4 medicamentos para baixar a febre
A febre é um sintoma comum que ocorre durante as infecções, embora os pacientes imunocomprometidos possam não manifestá-la.
Os medicamentos para baixar a febre são, na sua maioria, pertencentes ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroides, embora cada um tenha as suas próprias peculiaridades.
Se você quiser saber um pouco mais sobre esses medicamentos, preparamos o artigo a seguir para responder a todas as suas dúvidas. Continue lendo!
Como a febre ocorre?
A febre é a resposta do organismo diante da presença de substâncias conhecidas como pirogênios. Eles podem ser produzidos pelas próprias células ou por microrganismos estranhos. No primeiro caso, são chamados de pirogênios endógenos e, no segundo, de pirogênios exógenos.
Diante de uma infecção, em condições normais, ocorre a ativação do sistema imunológico, principalmente do seu componente celular, que inclui os leucócitos. Eles liberam substâncias para eliminar os microrganismos, tais como citocinas pró-inflamatórias, interferon e fator de necrose tumoral. Estas, além disso, atuam como pirogênios endógenos.
Por sua vez, as bactérias possuem algumas moléculas na sua superfície e liberam outras substâncias que atuam como pirogênios exógenos, além de permitir a sua sobrevivência em diversos ambientes. Este grupo inclui os peptidoglicanos e os lipopolissacarídeos.
Independentemente da origem dos pirogênios, eles viajam pela corrente sanguínea até uma parte do hipotálamo, onde são ativados sinais nervosos capazes de produzir os sintomas característicos da febre: calafrios, temperatura elevada, mal-estar geral e taquicardia, entre outros.
Medicamentos para baixar a febre
A seguir, vamos descrever as características do paracetamol, do ácido acetilsalicílico, do ibuprofeno e da dipirona. Todos compartilham alguns mecanismos de ação, principalmente no que diz respeito à inibição da via da ciclooxigenase. Esta, conforme você verá mais adiante, produz mediadores inflamatórios capazes de produzir a febre.
1. Paracetamol
É um dos medicamentos mais vendidos mundialmente porque causa poucos efeitos adversos e não é necessário ter receita médica para adquiri-lo.
Por exemplo, de acordo com uma publicação da Federação Empresarial dos Farmacêuticos Espanhóis, durante o ano de 2018, foram vendidas 12,8 milhões de unidades naquele país, tornando-o o quarto medicamento mais vendido.
Além do seu efeito antipirético, também é eficaz como analgésico. Dessa forma, é capaz de reduzir a dor em muitas condições comuns, como a cefaleia tensional. Além disso, é um dos poucos medicamentos que as gestantes podem utilizar com total segurança.
Mecanismo de ação como medicamento para baixar a febre
O paracetamol inibe uma via metabólica chamada ciclooxigenase 3, um fenômeno descoberto no início do século XXI. Isso possibilitou explicar as diferenças em relação a outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), capazes de inibir a ciclooxigenase 1 e 2.
Desde então, o paracetamol deixou de ser considerado um AINE, principalmente pela ausência de efeitos anti-inflamatórios, em comparação com medicamentos como o ibuprofeno.
2. Ácido acetilsalicílico
Mais conhecido pelo nome comercial de aspirina, este medicamento pertence ao grupo dos AINEs. Sua capacidade como antipirético se deve à inibição da via da ciclooxigenase, que normalmente produz as prostaglandinas, essenciais para o surgimento da febre.
Apesar do seu uso habitual no mundo todo, existem muitas interações medicamentosas capazes de reduzir a sua eficácia ou causar efeitos adversos. Alguns medicamentos com os quais ele pode interagir são a ciclosporina, a vancomicina, o metotrexato, a digoxina e os próprios AINEs.
Outros usos
Atualmente, a principal indicação clínica da aspirina é como antiplaquetário. Este termo significa que ela evita que as plaquetas se unam e formem um coágulo, que serve para deter um sangramento. Os coágulos também estão envolvidos na fisiopatologia do infarto do miocárdio e dos acidentes vasculares cerebrais.
O uso de uma dose diária deste medicamento por pacientes com fatores de risco para as referidas condições (tais como hipertensão, diabetes mellitus, obesidade e estilo de vida sedentário) permite diminuir a sua incidência e reduzir a mortalidade.
3. Ibuprofeno como terapia para baixar a febre
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse medicamento faz parte da lista de medicamentos essenciais. Ele pode ser adquirido sem receita médica e com baixo custo, e já está há décadas no mercado. De fato, a sua estrutura química foi descoberta pelo espanhol Antonio Blancafort durante uma pesquisa liderada por uma empresa farmacêutica.
Quanto ao seu mecanismo de ação para baixar a febre, ele atua quase da mesma forma que o ácido acetilsalicílico, já que também faz parte dos AINEs. É usado como tratamento para a artrite reumatoide e a enxaqueca, em combinação com outras substâncias analgésicas.
Seu papel como tratamento para a COVID-19
No início da pandemia, alguns autores sugeriram, a partir de observações empíricas, que o uso de ibuprofeno poderia ser prejudicial para os pacientes infectados. Isso motivou muitas pessoas a interromper voluntariamente os seus tratamentos de longo prazo para doenças como a artrite reumatoide.
Posteriormente, várias organizações internacionais garantiram que não havia evidências para confirmar tais afirmações.
Assim foi divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em um comunicado, no qual recomendava que os pacientes com doenças crônicas continuassem com o tratamento habitual e exortava o restante dos pacientes com infecções recentes por COVID-19 a usar outros AINEs ou o paracetamol, apesar da falta de evidências científicas contra o ibuprofeno.
4. Dipirona como medicamento para reduzir a febre
Foi desenvolvida e comercializada na Alemanha no início do século XX, tornando-se um sucesso por causa dos seus evidentes efeitos antipiréticos, analgésicos e antiespasmódicos. Este último termo se refere ao fato de reduzir ou eliminar as contrações musculares involuntárias, relacionadas ao aparecimento de dores em doenças como a litíase vesicular e renal.
O seu mecanismo de ação é semelhante ao dos AINEs, embora iniba de forma não seletiva as vias mais conhecidas da ciclooxigenase (1 e 2).
Controvérsia
Durante a década de 1970, foi descoberto que esse medicamento pode ser capaz de causar um efeito adverso conhecido como agranulocitose. Isso implica na diminuição patológica de várias células sanguíneas, principalmente os neutrófilos, que fazem parte do sistema imunológico e permitem que o organismo fique protegido de infecções bacterianas.
Por isso, com o tempo, ele acabou sendo retirado do mercado de vários países desenvolvidos por causa do risco de desenvolver tal complicação.
Na Espanha, por exemplo, o medicamento só pode ser obtido mediante prescrição médica, e o Ministério da Saúde emitiu um comunicado em que são estabelecidas as indicações específicas para tratamentos de curto e longo prazo com a dipirona.
Atualmente, a questão da sua segurança continua sendo controversa, a tal ponto que em vários países ainda é possível adquiri-la sem receita.
Quando devemos procurar um médico?
Diante de qualquer caso de febre, é aconselhável consultar um médico o mais rápido possível, especialmente se ela persistir durante vários dias consecutivos. As causas são muito variadas, embora quase sempre envolvam doenças infecciosas.
Geralmente há sintomas associados que permitem que o médico faça o diagnóstico. Problemas de micção, tosse, coriza, dor lombar, forte dor de cabeça ou presença de lesões cutâneas são alguns exemplos de infecções clássicas em várias partes do corpo.
Em alguns casos, a febre pode ser confundida com um caso de hipertermia. Esta última condição é a elevação transitória da temperatura corporal como resultado de outros processos, como os exercícios intensos.
É diferente da hipertermia maligna, uma doença grave que requer hospitalização imediata e que geralmente ocorre após a administração de anestésicos.
Medicamentos para baixar a febre úteis e de fácil acesso
A febre pode ser tratada com uma grande variedade de medicamentos, a maioria deles pertencente ao grupo dos AINEs. Felizmente, existem poucas reações adversas, desde que eles sejam consumidos nas doses recomendadas.
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