Como a fibromialgia é diagnosticada?
Como em muitas outras doenças, uma entrevista com o paciente e um exame físico são essenciais para diagnosticar a fibromialgia. Na entrevista, o médico deve levar em consideração os sintomas informados pelo paciente.
Em geral, os sintomas são uma combinação de dor generalizada e fadiga com sintomas somáticos e cognitivos. Essa combinação é o que constitui os critérios clínicos do American College of Rheumatology. Antes de comentá-los, devemos primeiro considerar parte da história desses critérios.
Critérios de diagnóstico para fibromialgia
Os critérios diagnósticos aprovados em 1990 foram baseados principalmente na presença de dor generalizada (por mais de 3 meses) e sensibilidade ao toque em qualquer um dos 18 pontos sensíveis localizados no corpo.
No entanto, ao longo do tempo foi necessário atualizar os critérios, dadas as dificuldades que eles representavam para o médico na hora de fazer a avaliação, conforme consta no Manual MSD.
Em 2011, esses novos critérios de diagnóstico foram aprovados e, de acordo com a Madrid Fibromyalgia Association (AFIBROM), agora incluem:
- Dor nas últimas 2 semanas.
- Gravidade dos sintomas (cansaço, sono não reparador, sintomas cognitivos e outros) por pelo menos 3 meses.
- Não há uma causa subjacente (outra doença) que explique a dor e o restante dos sintomas acima.
No entanto, a mudança de critérios não significa que os pontos sensíveis não sejam mais levados em consideração. Ao contrário, foi feita uma atualização do mapa corporal das áreas doloridas para continuar levando em consideração a hipersensibilidade, que também é bastante comum nos pacientes.
A hipersensibilidade ao toque ainda está sendo avaliada sistematicamente.
Diagnóstico diferencial
Existe suspeita de fibromialgia quando o paciente relata astenia como sintoma predominante (fadiga que não é aliviada com repouso) e dor generalizada (que é desproporcional aos estímulos e condição física), em contraste com exames laboratoriais com resultados normais, apesar da predominância dos sintomas acima.
Porém, para evitar conclusões precipitadas, o médico deve primeiro descartar outras doenças que podem apresentar sintomas semelhantes. As mais comuns são as seguintes:
- Miosite.
- Osteoartrite.
- Polimialgia.
- Apneia do sono.
- Artrite reumatóide.
- Doença de Lyme.
- Doença de Addison.
- Síndrome da fadiga crônica.
- Lúpus eritematoso sistêmico.
- Síndrome de Guillain-Barré.
- Transtorno de estresse pós-traumático.
Para poder descartar outras doenças o médico terá que pedir vários exames ao paciente. De acordo com o Manual MSD, além de hemogramas completos também também são solicitados os seguintes exames:
- Taxa de hemossedimentação (ERS) ou proteína C reativa.
- Creatina quinase (CK).
- Estudos para hipotireoidismo e hepatite C (que pode causar astenia e mialgias generalizadas).
- Exames sorológicos para doenças reumáticas.
A ressonância magnética funcional do cérebro não é um exame diagnóstico para fibromialgia, mas em alguns casos raros pode ser solicitada para confirmar ou descartar suspeitas.
Não existe um exame único que possa diagnosticar a fibromialgia. No entanto, estão sendo feitas pesquisas a esse respeito.
Índice de dor generalizada
O Índice de dor generalizada (Widespread Pain Index [WPI] ) é baseado em um mapa corporal que inclui 19 pontos nos quais o paciente sente dor por pelo menos uma semana antes da consulta:
- Para cada área identificada como dolorosa, 1 ponto é contado.
- O número total de áreas pode variar de 0 a 19.
Escala de gravidade dos sintomas
A escala de gravidade dos sintomas (Symptom Severity Score [SS-Score]) permite que o grau de gravidade dos sintomas seja medido de 0-3. Eles se enquadram em 3 categorias: fadiga, sintomas cognitivos e sono não restaurador.
Além dos resultados do índice e da escala, outros sintomas somáticos são levados em consideração, além do fato de não haver uma causa subjacente para explicá-los e da persistência de todas as queixas por pelo menos 3 meses.
Confirmando o diagnóstico
A fibromialgia é uma doença que continua a ser um desafio para a comunidade médica devido à sua origem incerta, dificuldade de diagnóstico (principalmente devido à grande heterogeneidade do quadro clínico) e outros aspectos.
Existem várias posturas a respeito da fibromialgia. Portanto, nem todos os especialistas a abordam da mesma forma, ou nem todos atribuem o mesmo valor a determinados parâmetros. Por esse motivo, os critérios diagnósticos aprovados costumam ser um quadro de referência. Além disso eles não são imóveis, pois estão sujeitos a atualizações regulares.
Embora essa doença não seja uma forma de artrite (porque não causa inflamação ou lesão nas articulações), devido à dor e outros sintomas, uma consulta com um reumatologista é valiosa. Por essa razão este é um dos especialistas a quem os médicos mais encaminham os pacientes.
Se você visitou um médico e ele te encaminhou para outro especialista (como um reumatologista ou neurologista) para avaliar melhor a situação, não se esqueça de ir à consulta. Isso ajudará a determinar o que está acontecendo e qual a melhor forma de agir, além de garantir que você receba a ajuda adequada.
Para finalizar, lembramos que você deve ter em mente que não é incomum que as pessoas busquem uma segunda opinião quando suspeitam estar sofrendo de fibromialgia.
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