Mastite: sintomas, causas e tratamentos
O aleitamento materno exclusivo é uma das melhores práticas que as mães podem realizar, gera vínculo mãe-filho e também traz benefícios nutricionais. No entanto, esta atividade pode fazer com que as mães sofram de uma condição chamada mastite. Quer saber quais são os seus sintomas, causas e tratamentos? Continue lendo!
É importante observar que a glândula mamária possui múltiplos lóbulos e ductos para a produção e expulsão do leite materno. A mastite nada mais é do que a inflamação de um ou mais desses lóbulos, que pode ou não ser acompanhada por uma infecção.
Esta é uma patologia muito comum, principalmente nos primeiros meses após o parto. Múltiplos estudos afirmam que 10% de todas as lactantes a sofrem, além disso, a probabilidade de sofrer é maior entre a 2ª e 3ª semana do puerpério. Portanto, é importante saber reconhecê-la para iniciar o tratamento apropriado.
Quais são as causas?
As principais causas da mastite estão associadas à técnica inadequada de amamentação e ao esvaziamento incompleto das mamas. Nesse sentido, é possível estabelecer 2 causas principais, que são as seguintes:
- Canal da mama bloqueado: quando as mamas não são completamente esvaziadas durante a amamentação, o leite materno pode aumentar sua densidade. Esse aumento de densidade gera pequenos nódulos que acabam obstruindo o ducto, tal obstrução faz com que o leite retorne, gerando a infecção.
- Entrada de bactérias na mama: a sucção do leite pelo bebê pode gerar pequenas rachaduras ou fissuras no mamilo. Essas lesões podem servir como uma porta de entrada para várias bactérias que se encontram na pele para entrar na glândula e causar infecção.
- Proliferação de bactérias no leite: o leite materno possui uma série de microrganismos que auxiliam no desenvolvimento da microbiota do recém-nascido. No entanto, quando o ducto do leite é bloqueado, essas bactérias tendem a proliferar e causar mastite.
Fatores de risco
Esta condição das glândulas mamárias pode surgir em mulheres de todas as idades, independentemente de estarem amamentando ou não. No entanto, existem vários fatores predisponentes que aumentam a probabilidade de sofrer dela. Dentre os principais fatores de risco associados à mastite, destacam-se:
- Fraqueza do sistema imunológico.
- Desnutrição.
- Mastite prévia.
- Anormalidades anatômicas na mama ou mamilo.
- Aplicação de pressão nos seios.
- Presença de uma bactéria chamada Staphylococcus aureus na pele.
Sintomas da mastite
Os sintomas que as mulheres com mastite apresentam são muito característicos e aparecem em pouco tempo. O principal sintoma dessa doença é a dor mamária, que é contínua ou que pode estar associada à amamentação.
Geralmente é unilateral, no entanto, pode se tornar bilateral em até 13% dos casos, de acordo com a Associação Espanhola de Pediatria.
Por outro lado, as mamas das mulheres afetadas apresentarão sinais de inflamação, ou seja, ficarão vermelhas, quentes ao toque e será apreciado um certo grau de inchaço.
Os demais sintomas apresentados são muito gerais e podem ser confundidos com outras patologias. Nesse sentido, as mulheres também podem apresentar um quadro com os seguintes sintomas:
- Espessamento da pele ou nódulo palpável na mama.
- Lesões dolorosas no mamilo.
- Febre superior a 38,5 graus Celsius.
- Dores musculares.
- Calafrios.
- Mal-estar geral.
- Náusea e vômito.
Diagnóstico
O diagnóstico de mastite é baseado na sintomatologia apresentada pela paciente, por isso geralmente não é necessário a realização de exames médicos complementares. Nesse sentido, o médico irá indagar sobre os sintomas apresentados e sua evolução.
As perguntas mais frequentes estão relacionadas ao aparecimento da dor e se está associada ou não à amamentação.
O especialista deve explorar ambas as mamas, com ênfase especial na que está afetada. O médico irá procurar feridas no complexo aréolo-mamilar por meio de inspeção.
Ele também precisará tocar ambos os seios em busca de tumores anormais e poderia ter que aplicar pressão no mamilo para verificar se há secreções.
A contagem de leucócitos pode ser útil na diferenciação entre estase de leite e mastite infecciosa ou não infecciosa. Algumas pesquisas apoiadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelecem que a cultura do leite só deve ser realizada após 2 dias de má evolução após o início da antibioticoterapia adequada.
Tratamento de mastite
O tratamento da mastite se concentrará na redução da inflamação na área e na eliminação de todas as bactérias presentes. Nesse sentido, é importante tomar antibióticos de amplo espectro por aproximadamente 10 dias. O consumo desses medicamentos deve ser integralmente cumprido para reduzir a probabilidade de recorrências.
Por sua vez, o médico pode prescrever alguns analgésicos ou anti-inflamatórios para reduzir a dor e a inflamação.
Porém, é necessário que todos os medicamentos sejam tomados sob estrita supervisão médica, pois alguns têm a capacidade de ser excretados pelo leite materno e afetam o bebê.
A maioria dos especialistas recomenda não interromper a amamentação durante o tratamento, de fato, a amamentação pode contribuir para a melhora dos sintomas. As mães podem buscar ajuda profissional para conseguir uma boa técnica de amamentação, dessa forma as mamas serão esvaziadas a cada mamada e evita-se o aparecimento de recidivas.
Uma condição desconfortável com poucas complicações
A mastite é uma condição mamária que pode causar grande desconforto na paciente devido à dor e inflamação. Felizmente, seu tratamento é eficaz e os sintomas apresentados desaparecem após alguns dias.
O diagnóstico oportuno é muito importante, pois existe a possibilidade de a mastite se complicar e gerar o aparecimento de um abscesso mamário.
Nesse sentido, é de vital importância ir ao médico em caso de suspeita da presença de uma infecção, só ele poderá dar um diagnóstico preciso e iniciar a terapia adequada.
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