Cibercondria: a hipocondria digital

O que é a cibercondria, a nova hipocondria adaptada à era digital? Essa condição gera ansiedade e preocupação constantes que nunca são totalmente resolvidas na pesquisa na Web.
Cibercondria: a hipocondria digital
Leticia Aguilar Iborra

Escrito e verificado por la psicóloga Leticia Aguilar Iborra.

Última atualização: 18 junho, 2023

O medo de sofrer de uma doença fatal é um motivo normal de preocupação nas pessoas. Em alguns casos, isso pode acontecer excessivamente. Os comportamentos da cibercondria são semelhantes aos da hipocondria, que se adapta à era digital.

É então que os hábitos voltados para a redução do desconforto e a busca por segurança são ancorados em fontes de informação digital, como os buscadores da Internet. No entanto, nem todos os bancos de dados são confiáveis. Além disso, a gama de diagnósticos disponíveis nas redes é muito mais ampla.

Um dos exemplos claros é digitar “dor de cabeça” em um mecanismo de busca. É provável que algumas das causas que o justifiquem vão desde motivos de fadiga e cansaço até um tumor cerebral, causando maior preocupação. Consequentemente, a pessoa fica presa em uma busca constante como forma de aliviar sua preocupação.

O que é cibercondria?

Quase todo mundo, em algum momento, já procurou na internet por suas doenças para descobrir o motivo pelo qual elas ocorrem. Hoje, a maioria da população dos países desenvolvidos tem acesso à web.

No entanto, apesar de ser um grande recurso como ferramenta de trabalho, além dos benefícios que as novas tecnologias e o acesso à Internet podem proporcionar, também traz riscos. Um deles é a cibercondria.

Pode-se dizer que a cibercondria é uma atualização da hipocondria. Esta última é caracterizada pela preocupação excessiva com o estado de saúde. Essa preocupação se transforma na sensação de estar convencido de sofrer de alguma doença grave.

Como forma de amenizar essas preocupações, a pessoa com preocupação excessiva com sua saúde tende a realizar pesquisas incessantes sobre os sintomas e sua explicação, a fim de corroborar um diagnóstico. Entre essas condutas estão as visitas ao médico e a realização de exames complementares.

Com o advento de novas tecnologias, aumenta a busca por explicações que proporcionem segurança ou alívio. Um dos motivos discutidos é a sua grande acessibilidade. Isso aumenta a probabilidade de a pessoa recorrer a esse tipo de ferramenta toda vez que exaltar um motivo para se preocupar.

Diante de qualquer questão relacionada à saúde, as pessoas com cibercondria costumam pesquisar na Internet em diversas páginas, tendo grande acessibilidade a fontes ilimitadas de informação. O problema é que existem fontes de informação que promovem um autodiagnóstico ou que aludem a remédios naturais ou prescrições infundadas.

A mulher realiza a pesquisa em seu telefone.
A acessibilidade à Internet se multiplicou, o que favorece buscas constantes em qualquer lugar.

Consequências da cibercondria

Não há dúvida de que a cibercondria pode causar maiores preocupações a uma pessoa. Isso leva a um estado de ansiedade constante, o que se explica pela grande disponibilidade de informações na internet.

A informação pode ser extensa, em alguns casos técnica e incompreensível para a pessoa, levando a um estado de incerteza maior do que antes. Dessa forma, os níveis de ansiedade e angústia causados pelas informações obtidas nos buscadores da Internet facilitam a pessoa a realizar novas buscas.

Essa forma de comprovar que as informações obtidas se encontram em outras fontes de informação aumenta sua preocupação e angústia. Assim, o estado de ansiedade é constante, atingindo em alguns casos formas obsessivas.

Às vezes, as informações obtidas podem ser tranquilizadoras para a pessoa. No entanto, isso não dura muito, aumentando o medo de ter uma doença grave. Dessa forma, outra busca passa a corroborar as causas dos sintomas e contrastar com outras fontes, às vezes ignorando a veracidade.

Pode estar relacionado a recursos econômicos?

Outra das consequências da cibercondria é a forma de querer controlar a sensação de insegurança que se obtém com este tipo de busca. Em alguns casos, as pessoas podem solicitar exames diagnósticos que não são necessários e podem ser caros.

Existem aplicativos para smartphones que avaliam os sintomas que afligem a pessoa sem total confiabilidade nos resultados. Em alguns casos, esses tipos de aplicativos são gratuitos, sendo as pessoas com poucos recursos os potenciais usuários ao utilizá-los, substituindo as consultas médicas.

Como evitar realizar pesquisas na Internet?

Não há dúvida de que é preciso comprovar as causas com um médico especialista. Em todo o caso, se os sintomas continuarem a ser motivo de preocupação e os níveis de ansiedade e angústia impedirem uma vida plena, também é importante o acompanhamento de um psicólogo para resolver este problema.

Assistência médica e buscas em fontes confiáveis

Se os sintomas continuarem a causar preocupação ao longo do tempo, é importante verificá-los com a ajuda de um médico especialista e com exames médicos. Além disso, avaliar a confiabilidade das fontes de informação significa evitar blogs pessoais.

Ao contrário, os dados mais precisos podem ser encontrados em fontes de informação baseadas no rigor científico, fruto de pesquisas. As páginas oficiais de medicamentos são um exemplo claro.

Cibercondria se preocupe.
A busca nunca para na cibercondria, levando a um ciclo vicioso de ansiedade e preocupação.

Evite sobrecarga de informações e considere iniciar tratamento psicológico

O excesso de informação é mais confuso do que a falta de informação. As ferramentas da Internet são uma faca de dois gumes. Por sua vez, a realização de autodiagnóstico online gera maior incerteza. O fato de ter um rótulo diagnóstico sem certeza de um especialista aumenta a sensação de descontrole e ansiedade.

Com este último, deve-se considerar a necessidade de tratamento psicológico caso o problema gere desconforto diário. Ansiedade, pensamentos obsessivos sobre a doença e medo das consequências de uma patologia grave podem ser tratados por um psicólogo. A abordagem cognitivo-comportamental tem sido uma das opções mais testadas.



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