Probióticos

Vamos ensinar a você o que são probióticos e como escolher o suplemento probiótico certo para melhorar sua saúde e evitar o desenvolvimento de patologias. Continue lendo para obter todas as informações.
Probióticos
Saúl Sánchez

Escrito e verificado por el nutricionista Saúl Sánchez.

Última atualização: 10 maio, 2023

A revolução em termos de nutrição nos últimos anos tem um nome e chama-se probióticos. Essa nomenclatura refere-se a bactérias vivas que são ingeridas por meio da dieta e que são capazes de exercer um efeito positivo no intestino a partir de sua colonização.

Existem muitas cepas diferentes de probióticos e todas elas são experimentadas para mostrar os benefícios do consumo regular. Além disso, essas bactérias podem ser administradas de diferentes maneiras, seja por meio de alimentos ou como parte de um suplemento alimentar. A seguir, contaremos tudo sobre esse tópico.

Benefícios dos probióticos

Como já mencionamos, os probióticos são bactérias vivas capazes de colonizar seletivamente o trato gastrointestinal, gerando uma modulação da microbiota benéfica para o hospedeiro. Deve-se notar que milhões de bactérias habitam o intestino humano e a proporção de cada uma das cepas existentes determina alguns aspectos.

Desta forma, exercer uma modulação da flora intestinal consegue melhorar o metabolismo dos nutrientes, como confirma um estudo publicado na revista Current Protein & Peptide Science. Além disso, pode ser benéfico para reduzir os sintomas de certas intolerâncias alimentares, como a gerada pela lactose.

Paralelamente, verificou-se que a saúde da microbiota está ligada ao funcionamento do sistema cognitivo. Segundo resultados de pesquisas recentes, o fato de exercer uma alteração nas bactérias que compõem a flora poderia proteger contra o desenvolvimento de patologias neurodegenerativas.

Isso ocorre porque a permeabilidade da barreira intestinal é diminuída, o que impede que substâncias tóxicas, como os beta-amilóides, entrem na corrente sanguínea. Essa classe de compostos residuais gera um efeito negativo quando atingem a barreira hematoencefálica, de modo que o bloqueio de sua passagem para o sangue no nível intestinal protege contra várias doenças relacionadas ao sistema nervoso central.

Probióticos e doenças gastrointestinais

Além de exercerem benefícios no metabolismo e na saúde do sistema nervoso, os probióticos também são capazes de facilitar o manejo de muitas patologias inflamatórias intestinais. Uma das que melhor reage ao tratamento com essa bactéria é a síndrome do intestino irritável.

De acordo com um ensaio publicado na revista Neurogastroenterology and Motility, a administração de certas cepas de bactérias consegue reduzir os sintomas da doença, tanto em termos de dor quanto em termos de diarreia.

Não apenas nesses contextos os probióticos são eficazes contra a diarréia, mas também atuam beneficamente naquelas causadas por antibióticos. Na verdade, esta é talvez a aplicação mais clássica. No entanto, ao longo dos anos, foi demonstrado que eles podem desempenhar muitas outras funções.

Microbiota intestinal.
A microbiota intestinal se beneficia dos probióticos porque essas bactérias colonizam positivamente o trato digestivo.

Onde encontrar probióticos?

Os probióticos podem ser encontrados em alimentos que passaram por algum processo de fermentação. O mais comum é introduzi-los na dieta por meio de laticínios, principalmente iogurte e kefir.

Ambos apresentam alto teor de bactérias do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium. Porém, outros alimentos que viraram moda, como chucrute ou repolho fermentado, também possuem bactérias em sua composição.

Além disso, é possível incluir probióticos na dieta por meio de suplementos alimentares, embora seja necessário levar em consideração uma série de considerações a esse respeito na hora de escolher o mais adequado. Comprar um suplemento mal formulado ou desenhado pode anular os efeitos benéficos, geralmente porque não conseguem chegar ao intestino em um estado ideal.

Como escolher um suplemento probiótico?

A escolha do suplemento determinará em grande parte o fato de conseguirmos exercer algum efeito positivo no corpo. A primeira coisa a ter em conta é o número de bactérias (Colony Forming Units ou CFU) que o próprio produto possui. Caso não contenha pelo menos 10(8) unidades, é melhor descartar o probiótico.

Por outro lado, é importante que não apresente mais de 3 cepas diferentes em sua composição, sendo ideal que seja um produto monocepa. Quanto mais tipos de bactérias eles contiverem, menos quantidade de cada uma chegará ao intestino para realizar sua função.

Além disso, é importante certificar-se de que a estirpe de bactéria que contém demonstrou ser benéfica para a saúde humana e, especificamente, para o problema que queremos tratar. Nesse sentido, o melhor é solicitar um atestado ou investigar se existe algum estudo científico a esse respeito. O resultado costuma aparecer tanto na embalagem quanto no manual de uso e dosagem.

Por último, importa referir que é fundamental que a forma farmacêutica assegure que as bactérias vivas cheguem ao intestino. Nesse sentido, o ideal é um probiótico em cápsulas, pois estes são capazes de resistir aos ácidos estomacais, evitando a morte nesse ponto.

Como tomá-los?

A dosagem dos probióticos também é importante para maximizar o número de unidades que chegam vivas à zona de colonização. É ideal consumir o suplemento após as refeições, garantindo que contenham quantidades significativas de gordura e fibras para bloquear a acidez estomacal.

Se em vez de um suplemento administrarmos os probióticos através dos alimentos, é muito mais importante seguir também estas instruções. Mesmo que o suplemento probiótico venha na forma farmacêutica em sachês.

Nestes dois últimos casos costuma-se aconselhar também a administração de um antiácido, caso contrário a proporção de bactérias que chegam ao intestino é pequena. Embora seja verdade que alguns tipos de Lactobacillus podem sobreviver até 30 minutos em pH 3, outras cepas morrerão no estômago.

A importância de juntá-los com fibra

É benéfico, para maximizar a sobrevivência das bactérias, administrar os probióticos com fibras. Essa substância, principalmente na sua variedade solúvel, é capaz de fermentar dentro do organismo, criando um substrato energético para as bactérias. Isso os mantém vivos e aumenta sua funcionalidade.

Na verdade, a combinação de probióticos com fibras costuma ser chamada de simbiótico. Entre as fibras mais benéficas para os microrganismos intestinais estão os beta glucanos da aveia e a pectina da maçã. Administrá-los com as refeições também estimulará o crescimento de bactérias que já conseguiram colonizar o trato digestivo.

A dieta também pode alterar a flora

Embora seja verdade que ao incluir probióticos na dieta, por meio de alimentos ou suplementos, pode-se obter um efeito benéfico sobre a microbiota, também é possível incluir certas substâncias na dieta capazes de gerar um impacto negativo.

Estamos falando de ácidos graxos do tipo trans ou grandes quantidades de açúcares simples. Ambos os nutrientes, além de promover a inflamação, são capazes de gerar um crescimento excessivo de certas cepas que se mostraram patogênicas quando crescidas demais.

É o caso, por exemplo, de alguns tipos de Salmonella que habitam o intestino. Em doses baixas, eles podem se tornar necessários, mas se sua população aumentar, a saúde será prejudicada.

Por isso é necessário cuidar da alimentação. Além de avaliar a suplementação com probióticos ou incluir alimentos fermentados na dieta diária, é necessário limitar as substâncias que geram impacto negativo. Os produtos ultraprocessados, por exemplo, costumam conter grandes quantidades dessas substâncias nocivas.

Suplementos probióticos.
Suplementos probióticos devem ser especialmente formulados para colonizar o intestino sem matar as bactérias no caminho.

Adoçantes artificiais e probióticos

Outra das substâncias que conseguem alterar negativamente a composição da flora e reduzir o efeito benéfico dos probióticos são os adoçantes artificiais. Esses produtos químicos são usados como substitutos do açúcar, embora seus efeitos a longo prazo não sejam claros. Especialistas debatem hoje se eles são seguros para a saúde.

O que se sabe com certeza é que muitos desses adoçantes (já que alguns não são metabolizados) conseguem promover o crescimento de bactérias nocivas. Eles podem até reduzir as populações daqueles benéficos para a saúde. Isso gera um processo conhecido como disbiose intestinal que pode afetar o corpo da seguinte forma:

  • Aumentando o risco de desenvolver patologias metabólicas.
  • Aumento da incidência de obesidade.
  • Gerando maior permeabilidade intestinal, que está relacionada a pior saúde do sistema nervoso central.
  • Alteração da motilidade do trato digestivo e da reabsorção de líquidos, podendo causar diarreia.

Assim, é importante realizar um consumo controlado desta série de compostos. Mesmo evitá-los pode ser uma boa opção diante das dúvidas que surgem sobre seu consumo regular.

Os probióticos são um mundo ainda a ser descoberto

Apesar de os benefícios dos probióticos já terem sido comprovados e comprovados, ainda há muito a descobrir a esse respeito. Todos os anos são isoladas novas estirpes de bactérias capazes de exercer um efeito positivo na saúde. Atualmente, está sendo trabalhada a suplementação com alguns probióticos capazes, por exemplo, de promover a função imunológica.

À medida que aumenta o conhecimento sobre o genoma e sobre os diferentes tipos de microorganismos que habitam o corpo humano, mais efeitos positivos serão descobertos. Também serão desenvolvidos produtos mais eficazes e potentes para garantir maior sobrevivência dos microorganismos.

O que parece estar claro é que os probióticos são um campo muito extenso com muitas possibilidades. É necessário fazer um uso adequado deles, mas bem prescritos podem facilitar o manejo de várias patologias comuns.



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