Campylobacter: em que consiste esta infecção de origem alimentar?

As infecções alimentares causadas por bactérias ainda são bastante freqüentes, apesar dos processos higiênicos atuais.

Escrito e verificado por el nutricionista Saúl Sánchez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A infecção por Campylobacter pode ser contraída a partir do consumo de alimentos contaminados, sendo a carne de frango a mais propensa a conter esse tipo de microrganismo.

É uma patologia que desenvolve sintomas do tipo digestivo e que também pode apresentar febre. No entanto, algumas pessoas podem superá-la sem nenhum sintoma. Seja como for, é necessário implementar uma série de mecanismos de higiene alimentar para evitar correr riscos.

As patologias infecciosas causadas pelo consumo de alimentos em mau estado ou mal manuseados são especialmente perigosas no caso de grupos de risco. Pessoas idosas ou mulheres grávidas podem ter várias complicações. Também aqueles que são imunossuprimidos por diferentes razões. Nestes casos é conveniente implementar bons métodos de prevenção.

Quais são os sintomas da infecção por Campylobacter?

Normalmente, os sintomas típicos da infecção por Campylobacter, de acordo com um estudo publicado na revista Clinics in Laboratory Medicine, são os seguintes:

• Diarréia, às vezes com sangue.
• Cólicas.
• Dor abdominal.
• Febre.
• Fadiga.
• Náusea e vomito.

Se essas alterações se desenvolverem, é aconselhável consultar um médico para obter um diagnóstico preciso e implementar uma série de estratégias que acelerem a cicatrização. Às vezes, o uso de drogas será necessário.

Outras vezes será necessário ajustar o padrão alimentar para evitar problemas de desidratação e desnutrição. Nos casos mais graves, pode-se até administrar antibióticos para acabar com a infecção.

Deve-se levar em consideração que, nos casos mais graves de infecção por Campylobacter, pode ocorrer artrite reativa. Isso é evidenciado por uma pesquisa publicada na revista Infectious Diasease Clinics of North America.

Nesses casos, seria absolutamente necessário ir ao pronto-socorro para resolver o problema prontamente. Caso contrário, os sintomas podem ir além, gerando incapacidade funcional.

Por que a infecção por Campylobacter se desenvolve?

Bactérias do gênero Campylobacter são normalmente encontradas no trato digestivo de muitos animais de fazenda. Sua presença é comum, principalmente em aves e nas fezes de animais. Elas também podem entrar na água, contaminando-a.

O leite não pasteurizado também pode conter esses microrganismos. Para evitar esse tipo de problema, é necessário cozinhar os alimentos antes do consumo, pois estamos falando de micro-organismos que não resistem bem a altas temperaturas.

No entanto, muitos aspectos são desconhecidos em relação à motilidade, sobrevivência e virulência desse tipo de patologia. Isso é confirmado por uma pesquisa publicada na revista Food Microbiology.

O número de bactérias ingeridas pode ser um fator determinante para avaliar a gravidade da doença e a intensidade dos sintomas, mas talvez a composição da microbiota do hospedeiro também tenha um papel importante.

Estamos falando de um patógeno que pode se espalhar com certa facilidade. Além de contaminar os líquidos, pode ser transmitido de uma pessoa para outra através do contato. Por esta razão o contágio é relativamente frequente. Para evitar este tipo de situações devem ser tomadas precauções ao nível da higiene, entre as quais se destacam a lavagem das mãos e a limpeza de superfícies.

Embora seja verdade que os animais são geralmente o reservatório, também é possível encontrar plantas que foram contaminadas com o micro-organismo. Isto não é o mais comum, mas pode acontecer.

Acima de tudo, este risco existe se o alimento tiver entrado em contato com a água contaminada ou com a massa fecal de um animal portador. Para evitar isso, produtos químicos são frequentemente usados em lavouras em nível industrial.

Como Campylobacter é diagnosticado?

Realmente existem muitas doenças infecciosas que apresentam sintomas semelhantes. É importante identificar o agente causal para propor uma solução efetiva para o problema. Uma cultura de fezes geralmente é necessária para diagnosticar a infecção por Campylobacter. Uma amostra de sangue pode até ser necessária para confirmação.

A partir daqui, as opções de tratamento podem ser avaliadas. A verdade é que não existe um  tratamento específico para esse tipo de bactéria em questão. A azitromicina é geralmente prescrita nos casos mais complicados.

Mesmo assim, desde que a administração desse tipo de medicamento possa ser evitada, é melhor optar por outras alternativas. O uso contínuo deles pode levar à resistência bacteriana, um problema que tem se mostrado cada vez mais comum em todo o mundo.

Além disso, o fato de propor uma boa estratégia de hidratação para compensar a perda de líquidos pela diarreia será decisivo. Se a água mineral natural não for tolerada, a infusão intravenosa deve ser usada. O objetivo é manter o equilíbrio hidroeletrolítico para evitar cãibras e alterações nos processos fisiológicos mais básicos e vitais.

Uma das piores complicações tem a ver com a passagem de bactérias para a corrente sanguínea. Neste caso, um tratamento mais agressivo com antibióticos como imipenem ou gentamicina deve ser iniciado por 2 ou 4 semanas. Caso contrário, a vida do paciente pode ser colocada em risco, a partir do processo conhecido como sepse. Isto é indicado por um estudo publicado no Jornal Romeno de Medicina Interna.

Estratégias de prevenção

Para prevenir a infecção por Campylobacter, é necessário implementar uma série de hábitos relacionados à higiene alimentar. Em primeiro lugar, será necessário garantir o cozimento adequado dos alimentos de origem animal.

A carne de frango crua não deve ser consumida, pois o risco de contaminação é alto. Será necessário garantir que pelo menos 65 graus Celsius sejam atingidos no interior do produto para destruir as bactérias.

Os ovos também podem ser um vetor para a transmissão da bactéria, já que podem estar em contato com a massa fecal das aves. Por esse motivo, deve-se ter muito cuidado com seu consumo cru. Ao quebrá-los, pode ser gerada contaminação a partir dos micro-organismos presentes na casca.

Além disso, se forem mantidos à temperatura ambiente uma vez abertos, o risco de reprodução bacteriana aumenta.

Da mesma forma, uma boa higiene das mãos será decisiva antes e depois da manipulação de alimentos crus. Água e sabão serão suficientes. Isso também evita a contaminação cruzada que pode levar a infecções de outros alimentos. O fato de garantir um bom cozimento posterior também limitará a incidência desse tipo de problema, conforme comentamos.

Por outro lado, medidas de precaução devem ser tomadas no caso de uma pessoa que foi diagnosticada com infecção por Campylobacter morar na casa. As bactérias são transmitidas principalmente por meio de matéria fecal, mas as mãos também podem ser contaminadas.

Também não devemos esquecer a necessidade de verificar a potabilidade dos líquidos consumidos. Isso geralmente não é um problema no caso de água mineral engarrafada. No entanto, quando a água é obtida de uma fonte natural, é essencial que ela passe periodicamente por certos controles de qualidade para evitar infecções.

Complicações da infecção por Campylobacter

A infecção por Campylobacter apresenta sintomas digestivos mais ou menos intensos, como descrevemos. No entanto, pode-se complicar em algumas situações. Isso costuma ocorrer principalmente em grupos de risco e em pessoas imunossuprimidas.

À medida que o processo piora, pode ser gerada artrite, embora este não seja o pior dos males. A sepse é realmente preocupante e existem outras síndromes associadas.

Uma delas é o distúrbio neurológico conhecido como Guillain-Barré, conforme confirmado por pesquisa publicada na Expert Review of Clinical Immunology. Isso causaria uma paralisia semelhante à poliomielite que pode levar a graves disfunções respiratórias e neurológicas. Nos casos mais extremos, pode terminar em morte.

Esses tipos de infecções bacterianas são especialmente perigosos no caso de idosos e mulheres grávidas.

Os primeiros têm maior risco de desidratação causada por vômitos e diarreia. No segundo caso, os micro-organismos poderiam atingir o feto através da placenta, causando sérios danos ao desenvolvimento. Por isso, recomenda-se tomar medidas extremas de precaução durante este período, evitando consumir qualquer tipo de alimento cru.

As pessoas que estão sob tratamento com agentes imunomoduladores também são uma população de risco. Nesse caso, os mecanismos de defesa do organismo humano poderiam estar alterados, não sendo capaz de responder adequadamente a esse tipo de infecção. Normalmente é necessário tomar medidas de higiene extremas se esta classe de drogas for consumida, a fim de evitar complicações.

Infecção por Campylobacter, um grave problema de segurança alimentar

A infecção por Campylobacter ocorre a partir do consumo de alimentos ou líquidos contaminados com a bactéria. É uma patologia que se apresenta com sintomas digestivos de intensidade variável que podem ser agravados em situações específicas. Por isso, o melhor é apostar na prevenção e implementar diferentes estratégias de higiene alimentar.

Quando aparecem esses tipos de alterações que condizem com uma possível contaminação, o melhor é consultar o médico. Ele se encarregará de recomendar um tratamento farmacológico se necessário. Será muito importante seguir as suas instruções e, no caso de iniciar um tratamento com antibióticos, terminá-lo. Se for deixado na metade, pode ser gerada resistência bacteriana.