelulares e irão sinalizar outras células para destruir o patógeno, iniciando assim o processo de ativação. Uma vez que o sistema imunológico é ativado, o corpo deve enviar um sinal indicando quando parar de atacar. É aí que entra o processo de regulação.

As células encarregadas de enviar o sinal correspondente nos 2 tipos de imunidade serão os linfócitos T reguladores. Desta forma, o ataque das células brancas será interrompido, evitando assim a automutilação.

Por fim, a resolução consiste no extermínio do agente patogênico. Além disso, é também o processo no qual o corpo vai armazenar as informações necessárias para a criação de anticorpos específicos.

Anticorpos de imunidade.
Anticorpos são substâncias produzidas no âmbito da ação do sistema imunológico.

Imunidade inata

A imunidade inata, também chamada de imunidade natural, é aquela que obtemos desde o momento em que nascemos, por isso não precisa de exposição a um patógeno para se desenvolver. Sua principal característica é que não é específica. Ela atacará todos os agentes estranhos da mesma forma, independentemente de sua eficácia.

É um mecanismo de resposta rápida, ideal para combater infecções nos primeiros dias; tempo necessário para que o corpo desenvolva uma resposta imunológica adequada.

Mecanismos de defesa da imunidade inata

Esse tipo de imunidade possui múltiplos mecanismos de defesa, sendo a pele o maior de todos. A pele, membranas mucosas e membranas oculares são a primeira barreira que o corpo tem para parar os ataques.

Estudos demonstraram que esses tecidos, além de serem uma barreira física, contêm agentes anti-infecciosos como fatores do complemento, citocinas e peptídeos antimicrobianos. Esses compostos são os fatores humorais dos quais a imunidade inata depende para a defesa do corpo.

Finalmente, existem células que serão capazes de eliminar alguns dos agentes infecciosos mais comuns. Essas células são glóbulos brancos e cada série desempenha uma função específica:

  • Neutrófilos: são células especializadas na destruição e eliminação de bactérias que podem ser prejudiciais à saúde do indivíduo.
  • Eosinófilos: essas células são especializadas na eliminação de organismos parasitas, alguns dos quais causam doenças graves, como gastroenterite. Além disso, eles também estão envolvidos em respostas alérgicas.
  • Monócitos e Macrófagos: Os macrófagos se originam dos monócitos quando eles entram em um tecido e sua principal função é a fagocitose de bactérias, células danificadas e células mortas.
  • Células NK: também chamadas de natural killer, elas se encarregarão de destruir as próprias células infectadas e cancerígenas.

Existem também outras células, como mastócitos e basófilos, que secretam substâncias que permitem a ativação do sistema imunológico. Embora essas células não destruam os próprios patógenos, elas são úteis em muitos casos, como em processos alérgicos.

Imunidade adaptativa

A imunidade adaptativa, também conhecida como imunidade adquirida, é aquela que requer exposição a um patógeno ou parte dele para se desenvolver. Nesse sentido, é mais específica e eficaz que a inata.

Uma das principais características dessa imunidade é a capacidade de memorizar patógenos. Desta forma, será capaz de atacar o organismo estranho de forma eficaz, não importa quanto tempo tenha passado desde a primeira infecção.

Por sua vez, a imunidade adaptativa pode ser ativa e passiva. É ativa quando se desenvolve a partir do contato direto com um patógeno. Por outro lado, é passivoa quando os anticorpos necessários são desenvolvidos sem ter que sofrer da doença. O método mais eficaz nesses casos são as vacinas.

A imunidade também será passiva naqueles bebês que são amamentados, já que muitos dos anticorpos produzidos pela mãe serão transmitidos por essa via.

Mecanismos de defesa de imunidade adaptativa

Glóbulo branco.
Os glóbulos brancos são de vários tipos e atuam em diferentes pontos da imunidade.

As células encarregadas de defender o organismo pela imunidade adaptativa são os linfócitos. Eles são classificados em 2 grandes grupos: B e T. O primeiro ficará encarregadao de criar os anticorpos, que fornecem a defesa contra agentes específicos.

Por sua vez, os linfócitos T também se dividem em 2 grupos: os colaboradores que ajudarão a ativar o sistema imunológico e os citotóxicos que atacarão vírus e outros agentes nocivos.

Para que os linfócitos desempenhem sua função, é necessária a mediação de células apresentadoras de antígenos. Esse grupo de células irá fagocitar o agente nocivo, processando e adaptando seu antígeno para que o linfócito B o reconheça e produza os anticorpos necessários.

O fator humoral da imunidade adaptativa é dado pelos anticorpos, que são proteínas capazes de reconhecer um antígeno específico e iniciar sua destruição. Atualmente, são reconhecidos 5 tipos diferentes de anticorpos, que são os seguintes:

  • IgM: É o anticorpo de primeiro contato que só aparece quando o antígeno é detectado pela primeira vez no corpo e a resposta que ele desencadeia será semelhante à da imunidade inata.
  • IgG: é produzido quando o corpo detecta um antígeno ao qual já foi exposto. Você poderá desencadear uma resposta mais eficaz resolvendo o quadro clínico no menor tempo possível.
  • IgA: são os anticorpos que estão presentes nas mucosas do organismo, defendendo esta superfície da invasão de microrganismos.
  • IgE: são responsáveis por mediar e desencadear todas as reações alérgicas e de hipersensibilidade. Além disso, também participa de processos parasitários.
  • IgD: este anticorpo encontra-se na superfície dos linfócitos B imaturos, pelo que favorece o seu processo de maturação.

Considerações gerais sobre os tipos de imunidade

A principal diferença entre os 2 tipos de imunidade existentes é a capacidade da imunidade adaptativa ter memória e especificidade. Dessa forma, poderá desencadear uma resposta imune efetiva, dependendo do patógeno ao qual o indivíduo foi exposto.

Tanto a imunidade inata quanto a adaptativa são necessárias para a defesa do organismo. Elas estão trabalhando juntas todos os dias para prevenir o aparecimento de doenças.



  • Reyes Martín E, Prieto Martín A, Díaz Martín D, Álvarez-Mon Soto M. Inmunidad innata e inmunidad adaptativa. Medicine – Programa de Formación Médica Continuada Acreditado. 2013; 11(28): 1760-1767.
  • Castrillón Rivera L, Palma Ramos A, Padilla Desgarennes C. La función inmunológica de la piel. Dermatología Rev Mex 2008;52(5):211-24.
  • Vega Robledo G. Inmunología para el médico general. La respuesta inmune. Rev Fac Med UNAM Vol. 2008; 51(3): 128-129.
  • Hernández-Urzúa M, Alvarado-Navarro A. Interleucinas e inmunidad innata. Revista Biomédica. 2001;12(4):272-280.
  • Prieto Martín A, Barbarroja Escudero J, Haro Girón S, Monserrat Sanz J. Respuesta inmune adaptativa y sus implicaciones fisiopatológicas. Medicine – Programa de Formación Médica Continuada Acreditado. 2017;12(24): 1398-1407.
  • Díaz Martín D, Úbeda Cantera M, López Suárez A, Álvarez de Mon Soto M. Respuesta inmune innata y sus implicaciones fisiopatológicas. Medicine – Programa de Formación Médica Continuada Acreditado. 2017;12(24):1388-1397.

Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.