Diabesidade: o que é e como evitar
A diabetes é definida como “uma situação em que coexistem duas patologias crónicas e complexas, a diabetes e a obesidade”. É um problema condicionado em grande parte pelos hábitos de vida, embora em certas situações também possa haver alguma causa genética que aumente o risco. No entanto, com o tratamento adequado, pode ser corrigido.
Antes de começar, é importante observar que a incidência de obesidade e diabetes tipo 2 separadamente disparou nos últimos anos. Isso se deve ao aumento do sedentarismo e à má alimentação.
A população está exposta a um consumo exagerado de alimentos industrializados de baixa qualidade, que acabam provocando estados inflamatórios sustentados ao longo do tempo.
Diabesidade, um problema inflamatório
Uma das causas da diabetes é a inflamação descontrolada. Isso normalmente é causado pela ingestão regular de compostos tóxicos ou não recomendados para o organismo, como açúcares simples em grandes quantidades, gorduras trans e alguns aditivos.
O sedentarismo é outro fator de risco importante, pois é cada vez mais comum as pessoas não praticarem nenhum esporte. A partir daqui, a eficiência da fisiologia humana diminui.
No entanto, o diabetes não se desenvolve da noite para o dia. Muitos anos mantendo maus hábitos acabam determinando seu surgimento. Também é mais fácil tratar em seus estágios iniciais do que uma vez que o problema tenha se estabelecido.
Afinal, quando a obesidade se instala, a mobilidade fica prejudicada, o que limita a capacidade física. Esta será a pedra angular da solução, já que a partir do exercício os valores inflamatórios podem voltar a normalizar.
Porém, para realmente exercer uma prevenção efetiva da diabetes, a educação nutricional deve ser aprimorada desde as primeiras fases da vida. É comum oferecer repetidamente às crianças muitos alimentos de baixa qualidade que contêm quantidades excessivas de açúcares simples.
Estes demonstraram gerar resistência à insulina, sendo este o prelúdio para diabetes tipo 2. Uma vez que a alteração ocorre, o ganho de peso é experimentado mais facilmente.
Particularmente preocupante é a ingestão de açúcares simples por meio de bebidas, como refrigerantes e sucos. Nesse caso, os carboidratos passam muito rapidamente para a corrente sanguínea, afetando a glicemia.
Se esses nutrientes não forem utilizados como substrato energético, logo se acumularão na forma de gordura visceral e subcutânea, gerando estresse a nível hepático e pancreático.
A microbiota como fator chave na diabetes
As evidências mais recentes mostram como a composição da microbiota pode ser fundamental tanto no manejo quanto na prevenção da diabetes.
Os alimentos e nutrientes que são introduzidos no corpo através da dieta podem determinar a densidade e a diversidade das bactérias que habitam o tubo. Por sua vez, esses microrganismos farão a diferença na eficiência dos processos digestivos e na inflamação do meio interno.
De fato, graças às bactérias, uma série de compostos conhecidos como ácidos graxos de cadeia curta são gerados dentro do tubo. O butirato se destaca entre todos eles.
Sua síntese ocorre graças à fermentação de fibras solúveis, compostos conhecidos como prebióticos. Essas substâncias têm potencial anti-inflamatório. Têm-se revelado determinantes na prevenção de muitas patologias crónicas e complexas.
Graças a essas descobertas, uma ênfase especial foi dada ao estudo das implicações da microbiota nos estados de obesidade e diabetes.
Certas cepas bacterianas foram identificadas que poderiam ajudar a reduzir a resistência à insulina, melhorando também o estado da composição corporal. No entanto, ainda existem muitos ensaios a esse respeito, visto que é um tema complexo e relativamente novo.
Como curiosidade, pode-se notar que os transplantes de fezes de algumas pessoas saudáveis para outras pessoas obesas conseguiram gerar um benefício em termos de perda de peso. Esse mecanismo ainda é muito mais eficiente em certos animais, como ratos.
Portanto, a microbiota é focada como um dos fatores-chave na gestão, prevenção e tratamento de patologias complexas como a diabetes.
Como prevenir e resolver a diabetes?
A diabetes nem sempre tem uma solução fácil. Agora, está claro que devemos nos concentrar nos hábitos de vida. Será necessário propor boas rotinas e mantê-las estáveis ao longo do tempo para alcançar bons resultados que possam ser consolidados.
Por exemplo, você pode começar gerando uma mudança no nível da dieta. Muitas intervenções diferentes podem ser implementadas neste campo.
Um dos resultados mais frequentes na redução da presença de carboidratos na dieta. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Medical Internet Research , uma dieta pobre em carboidratos pode ajudar a controlar o diabetes tipo 2, mantendo os níveis de glicose no sangue estáveis.
Graças a este efeito, a sensibilidade à insulina começará a ser recuperada, o que permitirá mobilizar e oxidar a gordura com mais facilidade.
Outra opção é praticar um protocolo de jejum intermitente. Esse mecanismo também possui várias evidências em termos de melhoria da saúde e de seus marcadores.
Por um lado, induz um défice energético, o que favorece a perda de peso. Por outro lado, consegue reduzir a resistência à insulina, melhorando o controlo glicémico e conseguindo atenuar as complicações associadas à diabetes.
Agora, está claro que o tratamento tem que ser o mais individualizado possível. O objetivo é gerar adesão e evitar desistências no médio prazo. Caso contrário, você pode experimentar um efeito rebote negativo.
Para isso, é preciso ter a aprovação do paciente, levando em consideração seus horários, rotinas e gostos. Existem várias possibilidades para alcançar o sucesso.
O exercício como ferramenta terapêutica
Será decisivo incluir a variável exercício na equação para gerir com sucesso a diabetes. Não é qualquer tipo de trabalho que vale a pena, mas você tem que focar no trabalho de força.
Isso promove adaptações do tecido muscular, estimulando assim a hipertrofia. Uma maior quantidade de tecido muscular aumentará o gasto energético em repouso, facilitando o estabelecimento de uma situação de déficit que permita a oxidação da gordura.
Obviamente, o treinamento deve ser adaptado às necessidades individuais da pessoa. Em todos os momentos, um princípio de progressão deve ser seguido em termos da intensidade da carga utilizada.
Aos poucos o músculo vai se acostumando e se fortalecendo, atuando também como órgão endócrino na hora de modular os mecanismos inflamatórios no meio interno.
Em qualquer caso, para atingir este objetivo, deve-se garantir uma ingestão suficiente de proteínas. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the International Society of Sports Nutrition, recomenda-se uma ingestão de mais de 1,4 gramas de proteína por quilo de peso por dia ao se exercitar regularmente. É assim que o dano gerado na sessão é reparado e a hipertrofia posterior é estimulada.
Como um programa complementar ao trabalho de força, um tipo de treinamento intervalado de alta intensidade pode ser considerado. A princípio, o melhor é fazer sem impacto, de bicicleta, para depois abrir o leque de possibilidades.
Assim, é possível não só estimular a perda de peso, mas também reverter o quadro de diabetes. Deve-se levar em conta que este último atua como um fator limitante para a perda de peso em muitas ocasiões.
Suplementos para diabesidade
Quando a modificação de hábitos é realizada, pode ser complementada com uma série de suplementos alimentares que potencializam e aceleram os resultados. Mas deve ficar claro que por si só não trarão grandes benefícios. Eles não são substâncias mágicas. Eles devem sempre ser incluídos em um contexto apropriado. Dessa forma, eles podem aproveitar ao máximo seu potencial.
Uma das melhores alternativas é o extrato de canela. Esta especiaria atua como hipoglicemiante, ajudando a baixar os níveis de glicose no sangue e estimulando a oxidação das gorduras para gerar energia.
É um produto que também consegue fornecer uma quantidade significativa de antioxidantes de qualidade, por isso é considerado positivo para a saúde em geral.
Outra opção a ter em conta é a creatina, sobretudo na prática de exercício físico. Você poderá aumentar os valores de força e potência, melhorando a recuperação e estimulando as adaptações após a prática esportiva.
Embora seja um dos suplementos mais utilizados em atletas de elite, pode ser aproveitado em pessoas com sobrepeso ou obesidade para melhorar o estado da composição corporal.
Para acelerar a perda de peso, um suplemento de cafeína pode ser incluído nas rotinas. Este alcaloide modifica o aproveitamento dos substratos energéticos, privilegiando a oxidação das gorduras.
Além disso, retarda o aparecimento da fadiga. Isso permite que as pessoas treinem por mais tempo e com maior intensidade, o que refletirá positivamente no gasto energético subsequente.
Mas quando se trata de incluir um suplemento no regime, será sempre aconselhável consultar primeiro um especialista em nutrição. A dosagem deve ser otimizada para tirar o máximo proveito do composto. Caso contrário, efeitos significativos podem não ser experimentados. Da mesma forma, será necessário garantir a pureza e a qualidade do produto escolhido.
Diabesidade, um problema complexo cada vez mais frequente
Mais e mais pessoas sofrem de diabetes, mesmo durante o início da idade adulta. Isso se deve aos maus hábitos mantidos ao longo do tempo, além de possíveis condições genéticas que o predispõem.
Claro, o consumo de toxinas pode ser um fator desencadeante. Por exemplo, o álcool fornece uma grande quantidade de calorias vazias e influencia negativamente a homeostase do corpo.
Por fim, destaque especial deve ser dado à necessidade de promover a prática de atividade física. Cada vez mais pessoas estão adotando rotinas sedentárias, sendo isso totalmente prejudicial à saúde.
O trabalho de força consegue manter os mecanismos de inflamação e oxidação sob controle. Na verdade, é considerada uma das ferramentas mais poderosas que existem para prevenir o desenvolvimento de patologias a médio prazo.
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