Doença celíaca em idosos: o que você deve saber
Até o final do século 20, a doença celíaca era considerada um distúrbio típico da infância. Nossa compreensão da doença mudou desde então, pois agora sabemos que a doença celíaca em idosos é mais comum do que se imaginava.
Algumas pesquisas estipulam que 34% dos celíacos atualmente diagnosticados têm mais de 60 anos. Por ter sintomas muito diferentes e persistência irregular, essa é uma condição subdiagnosticada na terceira idade. A seguir descobriremos as manifestações clínicas que ela apresenta e o que se sabe sobre suas possíveis complicações.
A doença celíaca pode ser diagnosticada em idosos?
A doença celíaca é um distúrbio que se manifesta, pelo menos em um quadro típico, através de problemas gastrointestinais durante os primeiros meses ou anos de vida. Eles são desencadeados após a ingestão de glúten e desaparecem assim que essa proteína é eliminada da dieta.
Por isso, boa parte dos celíacos chega à meia-idade com o transtorno controlado por um especialista, pelo menos em países com acesso adequado a esse tipo de serviço de saúde.
Diante disso: como é possível que a doença celíaca seja diagnosticada em idosos tão tardiamente? Isso pode ter várias explicações. Especificamente, escolhemos as seguintes como mais aceitas:
- Os sintomas da doença nem sempre se desenvolvem na região gastrointestinal, o que pode dificultar o diagnóstico na infância.
- Existem muitas variantes sem sintomas. Por exemplo, encontramos a doença celíaca silenciosa e a doença celíaca latente, duas manifestações que não dão sinais de alerta.
- Apesar dos avanços na sua compreensão, muitos médicos não estão cientes das condições relacionadas. Anemia, diabetes, psoríase e artrite reumatóide frequentemente denotam a sua presença.
- Os pacientes, especialmente homens, raramente procuram um especialista quando os sintomas são leves ou intermitentes.
A soma de todos os itens acima pode atrasar o diagnóstico da doença celíaca em idosos, mesmo quando ela foi desenvolvida na infância. A Canadian Society of Intestinal Research também nos alerta sobre o início da doença celíaca na velhice. Especificamente, é uma doença celíaca latente que não aparece antes dos 60 anos.
Em suma, o distúrbio pode ocorrer em idosos. Como nessa fase o desenvolvimento de complicações de saúde é mais frequente, geralmente ele é acompanhado por outras condições. Falaremos mais sobre isso a seguir.
Sintomas da doença celíaca em idosos
Com base nas evidências disponíveis, sintomas inespecíficos são particularmente comuns em idosos. Isso pode dificultar a detecção da doença, especialmente quando esses sintomas não se desenvolvem no trato gastrointestinal.
O principal sintoma da doença nos idosos é a anemia. Na verdade, alguns estudos sugerem que sua prevalência pode ser de 60-80%.
A anemia é causada por deficiência de ferro. Nesse caso, o processo é desencadeado porque as vilosidades do intestino estão atrofiadas e não conseguem assimilar bem os nutrientes dos alimentos. Este sinal pode vir acompanhado dos seguintes sintomas, conforme confirmado pelas pesquisas:
- Tontura.
- Prisão de ventre.
- Aumento de peso.
- Deficiência de ácido fólico e vitamina B12.
- Diminuição da massa óssea.
Como você pode perceber, esses são sinais que se manifestam em boa parte da população idosa. Embora não sejam sintomas especiais, sua persistência ou conexão com outras condições pode apontar o caminho para a doença celíaca. Com menos frequência, episódios de hepatite celíaca e dermatite herpetiforme também podem se desenvolver.
Entre as condições que costumam acompanhar esse distúrbio, destacamos a osteopenia, distúrbios neurológicos e doenças cardiovasculares. A incidência desses sintomas geralmente não é crônica e seu progresso é bastante lento.
Embora hajam evidências de que os linfomas sejam mais comuns nesse grupo de pacientes, o percentual não é alto o suficente para prognósticos alarmistas.
Apesar disso, a Celiac Disease Foundation enfatiza a importância de detectar a doença nos estágios finais. Dessa forma, mecanismos para tratá-la podem ser implantados e, assim, melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Como a doença é tratada?
Tal como acontece com outras faixas etárias, o tratamento da doença celíaca em pessoas idosas consiste em evitar o glúten permanentemente. Embora esta seja a recomendação do protocolo, na prática várias concessões podem ser feitas dependendo do contexto.
Isso porque muitos pacientes terão dificuldade em iniciar uma dieta sem glúten, principalmente se essa proteína fizer parte de seus hábitos de consumo diário. Também deve ser considerado que se houver atrofia nas vilosidades, estas podem levar vários anos para cicatrizar após a eliminação dos produtos com glúten.
Por fim, boa parte dos idosos celíacos não desenvolve sintomas que representem um retrocesso negativo em sua vida. Isso considerando que alguns desses sintomas, como a tontura ou a constipação, têm uma prevalência significativa em populações saudáveis de sua idade.
Em suma, e apesar de a eliminação do glúten ser sempre bem-vinda, é possível que o especialista recomende apenas limitar a sua ingestão. Os contras de descartar completamente o glúten na dieta podem superar as vantagens. Não seria incomum que sintomas de descompensação se desenvolvam por não incluir uma ingestão totalmente balanceada.
Concluímos sugerindo a procura de assistência médica quando houver suspeita da doença. A doença celíaca não é o único distúrbio gastrointestinal que pode afetar pessoas idosas. Outras condições precisam ser excluídas para se chegar a um diagnóstico objetivo.
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