Sangramento de implantação: tudo que você precisa saber

O sangramento de implantação é um evento fisiológico normal, que ocorre 10 dias após a fecundação. Não indica um problema na gravidez.
Sangramento de implantação: tudo que você precisa saber
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 28 abril, 2021

O sangramento de implantação é um tipo de sangramento vaginal que pode ocorrer em mulheres grávidas durante as primeiras fases da gravidez. Esse sangramento é muito escasso, sendo considerado um evento fisiológico normal e que não está associado a riscos na evolução e desenvolvimento fetal.

Geralmente ocorre de 10 a 14 dias após a fecundação do óvulo, mas já foram registrados sangramentos de implantação até as 8 semanas de gestação. Se você quiser saber tudo sobre este evento comum (porém inócuo), recomendamos que você continue lendo.

A implantação e o milagre da vida

O sangramento de implantação é comum.

Conforme indicado pelo portal Reproducción asistida ORG, a implantação do embrião é o processo através do qual o embrião, que tem aproximadamente uma semana de vida, adere ao endométrio materno e entra no período de gestação. O endométrio é a parte interna do útero, que permite a formação e o desenvolvimento da placenta durante a gravidez.

O calendário, desde a fecundação do óvulo até a implantação definitiva, pode ser descrito da seguinte forma:

  1. Dia 1: ocorre a fecundação (união do óvulo e do espermatozoide, gametas haploides) e o zigoto é formado. O zigoto é uma célula resultante da fecundação, mas, ao contrário dos gametas, possui 2 conjuntos completos de cromossomos (um do pai e outro da mãe).
  2. Dias 2 e 3: ocorre a segmentação do zigoto em várias células, de 2 a 32 unidades, por meio de mecanismos de mitose. A estrutura derivada desse processo é conhecida como mórula.
  3. 4 e 5: quando a mórula atinge um conteúdo de 32 células, no dia 4 a formação começa a se diferenciar. Considera-se que a mórula se transforma em blástula quando atinge um conteúdo de 64 células. No blastocisto, há uma cavidade interna líquida (blastocele) circundada por 2 camadas de células.
  4. Dias 5 e 6: o blastocisto se fixa à parede posterior do útero.
  5. Dias 7 e 8: o blastocisto é superficialmente implantado no endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, altamente vascularizado e espesso. Quando não é implantado (não há fecundação), as paredes do endométrio se desprendem, levando ao sangramento menstrual.
  6. Dos 9 aos 13 dias: o blastocisto passa por múltiplas alterações morfológicas e ocorre a adesão. Não vamos nos concentrar nas especificidades do processo.
  7. Dia 14: a implantação é totalmente concluída. O blastocisto invadiu o endométrio completamente.

Embora este seja um processo muito interessante, não falamos sobre tudo isso só por falar. De acordo com a Clínica Mayo, parece que o sangramento de implantação ocorre, conforme o próprio nome sugere, quando o blastocisto se implanta no endométrio. Este evento ocorre entre 10 e 14 dias após a fecundação, sendo algo muito normal.

Para que a implantação ocorra de maneira adequada, o endométrio deve estar receptivo. Ele deve apresentar de 7 a 10 milímetros de espessura.

O que é o sangramento de implantação?

Conforme indicado pelo American College of Obstetricians and Gynecologysts (ACOG), o sangramento vaginal durante a gravidez tem muitas causas possíveis. Em geral, se for leve e ocorrer durante as primeiras semanas, a paciente não deve se preocupar. Por outro lado, falsas menstruações no final da gravidez têm pior prognóstico.

Conforme já dissemos, suspeita-se que o sangramento de implantação ocorra quando a blástula se implanta no endométrio, um evento normal e necessário para que a gravidez siga seu curso. Estima-se que ele ocorra em 25% das gestantes e, em algumas ocasiões, este é o primeiro sinal de que a mulher está grávida.

Antes de continuar, devemos esclarecer o que é, de forma específica, um sangramento leve e um sangramento intenso. Na lista a seguir, vamos esclarecer os dois termos e um pouco mais:

  1. Spotting ou sangramento de escape: conforme o nome sugere, o spotting se manifesta na forma de manchas ou pontos de sangue na roupa íntima. É de cor acastanhada e aparece fora da fase menstrual. Para muitas mulheres, é um evento normal.
  2. Sangramento leve: o sangramento fora do período menstrual é considerado leve quando envolve uma perda sanguínea inferior a 50 mililitros.
  3. Sangramento intenso: de 50 a 1.000 mililitros de sangue perdidos, mas sem sinais de choque circulatório.
  4. Perda de sangue maciça: quando a gestante perde mais de 1.000 mililitros de sangue, com ou sem sinais de choque circulatório. Os sintomas típicos de choque circulatório são hipotensão, taquicardia e sinais de má perfusão periférica. Esta é uma emergência médica.

O sangramento de implantação geralmente ocorre na forma de spotting, embora também possa ser um sangramento leve que requer o uso de absorvente. Seja como for, nunca deve se manifestar como sangramento intenso.

Sintomas do sangramento de implantação

Os sintomas mais comuns do sangramento de implantação são episódios leves de spotting. Muitas mulheres dizem que esse sangue é diferente da menstruação normal, porque tem uma coloração mais escura. Além disso, alguns pacientes podem sentir cólicas leves, tontura leve, seios ligeiramente inchados e dor de cabeça.

Por outro lado, também é comum a mulher confundir o sangramento de implantação com o início da menstruação normal, quando ainda não sabe que está grávida. Infelizmente, não há uma forma confiável de diferenciar os dois eventos à primeira vista; assim, a única forma de tirar as dúvidas é fazer um teste de gravidez normal.

A diferença entre um sangramento leve e um intenso

Quando há um sangramento notável além dos 20 dias de gestação, é hora de ficar um pouco mais pessimista. De acordo com o portal MSD Manuals, em quase todos os casos, essa é uma indicação de que vai ocorrer um aborto evitável (ameaça de aborto) ou que, pelo contrário, a morte do feto é absolutamente certa (aborto inevitável).

Considera-se aborto espontâneo quando o feto morre antes da 20ª semana de gravidez. Muitas pessoas sofrem esse tipo de perda porque, sem ir mais longe, de 10 a 20% das gestações terminam dessa forma. É normal ter sentimentos de luto e perda durante esta fase, mas é preciso entender que se trata de algo comum.

Quando o feto tem células com um número anormal de cromossomos, a mãe tem doenças graves (tais como diabetes ou infecções agressivas) ou há anomalias uterinas, o aborto espontâneo é comum. Conforme indicado pela Clínica Las Condes, 70% dos abortos espontâneos têm como causa as alterações genéticas embrionárias.

De qualquer forma, o sangramento de implantação geralmente não dura mais de 48 horas, enquanto a menstruação normal consiste em um intervalo de 3 a 7 dias de duração. Além disso, as cólicas uterinas sempre são  de menor intensidade (ou até mesmo inexistentes).

O sangramento de implantação é de tom acastanhado, o que significa que ele é “antigo”.

Sinais de perigo

No entanto, o aborto espontâneo não deve representar um perigo para a mãe se for tratado corretamente no ambiente médico.

Se você acha que está tendo episódios abundantes de sangramento de implantação, preste atenção aos seguintes sintomas, pois pode se tratar de um aborto espontâneo que requer atenção médica imediata:

  • Desmaios, tonturas e palpitações: estes são indicativos de hipotensão, um dos sinais mais típicos de choque circulatório. Em geral, o desmaio é causado pela pressão arterial muito baixa.
  • Perda de sangue muito elevada ou eliminação de sangue com tecidos e/ou coágulos grandes: estes não são sinais de sangramento de implantação, mas sim de algo pior. Eles podem indicar uma gravidez ectópica, ou seja, uma implantação do feto fora da cavidade principal do útero.
  • Dor abdominal muito intensa, que piora ao mudar de posição ou fazer esforços mínimos.
  • Febre, calafrios e corrimento vaginal contendo sangue misturado com pus: a presença de pus geralmente é uma indicação de infecção bacteriana que, nesse caso, tornou-se grave.

Em todos esses cenários, podemos garantir que a paciente não está diante de um sangramento de implantação normal. O mais provável é que algo tenha dado errado durante a gravidez e, por esse motivo, é fundamental ir rapidamente ao pronto-socorro.

A ameaça da gravidez ectópica

O sangramento de implantação pode estar relacionado a uma gravidez ectópica.
A dor abdominal pode alertar quanto a uma gravidez ectópica.

De acordo com o portal médico Elsevier, de 1 a 2% de todas as gestações são ectópicas, apesar dos números terem se estabilizado nos últimos anos. Conforme a incidência aumenta, também aumenta a mortalidade; porém, esse evento grave continua sendo a causa da morte de 15% das gestantes.

O local de implantação mais comum do feto (98% dos casos) são as trompas de Falópio. Esses são os locais por onde os óvulos se deslocam dos ovários para o útero. Se o óvulo fecundado crescer dentro de um desses tubos, ele pode rompê-lo e causar um sangramento abdominal interno muito abundante na mãe. Se não for tratado, torna-se fatal.

Não queremos assustar ninguém com essas informações: o sangramento de implantação nunca é sintoma de gravidez ectópica, mas, mesmo assim, é necessário diferenciar os estágios mais leves do último evento de um sangramento normal. Diante de qualquer dúvida, é sempre melhor consultar um médico.

Um evento normal

Conforme já dissemos, até 25% das mulheres apresentam o sangramento de implantação durante a primeira semana ou semana e meia após a fecundação do óvulo. Trata-se de algo normal e que não causa nenhum dano à mãe, pois ocorre na forma de um leve gotejamento e não dura mais do que 48 horas. Portanto, não é motivo de preocupação.

Por outro lado, se o sangramento se tornar crônico ou for abundante, é necessário procurar um médico rapidamente, em todos os casos. Seja este um sinal de gravidez ectópica ou de aborto espontâneo, é necessário que isso sempre seja tratado com urgência.



Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.