Como a artrite é diagnosticada

A artrite é uma doença cuja detecção pode demorar, devido às dezenas de variações que possui. Conheça o protocolo utilizado para o diagnóstico.
Como a artrite é diagnosticada

Última atualização: 18 agosto, 2021

O diagnóstico da artrite é mais complexo do que a maioria das pessoas pensa. Em primeiro lugar, a artrite não é uma doença propriamente dita, pois compreende uma variedade de manifestações com sintomas muito semelhantes entre si. Detectar a condição nos estágios iniciais é muito importante para melhorar o prognóstico no futuro.

De forma geral, os especialistas costumam dividir as doenças em quatro tipos: degenerativas (as mais comuns), inflamatórias, metabólicas e infecciosas. Com essa categorização, eles podem orientar o processo diagnóstico, para posteriormente identificar com mais precisão qual variante o paciente desenvolveu. Vamos ver como a artrite pode ser detectada, e algumas possíveis explicações diferenciais para os sintomas.

Como a artrite é diagnosticada?

O primeiro passo do processo de diagnóstico da artrite começa com o paciente. Ele começa a sentir dor nas articulações, acompanhada por leves episódios de inflamação. Embora inicialmente ambos sintomas sejam muito sutis, com o tempo eles se tornam mais persistentes e intensos. Te convidamos a conhecer os sintomas da artrite, para entender melhor o assunto.

Se esses sinais aparecerem, você não deve adiar por muito tempo a visita a um especialista. Tente associar explicações possíveis, como traumatismos ou exercícios em excesso.

Na primeira consulta o médico fará uma revisão geral, na qual será considerada a sua idade, hábitos, doenças subjecentes e seu histórico médico e familiar, além de examinar cuidadosamente suas articulações, como nos lembra a Arthritis Foundation.

Para confirmar as suspeitas, o médico solicitará a realização de exames laboratoriais e de imagem para o diagnóstico da artrite. Somente com base nisso ele poderá detectar a possível variante da doença e descartar outras explicações.

Diagnóstico da artrite por exames laboratoriais

O diagnóstico da artrite inclui exames laboratoriais.
Os exames de sangue permitem uma melhor compreensão da origem da artrite, e estabelecem vários diagnósticos diferenciais com base nos sintomas.

Existem muitos exames laboratoriais para detectar artrite nos pacientes. A Johns Hopkins Medicine lista os seguintes como mais comuns:

Anticorpos antinucleares

Também conhecido como Fator Antinúcleo (FAN), este é um teste desenvolvido para medir os níveis de anticorpos antinucleares no seu organismo. Esse tipo específico de proteína está associada a doenças autoimunes, pois costuma atacar os próprios tecidos sem motivo aparente. Esse teste é muito útil no diagnóstico da artrite reumatoide, esclerodermia e lúpus.

Artrocentese

A artrocentese também é chamada de aspiração articular, e envolve a remoção de uma amostra do líquido sinovial. A análise desse líquido permite detectar patógenos e processos inflamatórios, entre outras coisas. A extração é feita através de uma agulha, embora esse seja um exame minimamente invasivo. Os pesquisadores apoiam seu uso para diagnosticar doenças articulares.

Frequentemente, o especialista fará um ultrassom prévio para orientar a punção com a maior precisão possível. A recuperação é imediata, embora a área possa ficar um pouco inchada durante as 48 horas seguintes. De qualquer forma, podem ser usadas bolsas de gelo para diminuir esse inchaço.

Hemograma completo

É capaz de detectar os níveis exatos de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas no sangue. Uma contagem baixa destes componentes sanguíneos está associada a alguns tipos de artrite, por isso esse é um exame essencial no diagnóstico da doença. Os resultados devem ser interpretados de acordo com o contexto, pois algumas condições e medicamentos anteriores podem afetá-los.

Proteína C-reativa

A proteína C-reativa é um tipo de proteína secretada pelo fígado no caso de algum processo inflamatório. Ela está relacionada, entre muitas doenças, a alguns tipos de artrite. Uma contagem alta desta proteína é um indicador de que existe um processo de inflamação no organismo.

Velocidade de sedimentação das hemácias

A velocidade de hemossedimentação é usada para avaliar a rapidez com que os glóbulos vermelhos caem para o fundo de um tubo de ensaio. Este é um exame inespecífico, mas que possibilita determinar se existe um processo inflamatório subjacente. Apesar disso, ele não permite saber onde está essa inflamação ou a causa.

Outros exames laboratoriais complementares são: fator reumatoide, ácido úrico, creatinina, hematócrito, tipagem de tecido HLA e exame de urina. A interpretação dos resultados em conjunto dará pistas para descartar ou confirmar a doença.

Diagnóstico da artrite por exames de imagem

Para obter um diagnóstico mais preciso da artrite, o especialista pedirá exames de imagem. Eles permitem a visualização de anomalias nas articulações ou ossos. Dentre os mais utilizados destacamos as seguintes:

Radiografia

Apesar das limitações que apresenta, a radiografia ainda é um ótimo método para o diagnóstico da artrite. Ela permite distinguir alterações nas articulações e danos ósseos. Em geral, ela é mais útil em estágios avançados da doença. É possível que o paciente apresente sintomas agudos que não correspondem às imagens dos raios-X.

Ultrassom

O ultrassom é usado para avaliar a condição dos tendões, ligamentos, tecido sinovial e osso. Geralmente esse é um exame complementar à radiografia, sendo às vezes usado para descartar outras explicações para os sintomas.

Ressonância magnética

A ressonância magnética permite a obtenção de imagens mais completas do que as radiografias, com detalhes precisos da condição dos ligamentos, músculos, articulações e cartilagem. Ela não faz parte do diagnóstico padrão, embora seja um exame muito importante para detectar alguns tipos de artrite.

Artroscopia

A artroscopia é um procedimento reservado para variações degenerativas, especialmente para possíveis condições articulares graves (como tumores). Ela consiste na inserção de um artroscópio através de uma incisão na articulação, para observar mais de perto a área afetada.

Diagnóstico diferencial da artrite

O diagnóstico da artrite é complexo.
Apesar de que muitas vezes as manifestações clínicas coincidam com um quadro de artrite, nem sempre é esse o caso.

A artrite não é a única doença que produz os sintomas que levantaram as suas suspeitas. Em teoria, existem dezenas de condições que podem gerar esses sinais característicos. Os pesquisadores apontam os seguintes dentre os principais:

  • Sobrecarga de ferro (hemocromatose).
  • Sobrecarga de cálcio (hipercalcemia).
  • Distensão muscular.
  • Tendinite.
  • Doença de Lyme.
  • Sarcoidose.
  • Síndrome de Söjgren.
  • Bursite.
  • Entesite.
  • Sinovite transitória.

A Sociedad Española de Reumatología Pediátrica nos lembra que a artrite pode ser provocada como consequência de uma doença subjacente. Por exemplo, a doença inflamatória intestinal (DII), que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa, pode produzir essa manifestação. Um pequeno trauma também pode ser a explicação.

Em qualquer caso, cada uma dessas condições será descartada durante o processo diagnóstico. Se for detectada alguma variação da artrite, o especialista iniciará o tratamento que melhor se adequar ao contexto. Embora não haja cura, a artrite pode ser tratada para prevenir a deterioração do paciente.



  • Loza, S. M., Rosa, M., & Gascón, C. U. Artritis. Diagnóstico diferencial. 2020.
  • Punzi, L., & Oliviero, F. (2009). Arthrocentesis and synovial fluid analysis in clinical practice: value of sonography in difficult cases. Annals of the New York Academy of Sciences. 2009; 1154(1): 152-158.
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