Os 10 tipos de exames de sangue

O hemograma completo é o tipo mais comum de exame de sangue, mas existem muitos mais. Quer conhecê-los detalhadamente?

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 17 março, 2023

O sangue é um tecido conjuntivo líquido que circula pelos capilares, veias e artérias dos seres vivos. Sua cor vermelha nos vertebrados deve-se à hemoglobina, hemoproteína integrada nas hemácias e responsável pelo transporte do dioxigênio (O2) para os demais tecidos do corpo. Existem vários tipos de exames de sangue que quantificam a eficácia e o estado fisiológico desse fluido.

O exame de sangue é um dos primeiros exames realizados para o caso de alguma suspeita na clínica, pois pode mostrar problemas imunológicos, hepáticos e renais e fornecer informações sobre (quase) qualquer doença. Nas linhas a seguir, mostramos quais tipos de análises existem nessa frente e qual é sua utilidade em nível médico. Continue lendo!

O que são os exames de sangue e para que servem?

O National Cancer Institute (NCI) define o exame de sangue como ‘um tipo de exame realizado em uma amostra de sangue para medir a quantidade de certas substâncias no plasma ou contar diferentes grupos de células’. Às vezes, essa metodologia é usada para detectar sinais de doenças, mas em outros casos faz parte de um procedimento de rotina para verificar o estado de saúde do indivíduo.

De acordo com a Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, estes são alguns dos usos do exame de sangue geral:

• Método de suporte para diagnosticar doenças, infecções e condições específicas. O exame de sangue não serve para dar uma resposta por si só, mas é muito útil em certas frentes.
• Avaliar as condições crônicas que exigem exames de rotina, como diabetes (teor de glicose no sangue) e colesterol alto.
• Verificar se um tratamento está funcionando a curto e longo prazo.
• Avaliar o estado funcional de um ou mais órgãos simultaneamente. Acima de tudo, é dada ênfase especial à função do fígado, rins, coração e glândula tireóide.
• Descobrir se o sistema imunológico está tendo problemas para tratar uma infecção.

Recomenda-se que toda pessoa saudável faça um exame de sangue todos os anos. Geralmente é acompanhado do respectivo exame físico, geralmente indicado pela médico responsável do paciente. Ao contrário do que se acredita em alguns casos, não é preciso estar doente para solicitar uma análise a cada 12 meses.

Como a amostra é obtida?

Antes de explorar os tipos de exames de sangue, estamos interessados em mostrar aproximadamente como a amostra é obtida. O portal Salud Mapfre exemplifica o processo geral na seguinte lista:

1. Se deve ir ao centro de saúde e pedir exame de sangue. Na maioria dos casos, eles marcarão uma consulta no mesmo hospital alguns dias depois.
2. O exame de sangue deve ser realizado após 8 a 12 horas de jejum, para que a amostra seja obtida sempre no início da manhã. Não tome café da manhã.
3. Durante a extração, você deverá permanecer sentado ou deitado (para evitar possíveis hematomas por desmaio).
4. Será enfatizado que você não deve se mover durante a coleta. Antes de iniciar o procedimento, o profissional médico precisará localizar uma veia do braço para a punção (quase sempre aquela localizada na face anterior da articulação do cotovelo).
5. Uma vez escolhido o local da punção, o profissional médico colocará um elástico sobre ela para promover o enchimento da veia.
6. O local da punção é desinfetado com gaze e álcool.
7. O sangue é coletado com uma agulha hipodérmica descartável. Normalmente, 1 centímetro cúbico de sangue é suficiente, embora às vezes seja necessária uma amostra maior.
8. Após a punção, recomenda-se aplicar curativo estéril e leve pressão até o sangramento parar. Isso evita possíveis infecções. Se você se sentir bem, pode ir para casa assim que terminar.

Este procedimento não leva mais de 1 a 2 minutos, mas depois é necessário enviar a amostra a um laboratório. Portanto, os resultados geralmente não estão prontos até 24-48 horas depois. Além disso, é necessário que seu médico os interprete antes de fazer um diagnóstico ou de determinar um quadro geral de saúde.

Quais são os tipos de exames de sangue?

Existem vários tipos de exames de sangue cuja distinção vai além da punção e coleta da amostra. Abaixo mostramos em detalhes quais são os mais importantes.

1. Hemograma completo (CBC)

O hemograma completo ou hematologia completa, é o tipo de exame de sangue mais utilizado. Nele, um conjunto de exames laboratoriais é utilizado para obter informações sobre o número, a composição e a proporção dos diversos elementos celulares do sangue.

Valores

Dentre eles, destacam-se:

• Glóbulos vermelhos: são responsáveis pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos do corpo graças à hemoglobina que contêm. Há um número estimado de 5 milhões de eritrócitos por milímetro cúbico de sangue, 1000 vezes mais do que a proporção de células brancas do sangue na mesma amostra.
• Glóbulos brancos: glóbulos brancos ou leucócitos são as células que mantêm o sistema imunológico à tona. Os neutrófilos representam 62% dos glóbulos brancos adultos, eosinófilos 2,3%, basófilos 0,4%, linfócitos 30% e monócitos 5,3%.
• Plaquetas: uma plaqueta é uma pequena célula sanguínea de vertebrado, sem núcleo, que tem a forma de um disco oval ou redondo e está envolvida na coagulação do sangue. A contagem normal de plaquetas está entre 150.000 e 400.000 unidades por milímetro cúbico de sangue.
• Hemoglobina: além da contagem de glóbulos vermelhos, é interessante descrever a quantidade de hemoglobina que eles possuem. O valor padrão para adultos é entre 11,5-14,5 gramas / decilitro nas mulheres e 13,5-17,0 gramas / decilitro nos homens.
• Hematócrito: representa a relação entre os glóbulos vermelhos e a quantidade de plasma sanguíneo (parte líquida não celular). Nas mulheres, a porcentagem varia de 36-46%, enquanto nos homens é de 41-53%.

Além desses parâmetros gerais, os índices de hemácias também podem ser consultados no CBC. Por exemplo, o volume corpuscular médio (MCV) é obtido dividindo o hematócrito pelo número de glóbulos vermelhos, enquanto a hemoglobina corpuscular média (HCM) é o resultado da divisão do valor da concentração de hemoglobina pelo número de glóbulos vermelhos.

Todos esses parâmetros são mais ou menos detalhados, mas são utilizados com um objetivo específico: controlar o estado geral de saúde do indivíduo. O hemograma completo é muito útil para detectar anemia, doenças autoimunes, distúrbios imunológicos por falta de células e cânceres do sangue, entre muitas outras alterações.

2. Painel metabólico básico (PMB)

Conforme indicado pelo portal médico Rady’s Children, o painel metabólico básico é um dos tipos de exames de sangue usados para detectar os níveis de glicose e cálcio no sangue, monitorar o funcionamento dos rins e avaliar o equilíbrio eletrolítico do corpo.

Valores

Aqui estão os valores normais e a significância para cada frente:

• Glicose: um nível de glicose no sangue abaixo de 140 miligramas / decilitro ou mg/dL (idealmente entre 70 e 100) é considerado normal. Esse açúcar é um dos principais componentes no processo de obtenção de energia dentro da célula, portanto, seu excesso no sangue indica uma falha sistêmica. Quando o parâmetro for igual ou superior a 200 mg/dL e houver outros critérios, pode-se diagnosticar um caso de diabetes.
• Cálcio: o cálcio é o mineral mais abundante em todo o corpo humano. Ajuda na formação e restauração dos ossos, mas também é essencial para a transmissão dos impulsos nervosos e o desempenho do movimento. Os níveis normais de cálcio no sangue variam de 8,5 a 10,2 mg/dL.
• Eletrólitos: sódio, potássio, dióxido de carbono e cloreto são eletrólitos que ajudam a manter o equilíbrio do corpo. Níveis anormais geralmente indicam insuficiência renal, mas também podem ser devido a um problema cardíaco ou desidratação.
• Nitrogênio ureico no sangue (BUN) e creatinina: ambos são produtos residuais que são excretados na urina quando a função renal é adequada. Portanto, esses valores são usados para suspeitar de infecções renais, danos renais crônicos, doença renal policística (PKD) e outras condições que afetam esses órgãos depuradores.

É especialmente importante que o paciente pare de comer (ou beber outras bebidas que não sejam água) 8 a 12 horas antes do exame. Caso contrário, os níveis de glicose e outros nutrientes podem estar mal ajustados à realidade no momento da coleta da amostra.

3. Teste de função hepática

Como o nome indica, esses tipos de exames de sangue são recomendados quando há suspeita de insuficiência ou dano hepático. Seu principal objetivo é detectar infecções (como hepatite), monitorar a progressão de uma doença (como cirrose), determinar se um tratamento é eficaz e quantificar os possíveis efeitos colaterais de tomar medicamentos.

Os resultados anormais dos testes de função hepática nem sempre indicam doença hepática, mas na maioria dos casos são a indicação inicial de que algo está errado com o fígado.

Valores

A Mayo Clinic nos mostra os valores que são quantificados neste tipo de análise:

• Alanina aminotransferase (ALT): esta enzima faz parte das células do fígado, portanto, valores acima de sua concentração normal podem indicar lesão hepática devido à destruição dos hepatócitos (citólise). A faixa normal é de 4 a 36 U/L (unidades internacionais por litro).
• Fosfatase alcalina (ALP ou FA): a fosfatase alcalina é uma enzima hidrolase responsável pela remoção de grupos fosfato de vários tipos de moléculas que também estão presentes no tecido hepático. A faixa normal é de 44 a 147 U/L.
• Albumina: é um dos compostos encontrados em grande proporção nos linfócitos, sendo a principal proteína do sangue. Níveis de albumina abaixo do normal (abaixo de 3,4 g/dL) geralmente indicam doença hepática.

Existem outros compostos que também são capazes de indicar o estado geral de saúde do fígado, como bilirrubina, gama-glutamil-transferase (GGT), lactato desidrogenase (LD) e protrombina. Em qualquer caso, todos os valores são obtidos de forma a quantificar a funcionalidade ou danos no meio hepático.

4. Painel metabólico completo (PMC)

O painel metabólico completo é muito semelhante ao PMB, mas há muitos outros parâmetros incluídos na criação do perfil do paciente. Também compartilha vários valores com a análise da função hepática, pois no PMC encontramos alguns dos compostos já nomeados: albumina, ALP e ALT, entre outros.

No entanto, um novo parâmetro é incluído no painel metabólico completo: proteína total. O valor médio fica entre 6 e 8,3 gramas por decilitro de sangue (g/dL), embora os resultados possam variar muito dependendo do sexo, idade, população e tipo de teste utilizado. Níveis abaixo do normal são especialmente reveladores e indicam desnutrição, má absorção e condições inflamatórias.

5. Perfil tireoidiano

A tireoide é um tecido glandular em forma de borboleta localizado no pescoço, na frente de uma das cartilagens da laringe. Produz hormônios essenciais para o funcionamento do corpo humano e regula processos como a taxa de queima calórica, a taxa de batimentos cardíacos, a temperatura corporal, o apetite, o sono e o caráter.

O perfil tireoidiano busca quantificar a concentração de hormônios produzidos na tireóide no sangue. Os principais valores são os seguintes:

• Tri-iodotironina (T3): Os valores normais para esse hormônio variam de 60 a 180 nanogramas por decilitro (ng / dL) ou 0,9 a 2,8 nanomoles por litro (nmol / L). Valores acima ou abaixo desse intervalo são indicativos de hiper e hipotireoidismo, respectivamente.
• Tiroxina (T4): A tiroxina é um hormônio que aumenta a taxa de reações químicas nas células e ajuda a controlar o crescimento e o desenvolvimento. Um intervalo normal é de 0,9 a 2,3 nanogramas por decilitro de sangue (ng/dL).
• Hormônio Estimulante da Tireóide (TSH): Esse hormônio é produzido na glândula pituitária e, como o próprio nome sugere, estimula a ação da tireóide. Os valores normais podem variar de 0,5 a 5 microunidades por mililitro de sangue (µU / mL).

Como você pode imaginar, esses tipos de exames de sangue são usados principalmente para detectar hiper e hipotireoidismo.

6. Outros tipos de exames de sangue

Mostramos 5 tipos de exames de sangue em detalhes, mas queremos enfatizar, como última observação, que existem muitos mais. Na lista a seguir, mostramos 5 variedades que são muito úteis no que diz respeito a esta metodologia:

1. Marcadores enzimáticos: as enzimas são proteínas específicas que desempenham papéis diferentes no corpo. O excesso ou deficiência de certos complexos enzimáticos no sangue pode ser um sinal de doença. Os níveis de creatinina fosfoquinase (CPK-1) são os principais representantes nessa frente.
2. Exame para doenças sexualmente transmissíveis (DSTs): Alguns patógenos sexualmente transmissíveis chegam à corrente sanguínea, como o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Os níveis de certos antígenos e anticorpos indicam infecção no paciente.
3. Testes de coagulação: uma contagem baixa de plaquetas no CSC pode indicar um distúrbio hemorrágico, mas existem testes acessórios que refinam ainda mais esse perfil. O teste de atividade do fibrinogênio e o tempo de protrombina são muito úteis na detecção desses tipos de condições.
4. Teste de sulfato de DHEA: como o nome sugere, esse teste mede os níveis de sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA) no sangue. Principalmente, é usado para verificar se as glândulas supra-renais estão funcionando bem.
5. Análise da proteína C reativa: o nível dessa proteína aumenta no sangue quando há um processo inflamatório ativo. Os resultados normais são inferiores a 10 mg/L.

Os tipos de exames de sangue e suas peculiaridades

Aqui, mostramos 5 tipos de exames de sangue em detalhes e outros 5 em geral. Embora o hemograma completo e o painel metabólico básico sejam os mais praticados, deve-se ter em mente que todas as metodologias acima mencionadas são úteis no campo em que são aplicadas.

Um resultado de examede sangue atípico (exceto, talvez, para detecção de anticorpos e antígenos) nem sempre é um motivo de alarme. Na interpretação dos resultados desses exames, é necessário o auxílio de um profissional médico, já que o autodiagnóstico nunca é uma opção.