O que é sócio-sexualidade?

Você já ouviu o termo sócio-sexualidade? Vamos falar sobre ele no artigo a seguir.
O que é sócio-sexualidade?
Leticia Aguilar Iborra

Escrito e verificado por la psicóloga Leticia Aguilar Iborra.

Última atualização: 03 maio, 2021

A sociedade vem avançado constantemente e, com isso, tabus como o sexo estão sendo eliminados. Um dos fenômenos que está em alta no que diz respeito à qualidade das relações humanas é a sócio-sexualidade. Em termos simples, ela implica o desenvolvimento de relações sexuais sem qualquer tipo de vínculo afetivo e/ou pessoal.

Embora esse fenômeno esteja deixando de ser um tabu, em alguns casos, ele permanece “enraizado”. O fato de ter relações sexuais sem qualquer tipo de vínculo afetivo e/ou emocional não implica no fato de haver pessoas dispostas a se comprometer e a ter uma relação sentimental estável.

O que é a sócio-sexualidade?

A sócio-sexualidade implica ter relacionamentos ocasionais.
Apesar de antes ser considerado um tabu, aos poucos, a concepção de sócio-sexualidade está mudando.

A sexualidade é uma questão em que prevalece a individualização das prioridades. É um comportamento que pode ser considerado dos mais íntimos e que há não muito tempo era considerado um assunto tabu para compartilhar com outras pessoas.

Desde o advento da internet e do uso das redes sociais, esse tema tem ganhado certa abertura, sendo desenvolvidas ao mesmo tempo outras formas de relacionamento interpessoal íntimo, como é o exemplo da sócio-sexualidade.

Ela consiste na preferência por manter relações sexuais sem nenhum tipo de compromisso com a outra pessoa. O que caracteriza esse tipo de relacionamento é o mero prazer físico, sem qualquer tipo de vínculo emocional e/ou afetivo.

Não deve ser confundida com outro tipo de orientação sexual. A sócio-sexualidade é a preferência de um indivíduo por iniciar e manter relações sexuais com várias pessoas sem estabelecer qualquer tipo de vínculo.

Essas pessoas podem estar mais dispostas a ter vários parceiros sexuais, enquanto outras preferem outros tipos de relacionamento em que possam se sentir mais confortáveis, como, por exemplo, um relacionamento romântico.

Redes sociais e sócio-sexualidade

Conforme comentado anteriormente, a chegada da internet e o uso das redes sociais tem favorecido o contato com pessoas de fora do círculo social. Porém, é verdade que a sócio-sexualidade é estudada desde a primeira metade do século XX e que existe há muito mais tempo.

No entanto, esse tipo de comportamento costumava ser realizado em segredo, principalmente no caso das mulheres, já que elas geralmente são mais estigmatizadas pela sociedade quando se trata de mostrar uma certa abertura sexual.

A sócio-sexualidade, graças ao desenvolvimento de aplicativos de relacionamento, tem sido favorecida. Atualmente, as relações sexuais esporádicas são muito mais frequentes do que em outros momentos, com menor banalização que em épocas anteriores quando a sócio-sexualidade era tachada como algo promíscuo, usando termos negativos. Principalmente quando se tratava de mulheres.

As relações amorosas

Há pessoas que se sentem confortáveis em ter relações sexuais esporádicas com um ou mais parceiros. Em outros casos, há pessoas para as quais esse tipo de relacionamento gera desconforto, dor e sofrimento.

Na sócio-sexualidade, o apaixonamento é descartado, uma vez que o interesse real é o prazer individual acima de tudo. Nesse sentido, se uma pessoa se sente mais confortável em relações sexuais estáveis, ter relações sexuais com pessoas que se sentem confortáveis dentro da sócio-sexualidade pode ser arriscado, tendo em vista o seu envolvimento afetivo.

Teste psicométrico

Para medir o comportamento sócio-sexual, os pesquisadores utilizaram o instrumento SOI-R (inventário de orientação sexual) criado por Lars Penke. Neste teste, a pessoa deve responder 3 seções, sendo as seguintes:

  • Conduta.
  • Atitude.
  • Desejo sexual

Existem diferenças entre homens e mulheres?

A sócio-sexualidade pode representar um problema.
Os especialistas em saúde mental desenvolveram várias ferramentas para estudar a sócio-sexualidade.

Algo que os pesquisadores se perguntaram desde o início é saber se havia diferenças em termos de sócio-sexualidade entre homens e mulheres. Para tanto, utilizou-se o referido instrumento de avaliação para mensurar esse tipo de comportamento entre homens e mulheres.

Por meio desse teste, foi observado que os homens obtiveram pontuações mais altas no SOI-R do que as mulheres. Ou seja, de acordo com esse teste de avaliação, os homens se sentem mais confortáveis com a sócio-sexualidade do que as mulheres.

No entanto, este resultado não pode ser generalizado, uma vez que diferenças individuais entre pessoas do mesmo sexo devem ser levadas em consideração.

Além disso, outros estudos, como os da psicóloga Anna Campbell, da Universidade de Durham, e da socióloga Paula England, da Universidade de Nova York, mostraram alguns resultados semelhantes.

Nesse caso, os dados mostram que os homens heterossexuais apresentam um nível de satisfação maior do que as mulheres em questões de sócio-sexualidade. No caso das mulheres, há a alusão de que elas geralmente se sentiam culpadas após as relações sexuais sem envolvimento emocional ou que se decepcionavam se a relação não progredisse além da questão sexual.

Com isso, é preciso dizer que esses testes variaram de acordo com a orientação sexual dos participantes do estudo.

Por exemplo, em pessoas com orientação bissexual, as mulheres apresentaram pontuações mais altas em comparação às mulheres que se declararam heterossexuais ou homossexuais.

No caso dos homens, os que tinham orientação homossexual apresentaram índices sócio-sexuais mais elevados do que os bissexuais e heterossexuais.

Quais características são mais atraentes?

Dependendo de uma pessoa mostrar preferências pela sócio-sexualidade ou não, ela prestará atenção em traços diferentes. Por exemplo, no caso da sócio-sexualidade, as características de atratividade física são especialmente importantes. Assim, a busca por parceiros/as ocorrerá a partir da atratividade da outra pessoa ou de aspectos relacionados à popularidade.

Por outro lado, para as pessoas que se sentem mais à vontade em relacionamentos amorosos com envolvimento emocional, os traços atraentes serão diferentes.

Embora a aparência física seja uma das características, ao contrário das pessoas sócio-sexuais, este não é o fator principal. Questões como o grau de proximidade e características sociais geralmente são os principais elementos.

Outras questões sobre a sócio-sexualidade

Além da preferência por relações sexuais sem nenhum outro tipo de compromisso além da satisfação e do prazer individual, a sócio-sexualidade também foi relacionada a outros tipos de variáveis psicológicas.

Por exemplo, as pessoas que tendem a esse tipo de relacionamento geralmente mostram maior extroversão, impulsividade e abertura à experiência, caracterizando-se também por um tipo de apego evitativo.

Além dessas características, as pessoas com tendência à sócio-sexualidade podem ter pontuações altas em outros tipos de comportamentos parafílicos, como, por exemplo, o masoquismo.

Também podem ocorrer outros tipos de transtornos, tais como narcisismo, maquiavelismo e psicopatia. Sem falar nas pontuações baixas em bondade, honestidade e humildade.

Em resumo, a sócio-sexualidade é um fenômeno que, antes do desenvolvimento das novas tecnologias, ficava mais escondido.

O desenvolvimento desta última possibilitou a liberdade ao estabelecer contato com outras pessoas fora do círculo social, o que favorece esse tipo de comportamento e, portanto, isso se torna cada vez mais visível na sociedade atual.



  • Simpson, J.A., Gangestad, S.W. (1992). Sociosexuality and romantic partner choice. Journal of personality. Wiley Online Library.

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